Developer: Respawn Entertainment, Electronic Arts
Plataforma: Xbox Series, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 28 de Abril de 2023

Cal Kestis regressa para mais uma aventura numa galáxia não muito distante, na emocionante jornada que foi criada pela Respawn Entertainment em 2019. A saga iniciou-se com Star Wars Jedi: Fallen Order, e tem agora a continuação da história com Star Wars Jedi: Survivor.

Fallen Order foi bem recebido na generalidade, mas com algumas críticas referentes à abordagem alternativa que o estúdio escolheu para representar o rico e universo único de Star Wars. Em todo o caso, não podia elogiar mais a coragem de inovar e a tentativa de fidelidade a uma visão que tinha tudo para resultar no que dizia respeito aos géneros em questão e aos respectivos elementos, especialmente num contexto onde existe uma comunidade de fãs sempre tão conservadora.

Um RPG de acção que se transformava num roguelike de plataformas no momento de exploração, mas com uma orientação soulslike quando passava para o combate. Era uma fusão de estilos que nunca seria fácil de implementar, mas foi algo que a Respawn conseguiu no geral. Mas, sobretudo, eram ideias que tinham tudo para fazer nascer uma série, e assim aconteceu, com esta sequela a entregar um avanço em relação a praticamente todos os aspectos do primeiro jogo.

Star Wars Jedi: Fallen Order teve um conjunto de problemas bem conhecidos, o que, infelizmente, acabou por afastar alguns jogadores. Esse foi o ponto de partida para a concepção de Star Wars Jedi: Survivor, com a Respawn a identificar muito bem o que devia ser melhorado, ou, pelo menos, aquilo que podia ser concretizado de outra forma. E fê-lo com louvor, tornando este segundo episódio numa continuação muito mais flexível em comparação com a rigidez na utilização das características dos géneros nos quais se inspirou o seu antecessor.

Adicionalmente a ser um notável progresso comparativamente ao título anterior, é igualmente mais ambicioso e ousado no que pretende oferecer, introduzindo diversas novidades que tornam a experiência mais intensa e acessível. É uma sequela que tem uma maior dimensão em termos de conteúdo, mas também no espaço físico, alternando entre secções mais lineares, e muitas de mundo aberto, para podermos explorar com alguma liberdade. É um jogo que nos impressiona e apaixona logo desde o começo, ficando depois difícil jogar outra coisa que seja.

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O início da saga apresenta-nos a Cal Kestis – um dos poucos sobreviventes da Order 66, e outrora um promissor padawan. Anos depois, tenta esquecer os acontecimentos do passado, vivendo como scrapper, porém, o destino tinha outros planos, e é finalmente descoberto pelo Império. Felizmente, não eram os únicos que procuravam por Cal, e uma ajuda chega milagrosamente no último momento para ajudá-lo a escapar.

A bordo da Mantis – a nave misteriosa e responsável pelo seu resgate – fica a saber que uma das tripulantes é Cere Junda – uma antiga e reformada Jedi que pretende reconstruir a Ordem, e olha para o protagonista como a peça central. O que se segue, leva-nos numa demanda pelo Holocron – um mapa holográfico que mostra a localização de todos os seres force-sensitive que restam na galáxia. A sua importância explica-se por si só, e inevitavelmente o Império irá colocar-se não só entre nós e a busca por este dispositivo, mas também na senda de Cal até se tornar um Jedi.

Em Star Wars Jedi: Survivor, cinco anos volvidos, e Cal lida diariamente com as consequências da sua decisão final relativamente ao Holocron. Toda a tripulação decidiu seguir caminhos separados, e Cal viaja sozinho, tentando não ficar muito tempo no mesmo local de maneira a confundir as forças do Império que continuam no seu encalço. Quando aterra em Koboh para pedir ao seu antigo companheiro Greez que repare a Mantis, acaba por ficar a saber da existência de Tanalorr – um planeta lendário que poderá significar a reunião com outros jedi.

A sua missão torna-se evidente a partir daqui, e nada o irá travar até encontrar Tanalorr. A narrativa tem momentos de grande emoção, e várias revelações sobre os tempos da High Republic, e o que esteve na origem da divisão da Jedi Order. As personagens sempre foram uma parte indispensável da narrativa em qualquer produto do universo Star Wars e aqui não é diferente, já que iremos conhecer várias. Entre elas, uma das principais, Dagan Gera, um antigo jedi de Tanalorr que esteve preso durante anos esquecidos, e que Cal libertará, contudo, não com o resultado que este esperava.

Além de Greez, reencontraremos Cere e Merrin, aos quais se junta Bode Akuna como leal companheiro de aventuras. Este último será importante na jogabilidade, porque tal como Merrin, irão acompanhar-nos em algumas ocasiões. Seja em puzzles de navegação ou mesmo no combate, vamos poder contar com as preciosas assistências e até accionar habilidades especiais para uma jogabilidade mais cooperativa, que fornece um gameplay alternativo, mas bastante imersivo.

Na verdade, Star Wars Jedi: Survivor investe fortemente nas personagens, mesmo naquelas que podemos considerar como figurantes. Será através deles que teremos acesso às side missions – aqui conhecidas como Rumors – bastando para isso falar com alguns NPC’s que imediatamente será sinalizada no mapa a zona a investigar. É uma excelente adição, e que foi especialmente bem executada quando olhamos para a narrativa, porque como estão organicamente interligados à exploração parece que faz sempre parte da aventura.

