Developer: Omega Force, Koei Tecmo
Plataforma: PC, Xbox Series X|S, PlayStation 5
Data de Lançamento: 17 de janeiro de 2025

A franquia Dynasty Warriors sempre foi uma das minhas favoritas, e é sem dúvida uma daquelas séries de jogos que diverte qualquer jogador que goste do estilo musou. Além disso, foi devido a esta franquia, que já lançou o seu primeiro jogo em 1997, que comecei a conhecer melhor algumas das grandes personalidades da história da China e obviamente a época histórica dos Três Reinos, o que também me levou mais tarde a ler sobre essa matéria, para conhecer melhor um pouco do que se passou nessa altura.

Os jogos baseiam-se mais no Romance dos Três Reinos, uma obra de ficção escrita por Luo Guanzhong, do que dos eventos de registos históricos dessa época. Embora o romance vá buscar muitos factos históricos, a verdade é que sendo uma obra de ficção, funciona bastante mais como uma novela histórica, que serve para entreter quem o lê e também trazer algumas ideias que servem para exaltar conceitos como a lealdade e o heroísmo.

Se nos jogos anteriores, nós jogávamos com os vários protagonistas da obra, desta vez a Omega Force e a Koei Tecmo decidiram abordar a narrativa de Dynasty Warriors: Origins de uma nova maneira, colocando-nos a comandar um novo personagem e assim dando uma nova perspectiva ao jogo. Este protagonista serve como um ponto de vista único para explorar os vários conflitos e alianças que moldam aquele período bastante turbulento da China antiga. Agora não vamos comandar todos aqueles personagens icónicos – Cao Cao, Liu Bei, Sun Quan, entre outros – mas sim, Wanderer (o Viajante), oferecendo-nos assim uma maneira inédita de nos contar a narrativa, e criando até uma sensação mais intimista dos acontecimentos do ponto de vista do protagonista.

Esta escolha pode não agradar a todos os jogadores, mas no que me diz respeito, achei uma ideia verdadeiramente acertada. Distanciou-se da sua fórmula original, baseada em múltiplas campanhas, e que nos permitia observar as narrativas de diferentes pontos de vista e consoante a facção que jogávamos. Agora, temos uma única história, toda ela bastante coesa, mas que nos obriga conhecer todos aqueles personagens de outra perspectiva, algo bastante diferente e que certamente fará muitos jogadores quererem saber mais sobre o Romance dos Três Reinos ou mesmo sobre a história da China na época dos Três Reinos.

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A maneira de conhecermos todas estas personagens, é sempre a partir dos diálogos e das imensas cutscenes que o jogos nos oferece, todas elas verdadeiramente bem feitas, com um visual extremamente bonito e polido, graças ao jogo ter saído apenas para as consolas da geração actual. Isso proporcionou um salto gráfico que se nota verdadeiramente, mas isso já falaremos mais à frente.

A verdade é que se percebe realmente a personalidade das várias personagens do jogo, transmitindo-nos sempre a ideia dos mais ambiciosos, daqueles que gostam de ajudar o povo, ou mesmo daqueles que podem ter grandes ideias, mas que as metem em prática de maneiras não muito corretas. Esta maneira de nos mostrar a narrativa mostrou-se sem dúvida uma ideia vencedora, e que a mim agradou bastante.

Falando essencialmente do protagonista, este é uma figura misteriosa até para o jogador, por ser um personagem que não requer qualquer personalização da nossa parte. Podemos apenas alterar o nome pelo qual vai ser tratado, e olhamos sempre para ele como uma figura misteriosa. Isso acontece essencialmente porque é um guerreiro que esqueceu o seu passado, e na verdade não sabemos qual o seu papel no mundo do jogo, sendo um completo “outsider”.

Com o avançar da história, percebemos que além do protagonista procurar respostas de quem é e qual o seu propósito naquele local, para depois, ao longo do jogo, descobrirmos as respostas gradualmente ao encontrarmos algumas personagens. Este ponto, é também algo novo, já que oferece um novo elemento simultaneamente ao jogo, já que além do Romance dos Três Reinos, temos agora esta narrativa que também nos causa algum suspense de perceber quem é esta personagem que controlamos.

