Developer: Codemasters, EA Sports
Plataforma: Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 16 de Junho de 2023
É sempre um gosto voltar às pistas para agarrar num carro de F1 (a única forma que o tenho de fazer), desta vez com um aditivo extra que é a continuação do modo história que tivemos em 2021 que dava pelo nome de Braking Point. Uma espécie de série como vemos na Netflix e que este ano vai continuar com os personagens bem conhecidos de há dois anos.
O ano passado não houve este modo com história, mas a EA Sports e a Codemasters introduziram o F1 Life, que sinceramente não deixou saudades da maneira que tinha sido feito, mas isso mudou nesta edição com um melhor e renovado F1 World que já vos explico como está mais à frente.
Para já, centramos as atenções na pista. Se são daqueles que jogam todos os anos a franquia já devem saber que a qualidade gráfica está num nível que é difícil de melhorar sem um novo motor de jogo. Olhando a nível visual, podia muito bem estar a falar da edição passada que ninguém reparava a não ser nas cinemáticas usadas no modo Braking Point 2. Também na condução, as mudanças não me pareceram assim tantas, para o nível intermédio, em que estou, mas aparentemente quem usa volantes nota algumas melhorias e maior realismo. Eu sinceramente apenas joguei com o comando e pareceu tudo praticamente igual, dependendo sempre da afinação que o carro tem para determinada corrida. Uma das boas coisas do jogo é que podem optar por deixar o jogo mais acessível e arcade ou mais virado para a simulação. A escolha é vossa.
Conduzir à chuva continua ser um misto de beleza, com terror. A nossa TV enche-se de pingos e nota-se na imagem, o que dificulta a nossa visão, tal como acontece na realidade, em que às vezes nem os pilotos sabem onde estão. Eu gosto desta imersão que o jogo coloca, mas percebo que para alguns isto seja demasiado penoso e difícil. O que continua a ser também igual são as indicações que podemos obter das boxes sobre a corrida ou sobre a nossa estratégia. Se tiverem uma PS5, ouvem todas as comunicações do carro através do Dualsense. Além disso, os gatilhos do comando ficam mais pesados nas travagens, o que já é um hábito em jogos de corrida, mas não deixa de proporcionar uma viagem mais imersiva.
Uma das novidades este ano nas corridas é a possibilidade de haver bandeira vermelha, o que pode alterar o rumo da corrida de um momento para o outro. Agora, além das entradas imersivas do Safety Car em pista, que nos obriga a reduzir a velocidade e a cumprir certos requisitos, há a possibilidade de haver um acidente mais complicado de resolver, que obriga a corrida a ser interrompida. Tenho de ser verdadeiro e dizer que ao longo de 20 e tal horas de jogo, nunca me aconteceu, nem no modo Braking Point, onde podiam ter evidenciado esta novidade que o jogo tem. Por outro lado, outra característica que o jogo agora permite é fazer uma corrida em modo “média distância”, que há muito já era pedido. Isto significa que podem jogar 35% das voltas totais do circuito, dando uma experiência de corrida mais satisfatória e parecida com as corridas Sprint. A nível de novas pistas, as novidades vão para a nova de Las Vegas Street Circuit, nos EUA e ainda a nova pista do Catar, o Losail International Circuit.
Mas vamos então ao grande prato deste F1 23 que é a continuação de Braking Point com uma segunda temporada, que conta com alguns personagens bem conhecidos e uma outra grande surpresa. Desta vez, a história continua com a entrada de uma nova equipa para a grelha de partida, a Konnersport Racing Team que foi buscar dois rivais conhecidos do F1 21, Devon Butler, filho do dono da equipa, e Aiden Jackson. Pelo meio também jogamos com Callie Mayer, irmã de Devon e que está na F2 a tentar vencer o campeonato, tendo como mentor, outro protagonista de F1 21, Casper Akkerman, ex-piloto. Não vou estragar as surpresas que a própria história nos faz, mas gostei bastante do guião, no que toca aos acontecimentos entre corridas.
Tal como na primeira temporada, nesta segunda parte de Braking Point, têm de cumprir desafios e atingir determinados resultados ao longo de 17 capítulos. Uns mais difíceis que outros e alguns ainda com a possibilidade de ter um ponto de salvamento a meio, quando a própria história assim o impõe. A maior parte dos objetivos que teremos de cumprir relacionam-se com a nossa posição na grelha em que teremos de chegar a determinado lugar, ou aguentar o carro até certo ponto. Senti falta de coisas mais variadas como por exemplo, fazer uma qualificação ou testar o carro em determinados treinos livres. Todas as nossas missões são já em corrida e apesar disso não tirar a beleza deste modo, torna-o previsível e um pouco repetitivo. Pelo meio é interessante ter de lidar com perguntas da imprensa e ainda tomar decisões como chefe de equipa em que isso depois influencia a visibilidade da marca ou o nível de desenvolvimento de performance dos carros. Em nada as nossas decisões alteram o rumo da história, o que também podia ser interessante, mas isso fica para outras paragens nas boxes e talvez até contem com a ajuda da Quantic Dream, criadora de Detroit Become Human. Vá, talvez isto seja sonhar alto demais, mas o que é certo é que estes jogos anuais têm de se reinventar ano após ano.
Mesmo assim, este EA F1 23 esforçou-se para isso, ao contrário do seu antecessor que pareceu mais uma passagem para os carros novos e pouco mais do que isso. Se na edição passada houve um modo chamado F1 Life, este introduz o F1 World e coloca o que já havia do outro aqui e ainda lhe acrescenta uma data de desafios, tais como corridas diárias ou semanais, o controlo de uma nova equipa criada por nós e ainda a gestão do nosso staff que teremos de contratar para continuar a desenvolver o nosso carro. Carro esse que usamos para as provas que fizermos neste F1 World. Há corridas offline e online que podem e devem experimentar. Muito bem vindo este novo modo.
Além destes modos, não faltam os já habituais modo carreira, onde criamos um piloto e uma equipa para chegar a campeão do mundo e o modo My Team, onde gerimos os orçamentos, patrocinadores e tudo mais que já existia na franquia. Podem ainda jogar uma carreira para dois jogadores na mesma casa, fazendo parte da mesma equipa ou optar por marcas diferentes e ainda fazer ligas online com amigos ou desconhecidos, com corridas a acontecer a determinadas horas e com as regras que os criadores desses campeonatos decidirem.
F1 23 conseguiu colocar a franquia novamente na direção certa ao dar continuidade à história que pareceu esquecida o ano passado com Braking Point 2 e ainda inovar com o F1 World. A isto juntam tudo o resto que um jogo de F1 já tinha e que a EA e a Codemasters já vos habituaram. Não é aqui reinventada a fórmula de um jogo de corridas, mas sei que é melhor que a versão do ano passado e uma continuação daquilo que estava a ser feito até ao F1 21. Se jogaram há dois anos, têm de voltar para continuar a história que ficou por contar e que promete ter sequência para o próximo ano.