Developer: Asmodev, Ultimate Games
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 6 de Outubro de 2022
Se dentro do mundo dos videojogos há um género que realmente não conhece limites é sem dúvida o dos simuladores. Existe de tudo um pouco. Uns mais sérios, outros mais originais, e muitos mais inclinados para a paródia. É o caso de Priest Simulator, o mais recente exemplar deste estilo de jogos, e foi desenvolvido pelo estúdio Asmodev, e distribuído pela publisher Ultimate Games.
Não é fácil explicar Priest Simulator, uma vez que foi claramente um dos jogos mais bizarros que tivemos oportunidade de analisar aqui no Salão de Jogos. No entanto, não necessariamente no mau sentido, já que a sua proposta de humor é capaz de proporcionar momentos de uma genuína boa disposição. Mas não só, porque é um título que apesar da estranha concepção, tem bastantes coisas interessantes para oferecer aos jogadores.
O seu nome é um forte indicativo daquilo que nos espera. Sim, é um simulador na primeira pessoa que nos coloca no papel de um padre que tem o objectivo de expandir a aura da cristandade na aldeia de San de Ville. Não esperem uma tarefa fácil, no entanto, visto que encontraremos bastante resistência por parte de dois dos grupos que mais se opõem ao cristianismo: os satanistas e os ateus.
A narrativa tem um formato similar a um programa de reality TV, uma vez que é apresentada por uma influencer que decide acompanhar uma competição para insaciáveis devoradores de chilli. Este é o verdadeiro motivo pelo qual esta vila é conhecida, e é um evento que atrai pessoas de todas as partes do país que tentam assim percorrer a via da fama e da notoriedade.
Parece insólito o suficiente? Calma, vai ficar ainda mais. O protagonista é um vampiro, chamado Orlok, que imprevistamente acaba por ser tornar o padre daquela comunidade, de maneira a libertar a sua namorada de uma maldição que a deixou possuída pelo diabo. Pode parecer contraditório – dada a natureza da sua condição maléfica – mas isso é o menos relevante. O que importa é que ele está do lado do bem e quer espalhar a palavra de Jesus. Se os outros querem ou não, é indiferente, digamos que as missões de conversão nunca tiveram propriamente em vista o direito de escolha. Orlok sabe o que é bom para os nós.
Tal como a esmagadora maioria dos simuladores, também este acontece numa perspectiva da primeira pessoa. Segue uma estrutura de missões principais e secundárias que vão ficando mais complexas à medida que progredimos na história, e que vão desde andar à procura de crucifixos invertidos, recolher as “doações” dos mais fiéis, dar missas, ou renovar a própria igreja. Contudo, não se preocupem, porque claro que não podia faltar um bom exorcismo. Tudo foi criado para que os contextos de humor surjam frequentemente, e há que dizer que algumas situações são realmente hilariantes.
Sendo um jogo em mundo aberto, enquanto percorremos os pontos de interesse do mapa iremos deparar-nos com quem se opõe à doutrina. Os satanistas são uma facção em crescimento e cabe a nós impor um travão a esta perigosa expansão destes adoradores de belzebu. Porém, não estaremos sozinhos, porque os nossos acólitos convertidos irão ajudar-nos sempre que possível, equilibrando um pouco mais as coisas.
É também um RPG que possui um sistema moral, cujas escolhas terão impacto no trajecto do protagonista. E mais importante ainda é o seu arsenal de habilidades e ferramentas que terá ao seu dispor de maneira a enfrentar este insistente culto satânico. Na origem estão umas luvas especiais que nos permitem as mais variadas capacidades, que vão desde a simples e a sempre infalível punhada, como levitar objectos, e muito mais. Sem esquecer os updgrades, não havendo barreiras para o alcance do nosso poder divino.
A jogabilidade é completamente caótica. Um desajeitado combate corpo-a-corpo é inevitável no início, mas não demora a que tenhamos argumentos mais pujantes. Surpreendentemente, é bastante responsivo, e com um combate suficientemente divertido para nos manter interessados e curiosos sobre o que ainda existe para nos aturdir. Como normalmente estamos em inferioridade numérica perante os satanistas, é aconselhável investir em habilidades que proporcionem algum crowd control de modo a tornar as coisas mais fáceis.
Graficamente tenho de dizer que fiquei bastante admirado, dado que sendo um jogo de um estúdio independente e com poucos recursos, o trabalho visual efectuado é realmente de enaltecer – principalmente quando comparamos com outros simuladores. Quanto à parte sonora, tenta sempre manter uma tendência de humor, e nesse particular tem o efeito pretendido.
Priest Simulator não será certamente para toda a gente, mas para quem gosta de jogos fora-da-caixa, e construídos em cima do humor, então talvez devam dar uma oportunidade.
Não subestimem a eterna graça do Senhor. É que nem se atrevam!