Developer: CookieDev e Ultimate Games
Plataforma: PS5, PS4, Xbox One, Xbox Series S|X
Data de Lançamento: 14 de agosto de 2024
Depois do Thief Simulator 2 ter entrado nas nossas casas através do Pc, chegou agora a altura das consolas, e, como é apanágio da Ultimate Games, não na melhor forma, infelizmente, mas já lá iremos. O jogo foi desenvolvido pela CookieDev e Ultimate Games S.A., e publicado pela PlayWay S.A., e oferece a oportunidade de mergulhar no mundo do crime, com a ressalva de que ser apanhado tem consequências sérias. É uma experiência imersiva que combina estratégia, habilidade e um toque de adrenalina.
Desde o início, temos de tomar algumas decisões importantes, começando pela escolha da dificuldade: Fácil, Normal ou Hardcore. Se preferem focarem-se apenas nos roubos sem grandes preocupações com a possibilidade de ser apanhado, o modo Fácil é a escolha ideal. No entanto, se estão à procura de um desafio mais intenso e realista, o modo Hardcore é perfeito para vocês. Nesse modo, as vossas configurações são bloqueadas e, se – ou, mais provavelmente, quando – forem apanhados pela polícia, vão perder todo o vosso saque que acumularam. Além disso, salvar o jogo vai esvaziar os vossos bolsos, custando-vos todo o o vosso dinheiro. Como não quis arriscar perder tudo, decidi jogar no modo Normal.
Antes mesmo de iniciar a vossa jornada como ladrão, há outra escolha fundamental a fazer: optar pelo Modo História ou pelo Modo Livre. O Modo História segue uma narrativa específica, proporcionando uma experiência mais guiada e estruturada. Por outro lado, o Modo Livre permite-vos explorar o mundo do jogo à vossa maneira, fazendo o que quiserem, quando quiserem.
Após o jogo carregar, recebem uma chamada no vosso telefone com um aviso de que a polícia está à porta e precisam de escapar rapidamente. Se desconfiarem da veracidade da chamada, podem verificar as câmaras de segurança. Mas, antes de saírem, precisam de recolher algum equipamento essencial no exterior – um pé-de-cabra, uma lanterna e a chave do portão traseiro – para que possam correr até ao carro, fugir e voltar ao trabalho.
À medida que vão vivendo do crime, ganham experiência suficiente para subir de nível. Essa progressão é recompensada com pontos de habilidade que podem ser gastos em diversas capacidades, sendo a primeira delas a “Marcação”. Esta habilidade permite-vos destacar os inquilinos ao olhares para eles, e ao marcares alguém, aprenderás a rotina dessa pessoa, facilitando muito mais o roubo. Isto funciona muito bem com um esquema de controlo simples de aprender, onde um aviso no ecrã indica-vos qual o botão que devem pressionar e em que momento.
Existem três níveis de habilidades disponíveis: Comum, Raro e Épico. Muitas destas habilidades estão inicialmente bloqueadas, mas à medida que avançam no jogo, vão ter a opção de escolher quais delas preferem desbloquear, e algumas até podem ser melhoradas, embora algumas exijam mais do que um ponto de habilidade para serem desbloqueadas por completo. Esta variedade de habilidades adiciona uma camada de estratégia ao jogo, permitindo que adaptem o vosso estilo de jogo ao tipo de ladrão que desejam ser.
O Thief Simulator 2 funciona na perspectiva de primeira pessoa, e, como tal, acaba por ser uma experiência imersiva, visto que podemos abrir e fechar gavetas, procurar objectos, abrir portas com cuidado, esconder dentro dos caixotes do lixo ou debaixo das camas, partir coisas, usar outras tantas, com algumas delas a ter mecânicas próprias, como é o caso do lockpick. Para quem joga títulos da Bethesda o sistema do lockpick funcionar de forma muita parecida a Starfield ou Fallout, o que até achei uma boa referência. O mesmo acontece com o conduzir o nosso jipe, onde temos as tarefas mais corriqueiras e onde podemos passar da visão da primeira para a terceira pessoa, isto é, ver o jipe da parte de fora com a câmara afastada para nos movimentarmos melhor pelas estradas. Não é tão divertido como o GTA, mas é um pormenor engraçado.
Depois de termos acesso ao nosso esconderijo, que pagamos uma renda semanal, vamos poder colocar alguns items que roubamos para a decorar, assim como a melhorar, arranjar e tornar o nosso lar. É também aqui que podemos aceder ao nosso computador onde podemos navegar pela net para comprar items, vender os artigos que roubamos na dark web ou comprar ferramentas ou informação para os nossos “trabalhinhos”. Para além disso podemos sempre ir à loja de penhoras para trocar os items que roubamos por dinheiro vivo, o que é muito mais prático, especialmente se estivermos a jogar no modo hardcore. Acaba por dar uma boa diversidade ao jogo e algum sentido de propósito, não só para seguir a narrativa do ladrão, mas também para nos mimarmos um pouco.
A banda sonora do jogo é discreta, mas eficaz. Não há muita música a tocar durante o jogo, o que é compreensível. O Thief Simulator 2 preza por uma abordagem mais realista, com música apenas quando estão no vosso jipe ou se passarem por uma casa onde um rádio esteja a tocar. Ocasionalmente, vão ouvir uma música de suspense, especialmente quando a polícia é chamada, mas fora isso, os sons predominantes são os da natureza ou os barulhos que fazem ao invadir a casa de alguém e levar os seus bens. Este realismo sonoro contribui para uma experiência de jogo imersiva e tensa, onde cada movimento pode ser crucial.
O voice-acting também é bastante bem feito, embora por vezes possa parecer um pouco unilateral. Contudo, os NPCs reagem de forma convincente quando te encontram a vasculhar a casa deles, com pânico evidente nas suas vozes. A polícia, por sua vez, é bastante intimidante quando está à tua procura, criando um ambiente de tensão palpável. Invadir uma casa é uma experiência assustadora tanto para vocês, a não ser que sejam sociopatas, como para o residente, pois o som de vidro a partir é altamente chamativo e faz o vosso coração acelerar, acrescentando uma camada extra de emoção ao jogo.
Agora chegamos à parte mais chata do jogo, os gráficos. Para quem conhece o jogo no seu formato PC, ficará extremamente desiludido com este port. Para que a imersão num jogo deste estilo e género seja eficaz, a questão gráfica é muito importante e, nas consolas, o trabalho ficou muito aquém. Devo confessar que até fui ver gameplay´s da versão PC porque achava que não podia ser o mesmo jogo, mas é. As texturas são rudimentares, os modelos também, e há muita coisa que grita PS3 ou Xbox 360. O jogo não tem um mapa riquíssimo, nem uma quantidade enorme de NPC’s, portanto pensava mesmo que um port deste jogo era bastante fácil de executar, mas fiquei decepcionado. A imersão do jogo perde-se um bocado, os NPC’s são corpos com cabeças quadradas e o realismo perde-se por completo. Os gráficos do Thief Simulator 2 são impressionantes e, tal como a mecânica, parecem ligeiramente inspirados nos jogos da Bethesda, mas com um toque mais moderno.
No geral, Thief Simulator 2 é um jogo muito divertido e interessante, oferecendo a oportunidade de fazer coisas que, certamente, não farias na vida real, mas a experiência do PC é, claramente, muito, mas muito superior a esta versão de consola. A ideia é boa e até está bastante bem executada no papel, e, mais uma vez, no PC, mas ficou curto nas consolas. A minha outra queixa seria os tempos de loading, que podem demorar alguns minutos, mesmo para entrar numa área, o que na nova geração não faz sentido algum.