Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 02 de maio de 2024
O oceano, vasto e misterioso, abriga uma infinidade de espécies marinhas, desde as mais diminutas criaturas até aos maiores mamíferos que o nosso planeta conhece. É fascinante perceber que, apesar de avanços tecnológicos que nos permitiram explorar o espaço e enviar sondas para investigar outros mundos, as profundezas dos oceanos permanecem amplamente desconhecidas e inexploradas.
Estima-se que apenas 5% do leito oceânico tenha sido investigado, e mesmo essa exploração foi superficial. As dificuldades associadas à exploração marinha são muitas: enormes pressões, escuridão total e temperaturas extremas são apenas algumas delas. No entanto, assim como existem entusiastas da exploração espacial, há também aqueles apaixonados pelos mistérios do oceano e das suas maravilhas.
Endless Ocean Luminous, embora não tenha a capacidade de nos levar às profundezas oceânicas da mesma forma que uma expedição real, oferece uma experiência de exploração da vida marinha surpreendentemente detalhada. É importante notar que este não é um jogo repleto de desafios ou ação, mas sim um santuário de tranquilidade, onde os jogadores podem encontrar calma e serenidade.
Antes de adentrarmos no ambiente marítimo e nas maravilhas que ele abriga, vamos explorar as diferentes partes do jogo. O jogo é dividido em três modos distintos:
As Shared Dives são mergulhos que os jogadores podem realizar com amigos. Aqui, há a opção de se conectarem usando um ID ou partilhando o ID da vossa sessão para que os vossos amigos possam se juntar a vocês. É importante observar que esses mergulhos partilhados têm um limite de tempo de uma hora por sessão.
Os Solo Dives, como o nome sugere, são mergulhos solitários, onde podem explorar à vontade, e pelo tempo que desejarem. Cada Solo Dive possui um ID que indica uma região específica. Os jogadores podem iniciar um mergulho numa região específica usando esse ID, o que oferece uma maneira interessante de explorar novos locais descobertos por amigos ou outros jogadores.
Por fim, o modo Story é dividido em capítulos e subcapítulos, nos quais os jogadores devem cumprir objetivos específicos. O primeiro capítulo serve como um tutorial, apresentando o jogador ao jogo e à personagem Sera, uma inteligência artificial que fornece informações e mantém contato com o centro de pesquisa. No segundo capítulo, descobrimos que fazemos parte do Project Aegis, cujo objetivo é estudar o ambiente aquático e resolver problemas, como a misteriosa morte dos corais.
https://youtu.be/P6G7YFYqzxE
Inicialmente empolgante, a perspectiva de um enredo envolvente é obscurecida pelo fato de que os capítulos e subcapítulos estão bloqueados, exigindo que os jogadores completem objetivos nos outros modos de jogo para desbloqueá-los. Embora essa abordagem possa incentivar a exploração nos outros modos, também pode prejudicar o interesse no modo Story, estragando a sensação de progressão e realização. Ainda mais quando muitos desses objectivos levam um tempo considerável para serem alcançados.
No entanto, num jogo destinado a ser desfrutado ao ritmo de cada jogador, os objetivos e modos acabaram por se revelar de menor importância. O verdadeiro encanto reside na descoberta contínua que cada novo mergulho oferece. A cada sessão, novos locais, criaturas e aprendizagem aguardam-nos, proporcionando uma experiência sempre renovada. Embora inicialmente não me tenha cativado completamente, confesso que progressivamente tenho ficado cada vez mais impressionado a cada nova exploração.
Para os jogadores que procuram cumprir metas específicas, o jogo oferece 89 conquistas para desbloquear. Além disso, a ampla variedade de criaturas marinhas – 579 no total – e os 340 objetos afundados para descobrir, proporcionam uma riqueza de conteúdo para explorar. Adicionalmente, há um elemento de mistério envolvendo o Mystery Board, que se encontra bloqueado por 99 objetivos secretos, que conforme são realizados desbloqueiam uma parte desse quadro. Esses objetivos variam, desde encontrar itens específicos até explorar certas áreas ou encontrar determinadas criaturas.
A personalização também é um aspecto atraente do jogo, tanto para os fatos, como para a personagem. As opções de customização incluem paletas de cores para o fato do mergulhador, stickers para dar outro encanto quando colocados no fato do mergulhador e os emotes para comunicação com outros jogadores. A aquisição desses itens é realizada através do uso de moedas obtidas durante o jogo.
O aspecto central do jogo é, sem dúvida, o mergulho. Cada vez que iniciamos um mergulho, seja em grupo ou solo, somos transportados para um local aleatório do mapa. Para ajudar na orientação e perceber melhor a extensão do mapa, temos a opção de visualizar o mapa completo, o qual é dividido em 100 quadrículas, com as colunas identificadas por letras e as linhas por números de 0 a 9. Inicialmente, o mapa encontra-se oculto, revelando-se gradualmente à medida que exploramos, oferecendo uma visão progressiva do ambiente subaquático.
