Developer: Astrolabe Interactive
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 15 de janeiro de 2025
Tendo o ano de 2024 sido marcado por diversos jogos de sobrevivência – alguns deles bastante marcantes que tive oportunidade de jogar – foi com algum entusiasmo que decidi entrar no mundo de Aloft, um jogo de sobrevivência e crafting que se destaca por oferecer um conceito diferente do habitual. Aquilo que é imediatamente mais marcante é a exploração do seu mundo, que é composto por ilhas flutuantes, muitas delas cheias de corrupção que temos de combater e que ameaça todo o ecossistema daquele mundo. É importante ter em conta que o jogo entrou agora em Early Access, e por isso, ainda tem muito trabalho pela frente, embora se note que os pilares já estão alicerçados.
O enredo de Aloft coloca-nos num cenário de desolação, onde uma tempestade dividiu o mundo em ilhas flutuantes. Presos numa dessas ilhas, o nosso objetivo é sobreviver, explorar e restaurar o equilíbrio ecológico de cada ilha corrompida, sem sabermos qual a ameaça que temos pela frente, e a fonte daquela destruição. É esta ideia de algo andar a corromper aquele mundo e termos de o salvar que é uma das principais premissas do jogo. Além da nossa sobrevivência, teremos de purificar as ilhas que se encontram corrompidas e depois de as livrar desse problema, teremos de semear uma nova vegetação de maneira a restaurar a sua biodiversidade, para a ilha voltar a ficar saudável. A ideia é bastante simples, mas encaixa bem num jogo onde vamos passar muito tempo a explorar, fazer descobertas, voar, entre muitas outras mecânicas que o jogo nos oferece.
É importante perceber o mundo do jogo, e como já disse, este é composto por ilhas flutuantes, o que oferece uma sensação de vastidão e liberdade. As ilhas estão suspensas no ar, e todas elas separadas, umas por muito espaço, outras a distâncias menores. A primeira impressão que temos ao visualizar este cenário é de deslumbramento, dando a sensação de um cenário amplo e de exploração quase inimaginável (pelo menos inicialmente). Passadas algumas horas de jogo, percebemos que esse isolamento entre ilhas, obriga-nos a navegar durante muito tempo, muitas vezes com os pontos de interesse bastante longe uns dos outros.
Para percorrermos a distância entre ilhas, podemos usar planadores para as ilhas que estão mais próximas e as próprias ilhas flutuantes para navegar de forma mais eficiente, depois de transformadas em bases. Este modelo e design do mundo é um dos pontos intrigantes do jogo, combinado a ideia clássica de exploração dos jogos de sobrevivência com as diversas ilhas que temos para explorar.
O mapa de Aloft é gerido por um sistema procedural, isto é, as ilhas são criadas de forma aleatória. Por um lado, isso cria-nos a sensação de descoberta única e contínua, onde nada é totalmente igual ao que já vimos. Por outro lado, depois de algumas horas, dá para perceber que algumas zonas das ilhas são cenários que já vimos noutras ilhas, por muito que exista essa aleatoriedade.
Neste momento, o jogo tem três biomas, um bioma florestal, um desértico e um mais aquático. Estes biomas apresentam elementos visuais bem definidos, como a vegetação bem visível no bioma florestal, os desertos secos, mas por ser um jogo em Early Access nota-se claramente a falta de variedade. Os biomas apresentam características similares, o que faz com que a exploração vá perdendo a importância conforme vamos jogando, já que se nota a falta de variedade, quer dos terrenos, como das construções.
Apesar dessas limitações, o design das ilhas é interessante. Cada uma delas apresenta uma estrutura única, algumas com áreas abertas, outras apresentam cavernas misteriosas, algumas são grandes, o que nos oferece bastante espaço para a construção das nossas bases móveis e instalações, enquanto outras são pequenas. Um dos pontos de destaque é a construção de bases nas ilhas flutuantes, o que além de tornar as ilhas móveis e com isso percorrermos distâncias mais rapidamente, possibilita-nos igualmente a construção de edifícios e objectos.
