Developer: Firewalk Studios
Plataforma: PC, PlayStation 5
Data de Lançamento: 23 de agosto de 2024
Foi logo na abertura do State of Play de 30 de maio que Concord apareceu, inicialmente com um trailer cinemático brilhante, e depois finalmente com um trailer de gameplay. Confesso que, para mim, o jogo foi uma surpresa, embora me tenha deixado curioso, até porque tudo o que foi apresentado, lembrava bastante os Guardiões da Galáxia, quer em termos do conceito das personagens, como também naquele humor tão próprio da franquia da Marvel.
Na altura, outra coisa que me agradou bastante, e falo naturalmente do que foi mostrado em termos de gameplay. Isto porque se trata daqueles shooters competitivos bastante mais leves que os famosos Call of Duty, virado muito mais para jogos com um conteúdo mais arcade, bem ao género Overwatch.
Tendo agora acesso à closed beta, foi hora de tirar as minhas dúvidas e testar as personagens, as armas e habilidades de cada um deles, e alguns modos de jogo. É bom ter noção de que isto nada tem a ver com a versão final do jogo, até porque estas datas de experimentação dos jogos muitas vezes servem apenas para testar opções, personagens, e depois retocar diversas coisas conforme o feedback dos jogadores.
Mas vamos ao que mais interessa, a jogabilidade:
Concord oferece uma experiência de jogabilidade dinâmica e estratégica que se enquadra no género de shooters de heróis. Com um foco claro na ação e na necessidade de planeamento tático, o jogo oferece uma abordagem distinta relativamente a outros títulos mais populares do género. Cada personagem é conhecida como Freegunner e possui um conjunto único de habilidades que podem ser utilizadas tanto para atacar como para defender.
Algo que se nota rapidamente são os controlos responsivos e uma jogabilidade fluída, permitindo mergulharmos diretamente na ação sem enfrentar barreiras técnicas significativas. A sensação de peso e impacto das armas e habilidades contribui para uma experiência imersiva, onde cada decisão e cada tiro são importantes.
Se por um lado, Concord lembra alguns jogos bem conhecidos, quer na movimentação como na mecânica, por outro, oferece uma abordagem única que se adapta ao seu estilo, e ao seu próprio ritmo. Algo que certamente agradará muitos jogadores é que o jogo não se limita a simples confrontos diretos, incentivando os jogadores a explorar diferentes estilos de jogo que vão desde uma abordagem ofensiva até ao suporte estratégico.
Para terem uma noção, durante esta closed beta, Concord apresentou três modos de jogo distintos:
- Brawl: Neste modo, o objetivo é derrotar a equipa adversária acumulando o maior número possível de takedowns. É uma experiência frenética que testa não apenas as habilidades individuais dos jogadores, mas também a capacidade de coordenar ataques em equipa.
- Rivalry (Cargo Run e Clash Point): Rivalry é dividido em subcategorias: Cargo Run e Clash Point. Em Cargo Run, os jogadores devem plantar uma “bomba” e defender a área enquanto ela ativa. Este modo exige tanto estratégia defensiva quanto ofensiva para alcançar a vitória. Já em Clash Point, a dinâmica é de captura de zona e eliminação dos rivais, onde cada segundo conta para determinar o vencedor.
- Takeover: Este modo coloca as equipas em confrontos intensos onde o objetivo é capturar e defender objetivos específicos da equipa adversária. A estratégia é fundamental aqui, já que os jogadores devem coordenar os movimentos e habilidades para dominar o campo de batalha.
No que toca às personagens, o jogo apresenta uma variedade impressionante, desde os heróis com habilidades ofensivas poderosas até aos especialistas em suporte estratégico. Há claramente uma diversidade que permite aos jogadores encontrar um estilo de jogo que se adapte às suas preferências.
Cada Freegunner não só se destaca pelas suas habilidades de combate, mas também pela sua personalidade, algo que se vê pelas cutscenes, e também por algumas frases que vão dizendo ao longo do jogo. A Firewalk Studios, neste aspecto, dedicou-se a desenvolver personagens que não apenas complementam o gameplay, mas também parecem vir oferecer mais tarde alguma história ao próprio universo de Concord.
Ainda assim, é importante dizer que, no aspecto das personagens, será necessário existir um balanceamento entre personagens durante as várias sessões de jogo que tive oportunidade de fazer. Nota-se que algumas personagens têm algumas habilidades demasiadas OP (Overpowered), enquanto que outras apresentam armas que o dano é tão diminuto que torna-se aborrecido jogar com elas.
