Developer: LVGameDev LLC, Ultimate Games S.A.
Plataforma: Xbox Series X|S, Xbox One
Data de Lançamento: 24 de Fevereiro de 2023

Desde muito novo que sou um entusiasta de jogos para construir e gerir qualquer coisa. Lembro-me do velhinho SimCity como impulsionador desse gosto. Depois descobri jogos de gestão de hospitais, de parques de diversões e por aí fora, até que chegou a vez de aterrar em SimAirport, que nos coloca como gestor de um aeroporto.

O jogo segue a lógica de outros jogos do género tycoon, onde teremos de controlar tudo e mais alguma coisa. Ter uma base de funcionários, assinar contratos com companhias aéreas, configurar os horários dos voos, organizar as bagagens de forma eficiente, construir espaços lúdicos e zonas de restauração que façam as pessoas gastar dinheiro são só alguns exemplos dos desafios que teremos pela frente.

À primeira vista, o jogo é complexo. Menus sobrelotados de informação, sem grandes explicações de forma coordenada, podem levar logo à desistência dos mais céticos. O tutorial também não ajuda muito, porque é à base de texto e da sua leitura. Prefiro quando somos levados a fazer mesmo as coisas. Mas não baixem logo os braços, porque apesar de ser demorado aprender os processos de SimAirport, depois de habituados, o jogo ganha uma nova dinâmica que se vai tornando viciante. 

Jogar estes jogos com comando tem sempre os seus problemas associados de rapidez a chegar a uma determinada tarefa e fazer tudo de forma mais rápida, mas se já estiverem habituados a fazer isso noutros jogos tycoon, não vão ter grandes problemas de adaptação, eu pelo menos não tive, mas claro que com rato se joga melhor.

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Para começar todo o processo há dois caminhos que podemos seguir. Ou vamos para o modo carreira, onde teremos de construir um hub internacional que seja eficiente e nos dê lucro para pagar aos funcionários, manutenção e quem sabe algum empréstimo ou vamos para o modo sandbox, no qual podemos fazer tudo à vontade sem estar preocupados com a nossa saúde financeira. O objetivo, em ambos os casos, é o de fazer crescer o nosso aeroporto e que quem lá passa  se sinta contente com o nosso trabalho.

Os desafios são vários. Há que criar espaços para as pessoas se poderem sentar enquanto esperam pelos seus voos, podem abrir cafés, lojas, espaços de sobremesas, colocar máquinas de jogo arcade ou de pinball para as entreter, entre outras coisas. No entanto, em alguns casos é necessário criar primeiro uma área dedicada a um certo espaço para depois o poder preencher. Por exemplo, para ter uma loja de doces, é necessário pré-estabelecer o espaço como “Cozinha”, para ter as condições que se impõem. Como a vista do jogo é apenas em 2D, essas zonas parecem chão que são colocados para identificar.

Bem, mas nada disto faz sentido se não tivermos aquilo que faz as pessoas ir a um aeroporto: as viagens de avião. Devo confessar que no início não percebia porque é que não tinha ninguém no meu terminal. A resposta é simples depois de a saber, precisava de fazer acordos com companhias aéreas e decidir quantos voos podia ter em determinada altura do dia. Os contratos celebram-se conforme a nossa necessidade e precisamos de ver o que é melhor para a nossa gestão. Há um pouco de tudo, mas temos de decidir bem. Se tivermos apenas uma porta de embarque, não podemos ter dois aviões a partir em horas iguais. Então temos de escolher uma ou duas companhias inicialmente com um certo número de voos disponíveis, depois, temos de ir à escala do nosso aeroporto e fazer uma espécie de calendário, fazendo corresponder os horários a cada porta de embarque que temos disponível. É intuitivo e fácil perceber esta parte. A nossa programação de voos só tem efeito para o dia seguinte e os dias não passam assim tão rápido como noutros jogos do género. 

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Depois disto, estejam descansados que já vão ver gente a circular no aeroporto. Deixam lixo, gastam dinheiro e queixam-se se não tiverem condições dignas para quem quer viajar. É importante ter vários trabalhadores que limpam os espaços e mantém tudo operacional. Desde funcionários de limpeza, seguranças ou operacionais lojistas, é necessário contratá-los e pagar como deve ser. Sem eles, o caos está garantido. À medida que vamos crescendo o aeroporto, vamos ter mais portas de embarque e com isso podemos fazer mais contratos com companhias, ganhar mais dinheiro, expandir o espaço e decorá-lo a nosso belo prazer.

Estes jogos como SimAirport têm aquele ADN de fazer passar o tempo num instante, em que se nos distrairmos, quando olhamos para as horas, já passaram um par delas e nós ainda a colocar plantas e máquinas de café no nosso aeroporto. Ainda que tenha todas as características destes jogos de gestão, falta-lhe o charme de outros jogos mais modernos. Se olharmos para Two Point Hospital, por exemplo, poderíamos imaginar um Two Point Airport, se virmos os jogos como Planet Coaster ou Cities, percebemos que conseguem outro grau de imersão, não só pelos grafismos, mas também pela maneira de jogar e de nos explicar as coisas. Além de serem em 3D claro. Este, a seu favor, tem a vantagem de nos levar aos tempos antigos de SimCity e consegue mesmo trazer esse ar nostálgico. 

SimAirport dá-nos a liberdade de construir um aeroporto dos nossos sonhos, se bem que não é daquelas coisas que se peça para o natal com frequência. Desafia-nos a fazê-lo à nossa maneira e a geri-lo da melhor forma possível. Se em Portugal já se fala na construção de um aeroporto há décadas, pelo menos aqui, em jogo, podem imaginar como será, se alguma vez o projeto sair do papel. Até lá, é ser criativo e criar muitas viagens. O próximo voo parte dentro de momentos, não se atrasem, se não vão ter mais um problema para resolver.

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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-simairport<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um tycoon à antiga com espírito nostálgico</li> <li style="text-align: justify;">Desafiante e viciante depois da fase de habituação</li> <li style="text-align: justify;">O sistema de contratos com as companhias aéreas</li> <li style="text-align: justify;">A programação dos voos</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Falta um tutorial à altura</li> <li style="text-align: justify;">2D pode não ser muito apelativo a quem nunca viu como eram os jogos nos anos 90</li> </ul>