No que diz respeito à construção, podemos dizer que é uma das mecânicas principais neste momento do jogo. Isto porque para conseguirmos aprender novas construções teremos de aprender como as fazer, sendo que para isso existe um sistema de blueprints que podem ser adquiridas ao explorar o mundo ou por experiência prática. A cada nova aprendizagem podemos construir novas estruturas e tecnologias, como estruturas de apoio, cadeiras, mesas, assim como objetos úteis para a nossa sobrevivência, como picaretas, espadas, machados, entre outros. Ainda assim, a quantidade de itens que podemos construir é limitada, algo normal para o estado em que o jogo se encontra actualmente.
O combate que costuma ser outro dos pontos principais neste tipo de jogos, não é o foco principal em Aloft, podendo mesmo dizer que é um elemento secundário. Temos as habituais armas para combater, como espadas e lanças, mas a quantidade de inimigos no jogo e a sua variedade é bastante limitada. Além disso, o combate é bastante simples e fácil, sendo um jogo que nesse aspecto não apresenta grande progressão, e embora seja possível aprender alguns movimentos interessantes, as criaturas são normalmente bastante simples de ultrapassar.
Um ponto importante do jogo, e diria mesmo essencial neste género, é a possibilidade de jogar com amigos em cooperação. Aloft permite jogar com até oito jogadores simultaneamente, sendo possível partilhar recursos, explorar todos os locais em conjunto e até construir ilhas flutuantes em cooperação.
Um dos maiores problemas do jogo neste momento, é que depois de uma dúzia de horas, a falta de novidades e de profundidade torna-se bem patente. O combate por ser fácil também não oferece grande desafio ao jogador e sentimos que faltam mais elementos dinâmicos para nos fazer permanecer naquele mundo. Tudo isto são elementos normais em jogos que acabam de entrar em Early Access, o que significa que com o tempo e com o feedback dos jogadores certamente serão adicionadas muitas melhorias e novos conteúdos.
O aspecto da performance, tenho de dizer que foi um dos maiores problemas, os crashes aconteceram-me imensas vezes, e muitas dessas vezes tinha mesmo de reiniciar o sistema, já que todo o computador ficava bloqueado. É algo que felizmente não irá acontecer a todos os jogadores, mas a alguns poderá acontecer, tal como me aconteceu. Para quem está habituado a jogar jogos, nesta fase de desenvolvimento não é nada fora do normal, mas para aqueles que acham este tipo de problemas mais frustrante, diria para darem mais algum tempo de desenvolvimento, antes de se iniciarem no mundo de Aloft.
No aspecto gráfico o jogo apresenta um estilo gráfico estilizado e colorido, com uma estética que nos remete para aqueles cartoons com um estilo bastante “estranho”, com um visual diferente do habitual, ainda assim engraçados e bonitos. As ilhas que compõem o mundo do jogo são visualmente também bastante bonitas, quer sejam as pequenas ilhotas ou até as maiores plataformas flutuantes. As texturas variam entre algumas bastante encantadoras e detalhadas, e outras que deixam um pouco a desejar.
A palete de cores apresenta tons bastante vibrantes com uma boa iluminação, o que ajuda a criar uma atmosfera envolvente e ao mesmo tempo acolhedora, o que é ideal para o jogo em questão.
Já no que toca ao som, o jogo utiliza uma banda sonora tranquila, com melodias suaves que acompanham a jornada de exploração nas ilhas. Os efeitos sonoros são adequados, com sons de ferramentas, construções e combate que tentam criar um ambiente dinâmico, embora se note que falta mais variedade nos efeitos relacionados com os ambientes, como o vento ou o som das criaturas.
Aloft oferece uma proposta diferente dentro deste género, com mecânicas únicas como a construção de ilhas flutuantes que serve de transporte ao jogador. No entanto, joga-se claramente que ainda está em desenvolvimento e ainda apresenta limitações em praticamente todos os elementos, ainda assim, nota-se que já tem as suas bases já criadas, sendo agora preciso adicionar conteúdo e afinar alguns problemas como a optimização e alguns bugs. A equipa de desenvolvimento já apresentou o roadmap, o que mostra o que vão trazer nas futuras atualizações. É um jogo para ter debaixo de olho, e que irá crescer muito com o feedback de todos os jogadores.