Agarrem os comandos da vossa equipa em Motorsport Manager mas preparem-se para sofrer, em bom, este deveria ser o lema de Motorsport Manager.

Quando arrancamos o jogo somos logo atirados para uma corrida, o que aumentou a expectativa e pressão de gerir uma equipa de topo nos desportos motorizados. Não se deixem enganar pela máxima “Stop Watching, Start Winning, Take Control”, slogan do jogo, pois se fosse fácil éramos todos donos de equipas.

Para primeira experiência, tomámos o controlo da Van Dort Racing (baseada na Renault e Force India), nome fictício de uma equipa, já que licenças com nomes de reais só com “mods”, o que é pena mas não é por isso que se estraga a experiência, valha-nos o Steam Workshop. É, aliás, através desta ferramenta que conseguimos criar a nossa própria equipa e cores de carro, com DLCs gratuitos. Pago é só o DLC da GT Series. Mesmo sem “mods”, os nomes e cores das equipas são facilmente associadas às verdadeiras e com o bónus de ter uma equipa portuguesa, a Boa Esperança, no European Racing Series e uma, queremos nós achar, em homenagem a Ayrton Senna da Silva, chamada Silva Racing.

Tal como com as equipas, as pistas também mudam de nome. Podem, por exemplo, correr no Estoril… Perdão, Tondela.

O tutorial atira-nos imediatamente para a ação mas com tantas instruções damos por nós a passar texto em ok’s sucessivos que talvez sejam importantes para vencer corridas. Esta quantidade de informação faz parte do estilo do jogo, apelativo mas cheio de gráficos e números para analisar, como manda a regra. Desenvolvido pela Playsport com apoio da Sega, este simulador que começou como uma “app” para telemóvel leva-nos logo a comparações com o Football Manager, não surgisse este nome como uma piscadela de olho nos patrocinadores de uma equipa.

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Como a tentação era demasiado grande, tivemos de criar uma equipa Salão de Jogos, mesmo com o aviso que o jogo é mais difícil… Pior que último também não há, pensámos. “To finish in first, you first have have to finish” é um velho adágio das corridas.

Rapidamente demos por nós a amaldiçoar as  nossas escolhas depois de um péssimo resultado na segunda corrida. As paragens nas boxes podem ser fatais e se demoramos muito ou tentamos arriscar nas decisões, o mais provável é que nos corra mal a vida de gestor. De nada vale a frase de Kimi Raikkonen “leave me alone, I know what I’m doing”, aqui a cautela é mais recompensada que o risco.

Sentimos que os pilotos têm personalidades e estilos de condução que privilegiam certas afinações que podemos testar em pista. Podemos receber um email sobre um piloto que ficou sem casa num incêndio, sobre se deve melhorar a qualificação em detrimento da corrida e muitas outras coisas que têm impacto direto no jogo. Em qualificação tentamos acertar a combinação perfeita de temperatura de travões e pneus. Se isto parece fácil desenganem-se mas divertido é com certeza. As indicações dadas pelos pilotos são bastante vagas, mas não poderia ser de outra forma, que isto de afinar carros até à perfeição não é uma ciência exata. Tal como a música, encontrar um “setup” perfeito depende da nossa subtileza com o cursor, junto com as informações de pista.

Se um piloto se queixa que o rácio da caixa de velocidades é curto, temos de avaliar o que podemos aumentar, em conjugação com as necessidades das pistas. Seria interessante conseguir fazer afinações através de telemetria, que nos daria dados mais precisos, mas para esta primeira aventura nos computadores, Motorsport Manager não se sai nada mal. Noutra comparação com Football Manager é o “staff”, que se limita ao dono, engenheiro-chefe, três pilotos e dois engenheiros que nos soa a pouco. Podemos contratá-los, fazer “scouting”, podemos investir em túneis de vento, centros de visitantes e tudo o que compõe a nossa fábrica, mas vai sair caro e sentimos que os investimentos têm de ser bem pensados.

Os patrocinadores dependem dos resultados em pista mas também da personalidade dos pilotos ou respostas que damos em entrevistas (ao estilo do FM). Se um piloto é feio e baixa o nível de patrocínios, é bom que tenha boas prestações nas corridas. E atenção que um bom resultado em pista não é necessariamente um primeiro lugar. Não esperem chegar a uma equipa fraca e ganhar, é tudo uma questão de expectativas. Se é esperado um 14º lugar, um 12º é muito bom. Outro aspeto é o desenvolver peças, tarefa constante se o orçamento chegar, para ir melhorando o nosso bólide. Tudo conta e tudo se conjuga. Podemos até tentar esticar as regras e esperar não sermos apanhados, ou tentar jogar nos bastidores, com votos que podemos propor para mudar as regras do desporto e beneficiar a nossa equipa. Sentimos que, reduzido ao essencial, Motorsport Manager deixa-nos satisfeitos, entretidos e à espera de mais e melhor para o ano.

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O som cumpre a sua função em transportar-nos para um circuito e a música de menus não chateia, o que é perfeito já que passamos muito tempo neste modo de navegação. Na pista, muito ruído de motores, com o bónus do barulho a aumentar consoante o zoom da câmara. Os gráficos cumprem a função sem problemas de maior, mesmo a correr em baixa resolução. O jogo corre sem grandes percalços ou notórias descidas na “framerate” e durante o nosso tempo de jogo não encontrámos qualquer problema além de, obviamente, a nossa manifesta falta de resultados com uma equipa criada do zero e com fundos bastante limitados.

Ainda assim encontrámos motivos para não parar, o que é a melhor coisa que se pode dizer de um jogo. A necessidade de evolução do nosso carro e equipa é constante, tal como a atenção.

Cada ultrapassagem e ponto conseguido é como uma vitória pessoal das nossas escolhas e decisões. Na quinta prova, com esta equipa criada de raíz, sentimos um nono lugar como uma vitória pessoal. É preciso pedir mais de um simulador?

PS. Quem tiver curiosidade sobre o jogo, pode experimentá-lo gratuitamente, até dia 27 de Março no Steam.