Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 23 de maio de 2024
Foi com Paper Mario que vimos pela primeira vez o Mario aventurar-se no universo dos RPG. O incrível canalizador, especialista em jogos de plataformas e em salvar a princesa Peach, ganhou uma nova vida neste género de jogos, que foram muito bem recebidos pelos jogadores. E um dos maiores sucessos da série, que justifica rapidamente a sua fama para quem o joga, é Paper Mario: The Thousand-Year Door. Lançado originalmente para a Nintendo GameCube em 2004, o jogo celebra o seu 20.º aniversário com uma ressurreição na Nintendo Switch, apresentando gráficos e jogabilidade melhoradas.
Este é um daqueles jogos que qualquer jogador consegue afirmar que envelheceu muito bem. Embora tenha recebido algumas melhorias para a Nintendo Switch, é importante lembrar que se trata de uma remasterização, e não de um remake. Portanto, a maior parte do conteúdo do jogo original permanece intacta. Isto poderia ser um problema, mas não é; o jogo continua extremamente atual, com uma narrativa rica e envolvente, além de uma jogabilidade acima da média.
Falando em narrativa, a história de Paper Mario: The Thousand-Year Door começa com uma aura de mistério e aventura, levando os jogadores a um mundo cheio de segredos e surpresas. Tudo começa com uma antiga lenda sobre uma cidade perdida que desapareceu nas profundezas do mar após uma terrível tempestade. Com o passar dos anos, uma nova cidade surgiu no mesmo local: Rogueport.
Sem saber nada sobre esse acontecimento, é em Rogueport que a Princesa Peach decide passar as suas férias, talvez para procurar uma nova aventura, para fugir do seu raptor crónico, ou apenas para ter uma pausa dos Toads e do Reino do Cogumelo. Ao chegar à cidade portuária, Peach encontra um misterioso vendedor que lhe oferece um pequeno cofre mágico. Intrigada, Peach abre o cofre e encontra dentro dele um mapa antigo que supostamente aponta para um tesouro lendário.
Movida pela curiosidade e talvez pelo desejo de uma nova aventura, Peach escreve uma carta a Mario, convidando-o a juntar-se a ela em Rogueport e a ajudá-la a desvendar o mistério do tesouro. Conhecendo a determinação de Mario em ajudá-la e a sua coragem inabalável, Peach confia que ele será o companheiro perfeito para esta jornada emocionante.
Mario, como sempre, não hesita em auxiliar a Princesa Peach. Ao chegar a Rogueport, percebe imediatamente a ausência de Peach e encontra Goombella, uma estudante e investigadora local com uma paixão por história e arqueologia. Goombella torna-se a primeira companheira de viagem de Mario, colocando ao seu dispor todo o seu conhecimento sobre a cidade, bem como ajudando-o a enfrentar qualquer perigo que se coloque no seu caminho.
É com Mario e Goombella que começa o primeiro capítulo desta jornada para desvendar os segredos do mapa misterioso, assim como encontrar a Princesa Peach e descobrir o tesouro lendário. Ao longo do caminho, encontraremos aliados improváveis, inimigos perigosos e muitas surpresas além de um simples tesouro, como se pensava inicialmente. A aventura levará Mario a vários locais à volta de Rogueport, onde descobriremos lugares inesperados que nos colocarão à prova contra diversas ameaças.
Os aliados são um dos pontos fortes do jogo, já que cada um deles tem as suas habilidades e o seu propósito em ajudar Mario. Goombella, pela sua curiosidade e vontade de ganhar mais conhecimento, decide ajudar Mario, usando a sua habilidade de identificar as características dos inimigos e os seus pontos fracos. Koops, o segundo aliado que encontramos, tem a ambição de superar os seus medos e vingar a morte do seu pai. Ele oferece-nos a habilidade de defesa, graças á sua forte carapaça, e à capacidade de realizar ataques especiais a múltiplos inimigos. As surpresas não se ficam por estes dois; existem muitos mais aliados, mas não posso deixar de falar do Yoshi, que nos oferece velocidade e a capacidade de dar saltos maiores. Até teremos uma vilã no jogo que, com o avançar da história, se juntará a nós. Sem querer estragar surpresas, podem esperar mais do que uma mão cheia de aliados.
