DeveloperCreative Assembly
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 29 de setembro de 2023

Foi no ano 2000 que o primeiro jogo da série Total War viu a luz do dia. Desde então, testemunhámos não apenas o aumento no número de títulos lançados, mas também o crescente número de adeptos que se apaixonaram pela franquia. Apesar dos jogos de estratégia em tempo real (RTS) não terem uma base de fãs tão extensa como outrora, o êxito da série é notável, especialmente considerando que esses jogos são exclusivos para PC.

Total War: Pharaoh transporta-nos para o antigo Egito, e nem é preciso o título “Pharaoh” para identificar o cenário. O detalhe do deserto, do rio Nilo, das pirâmides e das infra-estruturas da época é surpreendente, proporcionando uma imersão instantânea ao jogador. Este é um dos pontos mais fortes do jogo: a sua capacidade de envolver completamente o jogador, não apenas durante as batalhas, mas também à medida que a campanha se desenrola. Desde o crescimento das nossas cidades até aos uniformes da infantaria, cada detalhe é meticulosamente trabalhado. É importante ter em mente que estamos a falar de um período entre 1200 a.C. e 1100 a.C.

Ao iniciar a campanha, somos confrontados com a escolha do nosso líder, com três opções disponíveis: Egípcios, Cananeus e Hititas. Se escolhermos os Egípcios, teremos quatro líderes à nossa disposição, dois com dificuldade inicial fácil e dois com dificuldade inicial normal. No caso dos Cananeus, teremos que optar entre dois líderes, um com dificuldade normal e outro com dificuldade difícil, o mesmo acontecendo com os Hititas. É fundamental compreender desde logo que, embora qualquer uma das figuras escolhidas seja importante, elas não são reis, imperadores ou faraós. São simples comandantes, embora o jogo permita ascender na hierarquia existente usando o sistema de pontos, tal como acontecia nos jogos anteriores da franquia.

A dificuldade inicial do jogo, que é determinada na escolha do nosso líder, está profundamente ligada a vários fatores, como o tamanho do nosso exército, o local onde começaremos a campanha e, claro, a dificuldade da IA. Esta pode variar, desde ser mais agressiva até recusar certos pactos ou mesmo trair aliados. Para os jogadores que desejam uma experiência mais personalizada, o jogo oferece essa possibilidade. Uma das novidades é a capacidade de ajustar a dificuldade padrão, tornando a IA mais aberta ao diálogo ou mais agressiva, e até mesmo escolher o local no mapa onde começar o jogo.

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Como é habitual na franquia, o ponto alto reside nas batalhas. Nesse aspeto, Total War sempre se destacou dos outros RTS, graças às suas batalhas em larga escala, com grande parte do mapa repleto de tropas, diversas frentes de ataque e vários tipos de unidades. A estratégia tática é crucial: podemos posicionar unidades rápidas na frente, manter unidades escondidas para atacar no momento certo, colocar arqueiros a disparar à distância para eliminar os inimigos, criar várias frentes de batalha e até mesmo cercar adversários. Utilizar o terreno a nosso favor é uma excelente estratégia, e o clima dinâmico também desempenha um papel crucial. As batalhas que parecem perdidas podem ser revertidas devido ao contexto climático, proporcionando uma reviravolta emocionante.

Felizmente, nem sempre é necessário recorrer à guerra para alcançar os nossos objetivos. O jogo oferece um sistema de diplomacia intrigante, embora deva ser usado com cautela. Podemos criar alianças e estabelecer tratados, mas traições e intrigas podem levar a conflitos e manipulações dentro da nossa sociedade. Como em qualquer jogo de estratégia bem concebido, a diplomacia requer planeamento e ponderação por parte do jogador.

O planeamento é fundamental neste jogo, já que a gestão do império exige precisão e planeamento cuidadoso. Desde questões políticas e económicas até militares e religiosas, teremos de lidar com diversas áreas. As batalhas, a diplomacia, a construção de cidades e a gestão de recursos são de extrema importância. Alguns recursos são limitados, forçando-nos a fazer escolhas estratégicas sobre como gastá-los. Estas decisões podem parecer lógicas para nós, mas podem causar insatisfação na população, afetando diretamente o número de recursos acumulados.

O jogo pode ser dividido em duas partes distintas: as batalhas em tempo real, que muitas vezes duram perto de uma hora se jogadas na velocidade normal, e a gestão da nossa civilização, feita por turnos. Esta última abrange a construção de cidades, a administração de recursos e a expansão do império. Além disso, somos confrontados com desafios aleatórios, como desastres naturais, que acrescentam dificuldade adicional a uma época já repleta de intrigas e traições.

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A componente religiosa é uma parte crucial do jogo, dadas as circunstâncias históricas. Dependendo do deus que decidirmos venerar, teremos determinados bónus, desde vantagens em batalha até mais recursos. Por exemplo, os egípcios podem venerar deuses conhecidos como Anúbis, Hórus ou , enquanto os Cananeus adoram Baal e Yam, e os Hititas têm Kumarbi como o seu deus.

O jogo apresenta uma árvore de habilidades, onde podemos desbloquear vantagens em áreas específicas ao progredir em certas skills que se dividem em três categorias: Civil, Económica e Militar.

Em termos de durabilidade, o jogo é vasto, com batalhas longas e uma multiplicidade de opções estratégicas. É uma experiência que pode durar dezenas de horas até conseguirmos concluir a nossa campanha. O jogo proporciona emoções ambivalentes: quando tudo corre bem, sentimos que temos um império incrível, mas também podemos sentir que o império está a desmoronar-se nas nossas mãos. Além da campanha, existem modos online e offline de batalhas, expandindo ainda mais as opções para os jogadores.

Quanto aos gráficos, o jogo é impressionante, e as cutscenes extremamente bem concebidas adicionam ainda mais beleza à experiência. Apesar disso, a ausência da ativação do DLSS para placas gráficas da Nvidia e do FSR para as placas gráficas da AMD é uma pena. Seja como for, é importante ressalvar que o jogo está extremamente bem otimizado, correndo bastante bem mesmo em máquinas mais antigas. Toda a componente sonora está excelente, com músicas e efeitos sonoros que nos transportam para a época do antigo Egito.

Total War: Pharaoh é um jogo competente que certamente agradará à maioria dos fãs de RTS e entusiastas dos períodos históricos como o antigo Egito. O trabalho meticuloso da Creative Assembly na criação deste mundo é digno de elogio. No entanto, o principal desafio deste jogo – como de outros títulos da franquia – reside na sua dificuldade inicial, que pode desencorajar os jogadores novatos ao tornar-se excessivamente complexo e punitivo.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-total-war-pharaoh<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Batalhas continuam impressionantes</li> <li style="text-align: justify;">Modo campanha está incrível</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente muito apelativo</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Muita complexidade para quem quer começar a dar os primeiros passos na franquia</li> </ul>