Developer: Flying Wild Hog, Devolver Digital
Plataforma: Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 1 de Março de 2022

O ninja mais tresloucado e sarcástico está de volta – no terceiro volume de uma saga que se torna mais louca a cada novo título. Shadow Warrior 3 era um dos lançamentos mais esperados de Março, particularmente tendo em conta que eram escassos os jogos de acção na primeira pessoa, e as expectativas eram altíssimas.

Este terceiro jogo tratou de tecer algumas mudanças em relação ao seu antecessor, optando por uma inspiração evidente em DOOM Eternal. Porém, tudo o que tem singularizado a série na sua essência é conservado, oferecendo uma experiência realmente alucinante. Nada aqui é normal, mas num bom sentido, já que o objectivo é promover uma jogabilidade irrequieta e com imenso humor.

Shadow Warrior 3 é um bom exemplo de como a franquia sempre tentou encontrar o seu espaço, testando constantemente novas abordagens. O estúdio Flying Wild Hog ficou responsável por renovar a saga, com um reboot lançado em 2013, optando pelo formato mais tradicional dos FPS’s dessa época. Mais tarde, em 2016, veio a sequela, abraçando a aproximação aos looter shooters. Agora, é a vez de tentar as mecânicas que fizeram sucesso em jogos como The Darkness II e DOOM Eternal, com um gameplay caótico e altamente dinâmico.

De facto, Shadow Warrior 3 replica na perfeição o que funcionou no popular título da id Software. Combina um ciclo que se alimenta do próprio combate para manter o flow da acção, com uma razoável jogabilidade de plataformas, e um sistema de progressão eficaz. No topo de tudo isto, está naturalmente a personalidade excêntrica do protagonista, proporcionando sucessivas risadas.

A ambientação oriental, o gore deleitosamente exagerado, e os inimigos absolutamente bizarros, são outras das características que ajudam a definir aquela que é agora, provavelmente, a principal IP da Devolver Digital. Todos esses elementos estão presentes em Shadow Warrior 3, e num nível ainda mais absurdo, assumindo até essa como a sua verdadeira identidade. Todavia, nada disto seria possível sem o carismático Lo Wang, que incorpora todos estes traços na sua personagem e brilha mais uma vez, carregando a história com classe.

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O nosso herói – tal como o mesmo desabafa – perdeu o seu mojo. Numa das suas anteriores aventuras, um mítico e gigantesco dragão foi libertado no mundo, trazendo consigo um exército de espíritos e demónios ancestrais. Sentindo-se responsável, Lo Wang vê-se num período de reflexão existencial, mas claro, da maneira mais imatura que se possa imaginar. Eventualmente, lá recupera a sua confiança e parte, novamente, para resgatar o planeta desta nova praga que o infesta.

A história é contada em jeito de paródia, e não será certamente para ser levada a sério. É uma jornada que eu interpretaria quase como delirante, mas ideal para descontrair após um daqueles dias mais longos. Ainda assim, a narrativa não deixa de ter o seu interesse, e vai-se desenvolvendo por meio de óptimas cutscenes que nos dão uma perspectiva mais completa e cinemática da história.

Não obstante, é no gameplay que Shadow Warrior 3 nos consegue arrebatar. Numa primeira etapa temos um percurso de plataformas, para depois atingirmos pequenas arenas onde se realizarão os combates, que exigem do jogador uma mobilidade incessante enquanto devastamos os inimigos consoante a necessidade de recuperar energia ou munição.

Tal como em DOOM Eternal, esta redundância resultou em cheio, propiciando um excelente gameplay enérgico e muito divertido. Mas tem os seus truques que lhe conferem alguma originalidade, como as gory tools. Esta novidade existe na forma de execuções, e quando são efectuadas em inimigos mais básicos apenas a nossa energia é restabelecida, no entanto, quando acontece com elites, conseguimos extrair armas para usarmos nessa arena.

