Developer: Codemasters, EA
Plataforma: Xbox Series X|S, PlayStation 5, Xbox One, PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 28 de Junho de 2022
À partida para este Grande Prémio, a expectativa é alta. O ano de 2022 marca o início de uma nova vida na F1 com mudanças de fundo nos carros, no tamanho dos pneus, na nivelação de orçamentos entre as equipas, entre outras novidades. F1 22 é, por si só, um jogo que muitos vão querer ter, nem que seja só por este motivo.
É também o primeiro jogo em que a EA Sports se intromete mais, depois da aquisição da Codemasters no início de 2021, com algum chamamento a microtransações de elementos estéticos. A edição deste ano abandonou o modo história do ano passado e aposta no F1 Life. Terá sido a melhor estratégia? Já vamos saber.
Depois de um ano em que o modo história teve um enorme sucesso não se percebe muito bem a opção de não ter algo parecido este ano, nem que fosse com a continuação, ou outro enredo mais simples e mais curto. F1 22 decidiu apostar noutro conteúdo, nomeadamente o F1 Life, no qual somos convidados a fazer de designer de interiores a escolher a nossa casa. Um sofá, um quadro, um tapete, os candeeiros, as vitrines para os troféus que vamos ganhando, entre outras coisas. Embora até seja engraçado, não era bem o tipo de conteúdo que estava à espera ou que queria ver como novidade num jogo de corridas de Fórmula 1. Para os mais gastadores ainda podem pagar por outros elementos decorativos mais dispendiosos e luxuosos para embelezar a vossa sala.
É também aqui no F1 Life que personalizamos as nossas roupas e o nosso estilo. À medida que vamos jogando no modo carreira ou noutros modos, vamos desbloqueando novos itens para ter mais opções de escolha. É neste espaço que agora aparecem as nossas repetições de corrida e os troféus que vamos conquistando. Há também a coleção de Supercarros, onde obtemos veículos luxuosos que podem ser vistos por outros jogadores que decidam visitar a nossa “casa”. É possível ir para as pistas com eles e fazer alguns desafios em que tentamos bater os melhores tempos de outros pilotos.
Por falar em desafios, este ano houve a introdução do Hot Lap Pirelli que são jogados com os Supercarros. Na prática, é um modo em que nos é pedido bater um determinado tempo, atingir uma determinada velocidade, fazer drifts ou chegar a determinado checkpoint antes que o cronómetro chegue ao zero. São vários os desafios colocados que substituem o que havia nos outros jogos onde corríamos com carros clássicos da F1. Sinceramente preferia a opção dos clássicos uma vez que estamos a falar de um jogo de F1.
A substituição de carros de luxo no lugar de bólides emblemáticos da história da Fórmula 1 não é de todo a decisão mais acertada quando existem no mercado jogos como Gran Turismo 7 e até Grid Legends da própria empresa que são focados noutros tipos de condução. A jogabilidade destes Supercarros nem é má, mas é estranha neste universo dedicado a outro tipo de condução. Admito que isto pode ser um chamariz a novos jogadores que nem acompanham assim tanto a F1, mas para quem é fã da modalidade, depois de um final dramático no último Grande Prémio de 2021, esperava conteúdo extra mais ligado à F1 ou à luta pelo título entre Hamilton e Max Verstappen.
Mudamos então o foco para aquilo que mais interessa neste novo F1 22 que é a jogabilidade com estes novos carros F1. Era óbvio que a maneira de os conduzir ia mudar um pouco e agora sente-se os carros mais pesados que antes e não é tão fácil de o controlar numa primeira fase. Depois, com a habituação, tudo acaba por se tornar normal e parecer que sempre foi assim. Tal como nos outros anos, podemos ajustar as nossas configurações de ajudas na condução e ir quase do controlo total do carro ao básico acelerar e travar. Tudo pode ser alterado desde a caixa de mudanças manual ao tipo de tração e travagem.
A inteligência artificial foi revista e é possível escolher a opção de ajuste, na qual ela percebe a nossa apetência e vai ajustando a dificuldade e as condições de corrida conforme estejamos a jogar. Isto faz com que jogadores mais novos tenham uma boa experiência de jogo, mesmo não sendo grandes craques. As boxes também são dinâmicas em que temos de acertar com o timing de entrada nas mesmas que fará a nossa paragem ser mais rápida ou mais lenta.
O grafismo continua impressionante com a beleza dos carros, das pistas, dos grafismos oficiais e até os vários tipos de câmera que agora inclui a nova on board que apanha a parte interior e exterior do carro. A imagem está soberba na nova geração de consolas e se já o era na anterior, bem podem agora imaginar como está. Os efeitos da chuva, da luz solar em corridas mais solarengas e os leds noturnos dos circuitos jogados à noite dão uma grande variedade de ambientes e sensações aos jogadores. Uma das coisas que mais gostei foi nas travagens mais a fundo poder ver fumo a sair da parte de trás dos carros.
A nova pista de Miami e as alterações em alguns percursos estão presentes no jogo com o calendário de 2022 recriado como na realidade, do qual, infelizmente, não faz parte o circuito de Portimão que havia no anterior. No campo do áudio há novidades nos comentadores do jogo, podendo optar por uma nova dupla, no barulho dos novos carros e nas indicações que ouvimos através do rádio do carro.
Os modos de jogo são os habituais com destaque para o modo carreira, em que podemos começar na F2 ou ir logo para o palco principal ombrear com os melhores. Não há muitas alterações em relação aquilo que já havia, desde as entrevistas ao desenvolvimento do carro, é preciso fazer boas prestações para ganhar pontos de experiência de forma a melhorar o nosso F1 e a nossa aspiração a chegar a uma equipa de topo. Este ano não faltam as corridas Sprint em alguns circuitos e ainda um campeonato que pode ser jogado a dois localmente.
O modo My Team mantém também a essência do anterior, onde criamos uma equipa de raíz para ir para a pista correr com os melhores carros. Aqui teremos de escolher o nosso motor, patrocínios, gerir orçamentos, os pilotos e melhoramentos aos carros. Online têm as tão bem faladas ligas que podem participar com corridas agendadas ou agarrar num conjunto de amigos e fazer os circuitos quando vos apetecer. Além disso têm as corridas que contam para o ranking e outras mais casuais. No PC, o jogo tem ainda a opção para VR, mas não tive oportunidade de experimentar.
F1 22 continua o bom trabalho da franquia dentro de pista com um grafismo acima da média e uma apresentação invejável na recriação dos novos veículos da F1. Fora de pista, deixa a desejar no novo modo F1 Life e mantém praticamente intacto o modo carreira e o My Team. Substitui carros clássicos por Supercarros numa opção estratégica arriscada que pode levar muita gente a manter o jogo do anos passado pela falta de um modo história ou algo que verdadeiramente agarre os jogadores, além das pistas.