Uma parte fundamental de Paper Mario: The Thousand-Year Door é a exploração, repleta de segredos por descobrir nas suas diversas áreas. Desde as ruas de Rogueport até aos outros locais existentes, cada ambiente é detalhado e convida os jogadores a mergulharem de cabeça naquela atmosfera, fazendo com que as Crystal Stars escondidas não sejam o único objetivo.
A cidade de Rogueport é a zona central do jogo, onde os jogadores podem interagir com uma variedade de personagens, encontrar missões secundárias, comprar itens e descobrir informações sobre o mundo do jogo. As ruas e becos de Rogueport estão cheios de segredos, incentivando os jogadores a explorar para procurar tesouros escondidos e pistas sobre as Crystal Stars.
Além de Rogueport, todos os outros locais também merecem ser explorados, seja o Hooktail Castle, Keelhaul Key ou Glitz Pit, assim como as outras localizações que encontramos no jogo. Cada área oferece uma experiência única de exploração, com diversos desafios, quebra-cabeças e encontros com inimigos.
Algo bastante interessante no jogo são as habilidades distintas que Mario vai aprendendo, e que lhe permitem transformar-se numa variedade de formas diferentes, alcançando locais que normalmente seriam inalcançáveis. Esta constante novidade oferecida ao jogador faz-nos, por vezes, voltar a locais anteriormente visitados para resolver quebra-cabeças que ficaram por solucionar, apanhar itens escondidos e superar todas as dificuldades que o jogo nos coloca pela frente.
Juntamente com a exploração, existem diversos NPCs (personagens não jogáveis) com quem podemos e devemos interagir, quer para conhecer as suas histórias, receber ajuda ou ficar a conhecer mais sobre algumas localizações. Algumas personagens também podem ser ajudadas, e quando cumprimos os seus pedidos, recebemos sempre algo em troca, sendo mais uma maneira de usufruir do jogo.
Outro aspecto que dá vida a Paper Mario: The Thousand-Year Door é o seu sistema de combate, que, embora seja por turnos, consegue ser desafiante. Usando os aliados de maneira correcta, é possível criar diversas estratégias consoante os inimigos que enfrentamos. Esses aliados, sejam eles Goombella, Koops, Vivian ou outros, trazem consigo habilidades únicas que tornam cada batalha diferente.
Durante cada turno do combate, Mario e os aliados têm várias opções à sua disposição. Podem realizar ataques normais, usar itens do inventário, executar habilidades especiais e até alternar entre diferentes aliados. O sistema de ataques e defesa é baseado em timing e precisão, trazendo alguma interatividade ao jogador, em vez de simplesmente assistir aos ataques das personagens. Para maximizar o dano infligido aos inimigos, devemos executar comandos específicos no momento certo, enquanto a defesa eficaz contra os ataques inimigos exige reflexos rápidos para acertar no timing do ataque inimigo.
Algo crucial para conseguir sair vitorioso nas batalhas é conhecer bem os adversários e, com isso, criar estratégias para os derrotar mais rapidamente. Sabendo os pontos fracos deles, é fácil aproveitar as habilidades de Mario e dos aliados para criar estratégias vencedoras.
Ligado aos combates está a progressão de Mario, que nos permite avançar de uma maneira equilibrada e também aumenta a longevidade do jogo, já que é essencial evoluir Mario. Os nossos aliados também podem evoluir, mas de maneira diferente de Mario.
Se nos focarmos apenas em Mario, a principal forma de evoluir a personagem, além das habilidades especiais, é através do ganho de experiência em batalha. Conforme Mario e os aliados derrotam os inimigos, Mario recebe pontos de experiência que contribuem para o seu crescimento. Quando os pontos de experiência são suficientes, o nosso herói sobe de nível, o que lhe permite aumentar as suas estatísticas. No entanto, só podemos aumentar uma de cada vez que subimos de nível: Heart Points (HP), Flower Points (FP) ou Badge Points (BP).