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Não há quaisquer limites para a violência destas execuções e são capazes de criar as mais espetaculares animações. Contudo, a sua utilidade é fundamental para passar cada fase, visto que ver-nos-emos recorrentemente rodeados de inimigos dotados de uma IA agressiva que não nos dá descanso. Os proveitos são diversos, e tanto servem para o crowd control – como por exemplo os vortexes e os efeitos de congelamento – ou para termos um acesso temporário a armas poderosíssimas como miniguns ou massivas brocas que dilaceram tudo no seu caminho.

Shadow Warrior 3 aposta nas circunstâncias do cenário para brilhar, e é mesmo neste aspecto que mais se destaca. Não só os inimigos podem ser usados em nosso favor, como muitos dos objectos espalhados pelo terreno. Sejam explosivos ou outras armadilhas, tudo poderá ser utilizado para pulverizar aquele aglomerado de yokans que estão a dar mais trabalho. Dito isto, é um jogo que apesar do ritmo frenético, será primordial saber esperar pelo momento certo e priorizar inimigos.

O arsenal, como devem imaginar, é de igual modo vasto. A Dragontail (katana) é sem dúvida a mais simbólica e tem a vantagem levar os inimigos a largarem munição. Sendo assim, conciliar a katana com as restantes armas não só é inevitável, como obriga o jogador a ser mais flexível, proporcionando um gameplay verdadeiramente sensacional.

Adicionalmente, temos a Outlaw (revolver), a Riot Gun (caçadeira), as Sidekicks (metralhadoras), a Crimson Bull (lança-granadas), a Basilisk (espingarda de precisão) e a Shuriken Spitter (lançador de discos); sem esquecer o chi blast que actua como um segundo melee para situações de área. Existem aqui soluções para qualquer circunstância, tornando Lo Wang verdadeiramente versátil no combate, especialmente olhando para os weapon upgrades disponíveis e que aumentam drasticamente o seu potencial destrutivo.

São 77 upgrades no total, sendo que 49 são Weapon Upgrades e 28 são Character Upgrades. Estes últimos já fazem parte da skill tree relacionada com a personagem e estão divididos entre o Chi Blast, Health, Resources e Explosives. Não se pode dizer que seja complexo, dado que existem somente 3 upgrades por categoria, mas são bastante úteis, mudando significativamente a jogabilidade. Os upgrades vão sendo apanhados ao longo da história, como coleccionáveis, mas também através dos Challenge Upgrades, que nos recompensam com pontos quando concluímos certos desafios.

Graficamente está impressionante. O conceito artístico animado encaixa perfeitamente em toda a proposta, onde as cores e as luzes vibrantes conseguem uma mistura homogénea com a temática oriental. Os modelos dos inimigos e das armas estão muito bem pensados, assim como as cutscenes, que têm uma qualidade incrível. A fluidez de movimentos funciona, fazendo com que os combates pareçam danças entre todos os intervenientes.

No plano sonoro, os elogios multiplicam-se igualmente. A música conduz muito bem a acção, e os efeitos sonoros ajudam na imersão dos duelos mais severos. E pode até ser discreta, mas não deixa de ser importante quando pensamos no desígnio geral do que constitui a totalidade da obra. A interpretação de Mike Moh como Lo Wang é sólida, principalmente se considerarmos que é a sua estreia no voice acting dos videjogos.

Shadow Warrior 3 é possivelmente o melhor action shooter que nos chegou depois de DOOM Eternal. O estúdio soube pegar em todos os elementos necessários para montar um FPS com este tipo de cadência, e construiu algo que decerto irá conquistar quem é apreciador do género.

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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-shadow-warrior-3<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Excelente jogabilidade</li> <li style="text-align: justify;">As animações das execuções estão incríveis</li> <li style="text-align: justify;">Um fantástico conceito artístico</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">O script das piadas podia ser melhor</li> </ul>