No meu primeiro mergulho solo, já havia concluído o primeiro capítulo do modo história, o que me permitiu iniciar facilmente a pesquisa de espécies. A cada nova espécie encontrada, realizava a pesquisa enquanto explorava o mapa para familiarizar-me com a área. A minha tendência inicial foi mapear completamente cada quadrícula do mapa enquanto procurava todos os objetos perdidos no mar. Esta estratégia é interessante para melhorar o ranking do nosso mergulhador e conhecer o mapa por completo.
No entanto, percebi facilmente que esta abordagem não era eficiente. As criaturas marinhas no jogo estão em constante movimento, o que significa que mesmo com 80% do mapa visível, eu só havia encontrado cerca de 40% das espécies disponíveis naquele mapa. Foi nesse momento que percebi que não estava a usufruir do jogo da maneira ideal, já que estava a demorar demasiado tempo a desbloquear o mapa, sem contemplar a sua beleza e todas as criaturas que existem à nossa disposição.
A partir desse ponto, decidi adotar uma abordagem diferente, o que resultou numa experiência muito mais divertida. Primeiro que tudo, foi mergulhar sem objetivos, simplesmente contemplar tudo, depois iniciar novos mergulhos sempre que já existiam poucas criaturas para encontrar no mapa onde me encontrava. Isso levou-me a explorar o jogo em vários locais distintos, encontrando novas espécies e aproveitando o jogo de uma forma mais dinâmica.
Embora muitas criaturas possam passar despercebidas, algumas são verdadeiramente notáveis. A curiosidade até me levou a pesquisar sobre algumas delas fora do jogo, como o fato de os maiores tubarões do mundo habitarem águas profundas e geladas, em vez das águas quentes. Falando em tubarões e em animais perigosos, não se preocupem, durante os mergulhos, podem andar perto de qualquer espécie sem qualquer problema, todas as espécies reagem simplesmente como se vocês não ali estivessem.
Além disso, durante a exploração, ocasionalmente encontramos objetos ou seres que desencadeiam missões adicionais. Essas missões proporcionam acrescentam imenso ao jogo, incentivando-nos a explorar novos locais e descobrir novos objetos ou espécies. Algumas espécies, em particular, podem ser surpreendentes e constituem algumas das melhores surpresas do jogo.
A navegação do mergulhador é fluída e diversificada. Temos a possibilidade de explorar túneis, observar rochas e aventuramo-nos em áreas extremamente profundas, quase desprovidas de luz, enquanto noutros locais a exploração acontece mais à superfície, e por vezes deparamo-nos com animais que nem imaginávamos que existam. É uma experiência grandiosa, sem dúvida, mas após algumas horas comecei a sentir falta de algo mais substancial, de um objetivo mais profundo que me motivasse a estar constantemente a regressar ao jogo com entusiasmo.
Acredito que quando começar a mergulhar com amigos, algo que ainda não tive a oportunidade de fazer, o jogo ganhará outra dimensão. A cooperação multiplica a diversão e mantém-nos dedicados por mais tempo.
No aspeto gráfico, o jogo é visualmente deslumbrante. Cada espécie é representada de forma magnífica, permitindo tirar fotografias de cada uma delas. Dado que o foco do jogo se centra na exploração e no reconhecimento de espécies, o jogo tenta criar um ambiente bastante realista no aspecto físico, e isso foi alcançado de forma sublime.
Os diversos locais de exploração são igualmente impressionantes. E seja explorando cavernas escuras e fechadas, naufrágios ou objetos encontrados no fundo do mar, a experiência é muito bem elaborada. Até mesmo as áreas mais rasas, onde encontramos corais, caranguejos e outras espécies, são criadas de forma muito competente.
Quanto ao aspecto sonoro, o ambiente marinho é meticulosamente retratado, com o som do fundo do mar, das próprias espécies e até mesmo a respiração do mergulhador – tudo contribui para uma imersão completa. A única falha perceptível após muitas horas de jogo é a repetição da música do jogo, que pode tornar-se monótona e enjoativa.
Endless Ocean Luminous é um jogo bem executado, calmo e sereno, que certamente atrairá aqueles que apreciam a exploração das espécies marinhas e aqueles que desejam passar um tempo agradável sem a pressão de grandes objetivos. No entanto, não é um jogo para todos os jogadores, pois falta ação e objetivos que nos prendam verdadeiramente. Além disso, o modo história deixa a desejar devido aos objetivos necessários para progredir, o que pode desanimar alguns jogadores que procuram algo mais envolvente.