De maneira a tornar as coisas ainda mais interessantes, o jogo possui um sistema de Badges, que adiciona opções de personalização às características de Mario. Os Badges são itens especiais encontrados ao longo da aventura, cada um deles concedendo habilidades únicas e efeitos especiais que podem ser equipados por Mario para o melhorar a diversos níveis.
A aquisição dos Badges é uma parte importante da exploração. Podem ser encontrados em locais escondidos contendo baús, mas também podem ser recompensas por completar desafios ou comprados em lojas espalhadas pelo jogo. Cada Badge oferece um benefício distinto, desde aumentar o poder de ataque de Mario até aumentar o seu HP, entre outras vantagens.
Quando adquirimos os Badges, para os equipar precisamos de ter pontos de Badge (BP) suficientes, pois cada um deles requer um determinado número de pontos para ser equipado. Por isso, é importante ter em atenção os Badges que temos e o que estes podem oferecer ao escolher qual o atributo aumentar em Mario quando este sobe de nível.
Este sistema está muito bem conseguido, pois aprofunda bastante as escolhas dos jogadores e, ao mesmo tempo, cria dinâmicas diferentes, permitindo experimentação e personalização conforme o gosto de cada jogador. A quantidade de Badges é bastante grande, por isso é normal que, dependendo de quem está a jogar Paper Mario: The Thousand-Year Door, as características de Mario sejam bastante diferentes, adaptando-se ao estilo de jogo de cada um.
Por fim, os Flower Points (FP) servem para usar os ataques especiais tanto de Mario como dos seus aliados. Cada ataque tem um número específico de FP necessário, sendo que os mais poderosos consomem mais FP, como é habitual neste tipo de jogos.
No que toca aos aliados, a sua maneira de progredir é bastante diferente da de Mario, já que necessitam de uns itens especiais chamados Shine Sprites. Esses itens são adquiridos ao longo do jogo, muitas vezes estando escondidos, por isso, para melhorar as habilidades e estatísticas dos aliados, é importante explorar bastante bem o jogo.
Embora o jogo seja incrível, existem alguns pontos que podem não ser do agrado dos jogadores. Desde logo, teremos de voltar diversas vezes a locais já visitados devido à aquisição de uma nova habilidade ou item que nos permite aceder a novas partes do jogo, ou mesmo para avançar na história principal. Algumas missões secundárias também são bastante repetitivas, o que, para um jogo tão grande e com tantas horas de jogo, poderia ser evitado.
Graficamente, o jogo está verdadeiramente bonito, com o habitual estilo característico de Paper Mario, onde as personagens e os ambientes são representados como se fossem feitos de papel. Esta estética única adiciona um charme especial a qualquer jogo da franquia. Cada cenário está detalhado e, em grande parte, permite a interação de Mario, criando momentos verdadeiramente engraçados e memoráveis para qualquer jogador.
A parte sonora do jogo complementa perfeitamente a sua atmosfera. A banda sonora é composta por uma variedade de músicas envolventes que se adaptam muito bem aos diferentes ambientes e situações encontradas ao longo da aventura de Mario. Os efeitos sonoros também são todos muito competentes. Cada golpe ou habilidade especial é acompanhado por efeitos sonoros nítidos e bem projetados, acrescentando dinamismo e emoção ao jogo.
Antes de finalizarmos, é impossível não mencionar a falta da língua portuguesa. Este é um jogo que agradaria facilmente a um público mais jovem, sendo fácil de jogar, mas a barreira da língua é um entrave para os mais pequenos, o que é uma pena.
Paper Mario: The Thousand-Year Door é um jogo que marcou uma geração quando foi lançado na Nintendo Game Cube e que marcará qualquer jogador que decida jogá-lo na Nintendo Switch. É um jogo verdadeiramente criativo, com uma narrativa bem escrita e cativante, oferecendo também uma jogabilidade muito bem conseguida. Para quem nunca o jogou e gosta de RPGs mais clássicos, é sem dúvida um jogo obrigatório para a Nintendo Switch.