Developer: Supermassive Games, Ballistic Moon
Plataforma: PlayStation 5, PC
Data de Lançamento: 4 de outubro de 2024

A década de 80 e 90 foi recheada de filmes de terror, muitos deles alcançando um sucesso que é difícil de igualar hoje em dia. Nos dias atuais, os filmes de terror tendem a ser saturados de gore, afastando o público que apreciava as narrativas mais subtis e atmosféricas da época. Until Dawn leva-nos de volta a esse tempo, com uma inspiração quase perfeita dos clássicos de terror, mas passado numa época atual, onde os protagonistas já usam tecnologia moderna, como telemóveis, assim como apresentam os dilemas de uma geração jovem.

Foi também o jogo que fez a Supermassive Games tornar-se aquilo que é hoje, já que o jogo os catapultou para o reconhecimento mundial, consolidando a sua posição como um dos principais estúdios no género de terror interativo. O sucesso de Until Dawn deu origem a projetos como a trilogia The Dark Pictures Anthology, The Quarry, e mais recentemente, Casting of Frank Stone. Contudo, nenhum desses jogos conseguiu ter o mesmo impacto que Until Dawn no seu lançamento.

Surpreendentemente, Until Dawn foi lançado em 2015, e era um dos poucos exclusivos da PlayStation que eu ainda não tinha jogado. Com o anúncio do remake, este foi o momento perfeito para finalmente me aventurar na história, agora totalmente reimaginada em Unreal Engine 5 para a nova geração, ou melhor dizendo, para a atual geração, já que joguei na PlayStation 5.

Esta análise focar-se-á no remake em si, sem comparações diretas com a versão original, abordando apenas o que realmente importa neste Until Dawn Remake.

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Sendo um jogo de terror interativo, não podemos deixar de abordar o ponto fulcral: a sua história. O jogo inicia-se num cenário montanhoso isolado, coberto de neve, criando uma atmosfera de suspense e incerteza. Neste local, um grupo de amigos reúne-se para passar um bom momento, e como sempre acontece neste tipo de enredo, as partidas e brincadeiras são inevitáveis. Neste caso, a vítima de uma brincadeira de mau gosto é Hannah, que encontra um bilhete a dizer que Mike, o rapaz por quem ela é apaixonada, está à sua espera no quarto. Ingenuamente, Hannah prepara-se para ir ter com ele, mas ao chegar ao local, onde todos os amigos estão escondidos para lhe pregar a partida, percebe a verdadeira razão do bilhete, fazendo com que fuja para a floresta, a chorar de vergonha.

A sua irmã Beth, que não estava envolvida na brincadeira, corre para encontrá-la, e é na floresta que acontece um evento trágico, já que as duas jovens desaparecem para sempre, sem o grupo saber mais delas. Este é o início da narrativa, que rapidamente define as expectativas do jogador em relação aos momentos de tensão, à trama sombria e ao medo que permeiam grande parte da história.

Um ano após a tragédia, o grupo decide reunir-se na mesma cabana, sem saber que o passado ainda está bem presente e que os seus fantasmas irão assombrá-los. Entre as personagens, encontramos Mike, Sam, Chris, Ashley, Jess, Joshua, Matt e Emily, cada uma deles carregando a culpa e a dor do que aconteceu, criando um ambiente tenso entre eles.

Toda a história se desenrola ao longo de uma única noite, onde à medida que a noite avança, estranhos eventos começam a ocorrer. O grupo é constantemente atormentado por visões do passado e pela possibilidade de que algo maligno esteja à espreita na floresta que rodeia a cabana. A atmosfera torna-se cada vez mais opressiva, e o medo instala-se à medida que o grupo descobre que não estão sozinhos. Estranhos sons e aparições sombrias fazem com que os amigos se sintam cada vez mais inseguros.

Cada personagem traz uma dinâmica única para a narrativa. Sam, interpretada por Hayden Panettiere, é uma figura central que demonstra determinação em unir o grupo. Mike, por Brett Dalton, destaca-se como o carismático líder, que enfrenta vários desafios ao longo do jogo. Jess, interpretada por Meaghan Martin, traz um toque de leveza ao grupo, mas também desempenha um papel crucial na crescente tensão.

Chris, interpretado por Noah Fleiss, é o amigo equilibrado que tenta esconder a sua insegurança amorosa, enquanto Ashley, interpretada por Galadriel Stineman, mostra inteligência e um profundo dilema moral. Joshua, interpretado por Rami Malek, é o catalisador que convida os amigos para a cabana, lidando com a sua própria culpa. Emily, por Nichole Sakura, e Matt, por Jordan Fisher, apresentam uma relação complexa que reflete as tensões e ciúmes do grupo.

O jogo é dividido em capítulos que alternam entre as diferentes personagens, oferecendo assim diferentes perspectivas do que se está a passar, consoante o personagem que estamos a comandar, o que faz com que as decisões cruciais que irão impactar a narrativa estejam relacionadas com a personagem que temos em mãos. As escolhas feitas influenciam bastante as relações entre as personagens, mas também determinam quem sobrevive até o final da noite.

