Por vezes pode existir algum cepticismo em relação a jogos de combate um contra um num plano bi-dimensional ou até tri-dimensional. Mas esse cepticismo existe porque no fundo poucos são aqueles que não ficam aquém do esperado, e nos últimos tempos foram os jogos da Capcom, como por exemplo, os Marvel Vs Capcom que têm de alguma forma salvo a honra da “classe”. Mas estes jogos têm uma estilização própria, transpondo dos desenhos animados e dos comics. Quando falamos num estilo um pouco mais “real” a coisa corre menos bem, e apenas alguns Mortal Kombat o conseguiram fazer e pelo meio houve sempre muitas tentativas e erros.

Quando chegamos a Injustice Gods Among Us, percebemos rapidamente que o caminho da NetherRealm foi seguir o trilho de Mortal Kombat e levá-lo para outro nível. A mistura passa por este estilo de combate de MK, mas com o bloqueio a ser feito premindo o botão direccional para trás. Para além disso, é claro que não existem Fatalaties, mas sim uma barra que vai carregando conforme os ataques e golpes que sofremos e que quando atingimos o máximo podemos lançar facilmente um ataque especial com uma excelente cutscene.

No entanto não se deixem enganar, não é assim tão fácil. É desafiante e isso é bom! É necessário compreender as técnicas através do tutorial, mas não é preciso decorar 30 técnicas diferentes. Os ataques usam 3 botões, as combinações são praticamente idênticas em todas as personagens, mas não têm o mesmo efeito. Há ataques com personagens que funcionam bem à distância, outros no combate corpo a corpo, outros nos poderes e naquilo que invocam, outros na agilidade e destreza. No fundo há muitas formas de abordar o combate e cada personagem tem um período de adaptação. E isso por si só favorece a longevidade do jogo. Para além disso há também várias utilizações da para a barra de energia, tal como quebrar a defesa ou aplicar um dano maior. E depois há algo que pode mudar o rumo do combate, chama-se “quick time events” onde basicamente existe uma cutscene especial em que apostamos o nosso ataque ou defesa para ganhar pontos de dano ou recuperar energia. E depois há ainda a orgânica que cada cenário tem, mas já falamos disso.

Até porque comecei por falar logo da mecânica do jogo, mas nem sequer falei do história em si. E a verdade é que em vez de pegarmos numa personagem e tradicionalmente lutar contra todas as outras, aqui existe uma verdadeira história saída do mundo da DC Comics e transposta para o jogo. Transposta no sentido em que as personagens são as mesmas que habitam o mundo da DC Comics, mas em que o enredo foi escrito pelo designer John Edwards em conjunto com escritores da DC Comics, Justin Gray e Jimmy Palmiotti, como uma história totalmente independente dos comics.

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Basicamente o Joker conseguiu destruir Metropolis com uma arma nuclear e matar 8 milhões de pessoas ao drogar o Superman e ao induzi-lo a pensar que estava a lutar contra o Apocalypse, matar Lois Lane, o seu filho e ainda o seu amigo Jimmy Olsen. Assim conseguiu que o seu plano fosse a adiante. Apesar de tudo Joker é preso e durante o interrogatório levado a cabo por Batman, Superman acaba por aparecer e matar o Joker por tudo o que fez. Com essa mudança de direcção o Superman cria uma nova Ordem Mundial.

No lado oposto fica Batman que juntamente com os Aliados da Rebelião vão travar uma batalha épica para tentar demover o Superman e o seu Regime.

É no meio dessa batalha que a Rebelião descobre que existe um universo paralelo (inspirado no Fringe?!), onde o plano de Joker não teve sucesso e por isso transporta vários dos seus super-heróis para o deles de modo a derrotar o Regime e a estabelecer a Ordem nos dois mundos e a aniquilação de Metropolis.

A história aos quadradinhos reflecte-se também nos cenários, cheios de detalhes e até “Easter Eggs” para os fãs dos comics. Para além disso todos eles são interactivos de duas maneiras, isto é, podemos pegar em objectos, desde placas de sinalização, caixotes do lixo, candeeiros, estátuas, etc; e podemos pegar nos nossos adversários e arremessá-los contra os cenários. É claro que os cenários podem ainda alterar-se, no sentido em que tal como acontecia com o mítico Dead or Alive 2, podemos saltar de cenários no mesmo combate, várias vezes, dando lugar a mais uma cutscene e um verdadeiro enxerto de porrada pelo meio.

Com o modo de combate tão semelhante e apurado como a NetherRealm já nos tinha trazido em Mortal Kombat, com uma história inédita, com uma excelente recriação e ao mesmo tempo adaptação das personagens da DC Comics e com os cenários tão dinâmicos e orgânicos, não há melhor jogo de combate para a PS4 do que este.

Ainda por cima vem já no formato Ultimate Edition, isto é com tudo o que já saiu em DLC, como por exemplo as personagens, Batgirl, Lobo, Martian Manhunter, Zatanna, Zod, e Scorpion assim como as suas S.T.A.R. Labs missions. Mas o melhor ainda é a oportunidade de aceder às skins que que recordam os traços originais dos comics da DC.

Apesar da versão PS4 ter sido entrega à High Voltage Studios, a verdade é que nada mudou na mecânica do jogo, apenas no visual, onde para além dos 1080p todas as cutscenes ficaram mais suaves mais fluídas e a única grande diferença ou adição foi o facto de nos mini-jogos podermos utilizar o touchpad do Dualshock 4.

Injustice: God Among Us já era bom na PS3, agora na PS4, apesar de ser uma adaptação e não uma reconstrução para a nova geração, a verdade é que não perdeu toda a sua glória. E o facto de ter todos os DLC’s é um grande bónus, assim como poder usufrui da precisão e do controlo que o Dualshock 4 oferece.