Paga-nos o café hoje!Outro bom exemplo é o Outpost de Rambler’s Reach, uma área habitada de Koboh que desbloqueamos pouco depois de chegarmos ao planeta.  É uma das novidades, e será um local que, além de outras coisas, funcionará principalmente como um hub de diferentes shops. No entanto, primeiro teremos de recrutar os devidos NPC’s, para depois podermos entregar os collectibles e receber as recompensas. Temos quatro lojas onde encontraremos de tudo um pouco, desde itens de cosmética – tanto para a personalização de Cal e de BD-1, como para o lightsaber e para a blaster, e algumas perks. Os collectibles necessários para trocarmos pelas rewards estão um pouco espalhados por todo o jogo, e são normalmente itens com Priorite Shards, Datadisks e Jedah Scrolls.

E não há muito que saber, trocamos a quantidade de shards que queremos na Doma’s Shop; datadisks na Zee’s Shop; e scrolls na Sister Taske’s Shop (esta última no planeta Jedah). Todavia, no caso da loja de Caij as coisas serão diferentes, dado que teremos de derrotar bounty hunters para trocar pelas recompensas. São 16 bounty hunters no total, proporcionando uma dificuldade tipo mini-bosses, num esquema semelhante aos mais recentes jogos de Assassin’s Creed.

Recomendam-se similarmente visitas regulares ao bar local – Pyloon’s Saloon – e conversar com os clientes habituais, para que possamos ir activando novos Rumors, assim como para ficarmos a par das notícias da galáxia e a conhecer algum do lore do jogo. É algo que está muito bem concretizado e que nos transporta magicamente para aquilo que deve ser uma aventura no universo Star Wars, com todas as características que nos fizeram apaixonar pela sua história.

Passando para a jogabilidade, a primeira grande queixa de Fallen Order foi completamente ultrapassada em Survivor – e sim, estou a falar da navegação. O Holomap está muito mais fácil de interpretar, com pontos de orientação e boas referências visuais, mas o que veio realmente ajudar foi o fast travel entre os Meditation Points. A juntar a isso, dispomos agora de um sistema de mounts, para podermos domar determinadas criaturas que nos permitirão uma deslocação mais rápida entre sectores. E não poderia ser de outra maneira, visto que nesta mudança para um enquadramento mais open world, teria obrigatoriamente de ser agilizado o processo de deslocação e exploração, sendo claramente uma evolução nesse sentido.

Os puzzles continuam fundamentais na dinâmica da jogabilidade, e o seu design, apesar de diferente, segue muito a lógica de Fallen Order. As dificuldades variam, e tanto teremos alguns de escalada mais simples, com o novo Ascension Cable (uma espécie de grappling hook) a ser crucial, como outros mais complexos e que exigem maior paciência. Alguns Rumors passarão por descobrirmos templos místicos chamados Chambers, os quais teremos de completar e recolher a recompensa no final. Têm a sua dificuldade, mas foram bem desenhados para que sejam igualmente interessantes de fazer.

O combate está melhor do que nunca. Cal é um Jedi consolidado, o que significa que está muito mais poderoso. É evidente o upgrade quando comparamos com o seu antecessor, tanto na beleza e fluidez das animações como em soluções para cada circunstância. Mantém os elementos soulslike que nos convenceram no primeiro, mas acrescenta um ritmo ainda mais frenético, causado por inimigos similarmente mais desafiadores. Preparem-se para momentos de verdadeira acção através batalhas absolutamente espetaculares.

Para começar, existem agora cinco stances (Single, Double- Bladed, Dual Wield, Blaster e Crossguard), com destaque para a Blaster e para a Crossguard, que são inéditas, sendo que numa iremos poder coordenar o lightsaber com uma blaster, e na outra, manejaremos o lightsaber como uma heavy sword, bem ao estilo de Kylo Ren. Só podemos equipar duas stances de cada vez, o que levará o jogador – pelo menos numa primeira fase – a colocar os skills points nas duas em que se sentir mais confortável.

A skill tree aumentou significativamente de tamanho, e divide-se em três segmentos: Survival, Lightsaber e Force. O primeiro influenciará, essencialmente, o HP de Cal e o benefício que tiramos dos Canisters; o segundo agrupa todas as habilidades activas que desbloquearemos em cada stance; e no terceiro teremos skills relacionadas com a Força. Há muito por onde escolher, com uma enorme variedade de habilidades activas e passivas para que possamos libertar o verdadeiro poder de um mestre Jedi. As perks são outra novidade em Star Wars Jedi: Survivor, e oferecem pequenos bónus passivos que podemos equipar e conciliar com a skill tree de modo a construir uma build mais à nossa imagem.

Graficamente está simplesmente espantoso. As paisagens dos diversos planetas, a qualidade das texturas, tal como o contraste das luzes e das sombras que são realmente impressionantes. É um jogo que consegue em pleno o deslumbramento de descobrir mundos desconhecidos do universo de Star Wars, levando o jogador a querer explorar cada pedaço do mapa. Ainda assim, os problemas de performance são bem conhecidos, embora tenha melhorado imenso com o update lançado nesta semana.

No plano sonoro, a qualidade é também altíssima. As músicas e os efeitos sonoros estão ao nível de qualquer experiência cinematográfica de Star Wars, sendo totalmente primordiais para a imersão que procuramos. O voice acting é também de topo, com todos os actores a corresponderem ao exigido, e a entregarem desempenhos que tornam tudo mais natural e credível.

Star Wars Jedi: Survivor supera largamente o primeiro jogo e coloca-se sem grande dificuldade como um dos melhores jogos deste primeiro semestre de 2023. É o pacote completo para quem é fã de Star Wars e um dos grandes RPG’s dos últimos anos.

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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-star-wars-jedi-survivor<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Uma excelente história</li> <li style="text-align: justify;">O combate está melhor do que nunca</li> <li style="text-align: justify;">Um claro avanço em relação a Fallen Order</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Alguns problemas de optimização</li> </ul>