Aproveitámos a versão PS4, a versão da nova geração para fazer uma análise que o novo Assassin’s Creed IV Blackflag merece.

É  claro que a primeira pergunta que fazemos a nós mesmos é será que vale a pena fazer esta análise apenas por ser da PS4?  e a resposta é: Vale!

E se é verdade que os modos, a história, os objectivos e até os DLC são idênticos, a verdade é que há dois factores de enorme preponderância; a melhoria gráfica e o remote play da PS Vita.

Mas antes de falarmos disso, temos que contextualizar o próprio jogo em si. Mais uma vez estamos a bordo da simulação do Animus, através da agora Abstergo Entertainment, ao início sem percebermos muito bem porque é que agora fazemos parte de uma simulação de entretenimento e não em busca de uma peça histórica com um poder ilimitado, mas que ao longo do jogo vamos perceber que não é bem assim.

Emergimos assim um pouco no desconhecido e assumimos o papel e Edward Kenway, um pirata que se envolve com os Assassins e posteriormente com os Templários por mero acaso (ou por mera escolha de roupa deveria eu dizer).

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A verdade é que estamos no melhor período dos piratas, a Golden Age (parecia tão One Piece agora…) dos piratas se quiserem, onde no Século XVIII, nas Caraíbas, piratas como o Barba Negra ou Calico Jack foram os senhores dos mares. Desde Kingston até Nassau são mais de 50 locais únicos onde comandamos o nosso barco Jackdaw, o veículo que nos levará de ilha a ilha, ou apenas a explorar os mares à procura do melhor tesouro ou do melhor barco para pilhar. Nos tempos livres podemos ainda procurar por artefactos Maias ou apenas caçar tubarões ou orcas gigantes.

De facto rapidamente percebemos que as sidequests e objectivos opcionais são mais do que muitos, para além dos tradicionais objectivos paralelos de cada missão que nos pode levar a repetir a mesma missão vezes sem conta para completar os 100%, temos os já referidos sidequests que nos vão levar a viajar e passear pelos mares mais magnificamente recriados.

E entramos na componente gráfica do jogo, é de babar a qualidade que este jogo na PS4 consegue atingir, a cor, a textura, o movimento do mar faz-nos apetecer mergulhar a cada instante só para fingir que estamos a entrar pelo mar a dentro e a sentir aquele “lavar” da alma que na vida real nos dá. E se pensarmos que talvez 60% ou mais do jogo se passa no mar, por aí estaria garantido, mas a verdade é que o pormenor continua em cada povoação e em cada civilização. Mais uma vez o trabalho excepcional da malta da Ubisoft em recriar todo o vestuário, as construções e o ambiente vivido no séc. XVIII está incrível. Os monumentos, as Igrejas, as paisagens emblemáticas estão muito bem reconstruídas e o detalhe da informação sobre todos eles continua presente neste jogo. A verdade é que continua a ser quase um manual histórico da época.

Mas nem tudo é espectacular, é claro que a Ubisoft nunca facilitou muito a sua própria vida, depois de chegar a este patamar é difícil surpreender, e é nesse campo que ACIV Blackflag falha. A história apesar de original e interessante conta com os mesmos processos que já conhecemos da série. Os objectivos são semelhantes tal como as mecânicas e o motor de combate pouco ou nada trouxe de novo. Apesar de agora podermos atacar com duas espadas ou duas pistolas, a funcionalidade é praticamente a mesma de sempre. O modo de ataque funciona da mesma forma com os ataques repetidos através do quadrado, os contra ataques no circulo, as quebras de defesa no X e basicamente o processo repete-se com mais um ou dois movimentos diferentes ou acções ligadas por uma mini cutscene. De facto aqui nada nos surpreende e até cria o efeito contrário, aborrece.

O que salva esta questão são as aventuras de barco. Apesar de já conhecidas através do seu antecessor, agora o barco é o objecto central, a ponto de ser a casa de Kenway, e como tal podemos customizá-lo de várias formas desde o seu armamento, as velas, as figuras, o casco etc. É também de barco que teremos as maiores batalhas navais com outras embarcações de várias nações e onde o facto de podermos “invadir” os barcos para os pilhar também dá uma dinâmica interessante e vai quebrando os momentos de apenas “andar” de barco.

Não posso terminar esta review sem falar do Remote Play que a PS4 e a PS Vita permitem. Não há nada como a namorada, as crianças ou até os nossos pais ficarem com a única televisão da casa e pegarmos na Vita para continuar a nossa aventura. Desde logo a Ubisoft tinha demonstrado ter sido das primeiras editoras a pensar no Remote Play como uma parte de ACIV. Parece ser até hoje o jogo mais bem preparado para tal, por isso não é de espantar quando o jogo se adapta para os botões da Vita: o L2 e R2 passam para o Touch Screen traseiro, o L3 e R3 para as pontas do Touch Screen frontal e o centro se pressionado acciona o mapa onde através do toque o podemos mover e fazer zoom.

Depois a qualidade de jogo mantém-se, para além da nossa querida PS4 estar a fazer todo o esforço gráfico servindo-se da PS Vita apenas para o streaming vídeo, a sensação de jogar é idêntica, a qualidade gráfica é óptima e ficamos felizes por finalmente vermos algo tão bom na nossa PS Vita. Ficamos a pensar que os jogos para esta plataforma vão efectivamente passar muito mais pelos indies e que a portátil da Sony será cada vez mais o veículo da PS4 através do Remote Play.

Para quem é fã do Sid Meier’s Pirates, como eu, é natural que reveja vários pontos neste jogo e que adore por isso mesmo, mas parece-me unânime que a Ubisoft tem que abordar o próximo Assassin’s Creed com bastante cautela para que o conceito não fique gasto e aborrecido.  Esta história não é a melhor da saga, satisfaz pela recriação e interacção com piratas lendários e pelo ambiente que a tanta gente fascina, mas a história paralela, do Animus, da Abstergo, dos indivíduos catalogados por números e os objectos que podem destruir o mundo já cansa e é preciso pensar na forma de revigorar a série de agora em diante.