Um dos temas centrais da história é a ideia de confiança e traição. À medida que a noite avança, as personagens são forçadas a confrontar não apenas os horrores externos, mas também as falhas e segredos que têm uns com os outros. Além disso, a tensão e tudo o que vai acontecendo irá fazer com que vamos descobrindo uma série de pistas sobre a verdade que levou ao desaparecimento de Beth e Hannah. Desde jornais antigos, registos de pessoas desaparecidas e detalhes sobre os habitantes da montanha, incluindo a história de um maníaco que aterroriza a região. As revelações gradualmente montam um quadro mais sombrio, que culmina num clímax de horror psicológico.

Ao longo do jogo percebemos que teremos mais de um problema para resolver, e o perigo não se encontra apenas num local, já que existem diversos perigos para enfrentar na montanha. Acreditem que terão pela frente escolhas bastante difíceis, umas que levarão a eventos bastante trágicos, outras de superação e outras que ficam num limiar entre a superação e o medo de ter feito a escolha errada. A verdade é que depois de finalizar o jogo, certamente a sensação é de rapidamente o querer recomeçar, ou re-jogar alguns capítulos, para perceber o que podemos fazer de diferente, de maneira a ter um desfecho melhor do que aquele que tivemos.

 Em termos de jogabilidade, Until Dawn Remake apresenta uma perspectiva em terceira pessoa, com a câmara sobre o ombro das personagens, que permite ser movimentada em diversos momentos. Isto acontece em ambientes mais abertos, já que quando estamos em corredores e zonas estreitas não a podemos movimentar. A movimentação das personagens, embora seja feita pelos jogadores, não é possível alterar a sua velocidade, isto é, quando eles correm é porque o jogo assim quer que aconteça, apesar de na maior parte do tempo estejam apenas a andar, uma escolha que certamente é para criar mais tensão no jogador.

Algo que parece precisar de algumas melhorias – e acreditem que acontece bastante vezes – é a sensação das personagens serem puxadas contra as paredes. Muitas vezes, quando nos movimentamos, parece que as paredes têm um íman que os fazem ir até lá. Isto acontece bastante em zonas estreitas, ou em locais onde temos de mudar de direção, provavelmente terá algo a ver com a câmara do jogo, mas que tem de ser resolvido, já que cria uma sensação estranha.

O uso do DualSense da PlayStation 5 é um dos destaques do remake. O feedback tátil e os gatilhos adaptativos são utilizados de maneira eficaz, proporcionando uma experiência envolvente. A vibração em momentos de tensão e o sensor de movimento durante os segmentos que não nos podemos mexer aumentam a tensão e a imersão. Se o jogo fosse um exclusivo PlayStation 5, diria que muitas mais funcionalidades poderiam e deveriam ter sido implementadas para usar o DualSense na sua perfeição, mas o seu lançamento para PC provavelmente impediu termos mais funcionalidades nesse sentido.

Os quicktime events adicionam uma camada de tensão, exigindo que sejamos rápidos e precisos. Nestes casos temos de carregar nos botões corretos em pequenos instantes, para que as nossas ações tenham sucesso. Embora a maioria deles seja fácil de ultrapassar, já que grande parte dos jogadores conhece na perfeição o comando da PlayStation, foram adicionadas opções de acessibilidade para aqueles que possam ter mais dificuldades, sendo que uma delas é o auto-passing, fazendo esses eventos serem ultrapassados sem problemas, tornando assim o jogo mais inclusivo e acessível.

No aspecto gráfico, o jogo é simplesmente deslumbrante. Nota-se claramente o poderio do Unreal Engine 5, tornando todo o visual bonito, detalhado, realista e dinâmico. Com texturas de uma qualidade notável, assim como a iluminação, consegue oferecer uma atmosfera única, criando cenários que vão desde uma boa luz devido ao luar, a locais absolutamente escuros e assombrosos, criando ambientes super imersivos. No aspecto das personagens, estas apresentam modelos muito refinados e ricos em detalhes, criando uma experiência visual que impressiona, desde sinais na cara das personagens, e até em alguns momentos, a conseguir-se ver os poros na cara.

No que diz respeito à parte sonora, o jogo apresenta uma banda sonora incrível, com faixas bem conhecidas dos jogadores. Por esse motivo, aqueles que gostam de fazer streams, têm a opção de streamer, de maneira a retirar essas músicas do jogo quando o estão a gravar ou transmitir. Os efeitos sonoros são incríveis, oferecendo momentos de tensão, de perigo e de medo.

Until Dawn Remake é um jogo verdadeiramente incrível. Mesmo não tendo jogado a versão original, a experiência desta nova versão mostrou-me a razão pelo sucesso da Supermassive Games aquando o lançamento do original. Para quem nunca o jogou, esta é uma oportunidade imperdível. Certamente é a melhor versão para experimentarem o jogo, que, devido ao seu final, mostra que teremos uma sequela no horizonte. É um jogo que qualquer fã desejará.

REVER GERAL
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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-until-dawn-remake<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A história e a inspiração nos clássicos de terror</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente incrível</li> <li style="text-align: justify;">Excelentes momentos de suspense</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Personagens por vezes parecem atraídos pelas paredes</li> </ul>