Algo que é impossível não falar é da comparação com outros jogos, entre eles Overwatch. E provavelmente muitos se perguntam se Overwatch é free-to-play, porque pagarão por Concord? Bem ao contrário de Overwatch, onde as personagens são distintas nas habilidades icónicas e estilos visuais vibrantes, Concord introduz uma abordagem mais técnica e ponderada. Isso nota-se logo nos combates que têm um ritmo mais lento, Overwatch por vezes torna-se caótico devido às mecânicas das habilidade e também de um gameplay mais rápido. Nesse aspecto, Concord opta por ter outra abordagem, sendo praticamente impossível um jogador eliminar uma equipa sozinho como acontece por vezes em Overwatch. Aqui as decisões táticas têm um impacto muito mais significativo no resultado de uma partida.
Reparem que quando fazemos comparação com outros jogos, não significa que isso seja mau. Muitas vezes, ir buscar influências a diversos jogos, é uma boa maneira de trazer um jogo que embora não seja muito diferenciado, consegue ser muito mais interessante do que outros do género por ter conseguido implementar boas ideias de diversos jogos, dando um toque próprio ao jogo. Diria que é exactamente isso que acontece com Concord, com a Firewalk Studios a criar uma experiência única, que aproveita elementos de sucesso de outros jogos.
Algo que o diferencia fortemente dos outros jogos do género (e muito deles free-to-play), é a não implementação de micro-transacçóes. Nesse aspeto, o estúdio parece optar por oferecer todas as futuras atualizações gratuitamente para os jogadores, incluindo novas personagens, skins, acessórios e outros itens cosméticos. Essa decisão é um ponto de destaque, especialmente num mercado onde muitos jogos optam por micro-transações.
No aspecto de itens cosméticos, estes são desbloqueados aleatoriamente à medida que vamos progredindo no jogo, adicionando uma camada de personalização sem a necessidade de gastar dinheiro real. Isso parece ser suficiente para perceber a razão por Concord ser pago, e assim concentrando-se na experiência que oferece ao jogador em vez de querer maximizar os lucros por via das micro-transações.
Graficamente, Concord está verdadeiramente impressionante. É mais um jogo que conseguiu tirar proveito do poder do PlayStation 5, criando um universo vibrante e visualmente cativante. Cada mapa apresenta uma paleta de cores única e um design distintivo, garantindo que o jogo permaneça visualmente interessante e variado.
A animação das personagens é fluída, com expressões faciais e outros aspetos visuais que colocam Concord acima dos jogos deste género nesse aspeto. E embora isso não influencie diretamente a jogabilidade, é sempre bom ter estes aspetos em conta.
Além disso, as cutscenes estão acima de qualquer outro jogo do género, até porque são poucos ou quase nenhuns aqueles que oferecem esse tipo de conteúdo. Isso estar presente num jogo deste género merece ser destacado, ainda para mais com a qualidade apresentada.
Quer no aspecto de som, efeitos sonoros e música, o jogo está igualmente bastante competente. Até porque, em qualquer shooter, a atmosfera sonora é algo extremamente importante, quer pelos sons dos efeitos das armas, das habilidades, ou até mesmo pela música ambiente, tudo faz parte para criar uma boa atmosfera. Além disso, é dos jogos do género que melhor se percebe quando alguém se está a aproximar, o som das personagens correr faz-se sentir, e ajuda muitíssimo os jogadores a estarem sempre concentrados durante o jogo.
Concord é um jogo promissor neste género, oferecendo uma experiência visualmente deslumbrante e auditivamente imersiva. A Firewalk Studios conseguiu criar um universo vibrante e detalhado, com gráficos impressionantes e um design de som robusto que complementam perfeitamente a jogabilidade fluída e estratégica. A diversidade de personagens e modos de jogo garante que cada partida seja única, mantendo os jogadores agarrados. Apesar de precisar de alguns ajustes – e é para isso mesmo que servem estas versões betas – o jogo demonstra o grande potencial. Ainda assim, é impossível não verificar que Concord terá um enorme desafio pela frente num mercado com alguns jogos dos género que são free-to-play. Ainda assim, a ideia de não ter micro-transacções e a promessa de futuras atualizações gratuita poderá ser uma jogada de mestre para ultrapassar a concorrência.