Quanto à jogabilidade, aqui podemos dizer que continua bastante idêntico ao que a série já nos habituou, ou seja, combates épicos contra centenas de inimigos em mapas vastos. Ainda assim, apresenta algumas mudanças, que não estragam em nada tudo aquilo que os fãs de musou apreciam, e até conseguem dar outro dinamismo ao jogo. Umas dessas mudanças é desde logo o mapa principal que nos faz uma representação da China naquela época, e que serve para o percorrermos com a nossa personagem de maneira livre, conhecer as principais cidades, os locais mais importantes dos conflitos e até dar algumas funcionalidades, como apanhar alguns itens que vão aparecendo espalhados pelo mapa. Quase como acontece com alguns títulos de JRPG.

O mapa encontra-se segmentado por diferentes regiões, e inicialmente não podemos avançar em demasia, já que existem muralhas com portões que se encontram fechados e vão sendo abertos conforme avançamos no jogo. É também neste mapa que temos a possibilidade de ver as missões quer principais e secundárias e falar com NPCs. Vale a pena explorar o mapa, já que os itens que podemos apanhar vão reaparecendo, assim como missões secundárias também vão surgindo durante todo o mapa, com batalhas de grau de dificuldade reduzido e também de menor dimensão, que nos ajudam a progredir a nossa personagem.

Já dentro das missões, temos os habituais mapas amplos, mas agora com uma vertente mais de mundo aberto, onde podemos explorar, e até ir fazendo os objetivos de forma mais livre, desde que nunca deixemos os objetivos principais falharem, como por exemplo, um dos NPCs principais da missão falecer. Como é habitual, vamos ganhando novos objetivos conforme progredimos, alguns secundários, outros que temos mesmo de fazer, mas tudo acontece de forma bastante interessante. Diria que a maneira como tudo foi colocado no jogo, oferece uma maior fluidez às missões.

Um dos destaques do jogo, como sempre aconteceu, são os confrontos com os vários exércitos e com os generais desses exércitos, onde podemos usar diversos golpes devastadores. Essa devastação difere consoante a arma e as habilidades que podemos usar, Dynasty Warriors: Origins adicionou algo que me agradou bastante que foi a progressão da personagem, visto que agora vamos subindo de nível, e com isso vamos desbloqueando skill trees. Ao longo do jogo temos 6 skill trees cheias de melhorias para a nossa personagem, e cada uma delas tem vários itens que podem ser desbloqueados, que vão desde boots de defesa, ataque e até algumas habilidades. Para desbloquearmos esses itens temos de ganhar skill points, que são ganhos quer nas batalhas das missões, como também em objectivos que os NPC’s por vezes nos dão, e que vão desde fazer um determinado número de golpes com uma arma, usar várias vezes uma habilidade, ou mesmo derrotar um determinado número de inimigos, entre outros objectivos.

Este modelo permite-nos personalizar bastante o combate, já que cada jogador usará as habilidades que mais gostar, assim como as armas que mais lhe agradar. No caso das habilidades, podemos quase dividi-las por aquelas que podemos usar com qualquer arma, e por aquelas que são especificas de determinadas armas. Falando das armas, ao todo temos 10 tipos de armas, mas que não estarão todas disponíveis inicialmente, visto que serão desbloqueadas conforme vamos progredindo. As armas são: Sword, Wheels, Podao, Crescent Blade, Staff, Lance, Gauntlets, Twin Pikes, Spear e Halberd. Outro sistema marcante é também a progressão com armas, que conforme vamos jogando com elas, vamos ganhando proficiência com cada uma delas, o que irá também desbloquear novos combos, e novas habilidades.

Outra novidade interessante, trata-se do Eyes of the Sacred Bird, e este é um poder especial que nos permite ter informações especiais do campo de batalha, como magias que alguns inimigos usam para ficar invencíveis. Com esta habilidade podemos ver de onde está a vir determinado poder para o destruir, assim como conseguimos perceber ao longe os principais inimigos e aliados que estão a lutar em determinado local. Já no mapa mundo, este poder também pode ser usado de maneira a encontrarmos mais facilmente itens, mas também o caminho mais preciso para a missão principal. Diria que é a tentativa de criar mais uma mecânica inovadora ao jogo, e que foi muito bem implementada.

Uma das diferenças significativas e que certamente os fãs da franquia notaram a sua ausência é o modo cooperativo local. Percebo perfeitamente a ausência deste modo, face à maneira como o jogo agora se processa, com um único protagonista jogável, mas limita tudo o que era a partilha de diversão com amigos, que muitas vezes acontecia nos jogos de Dynasty Warriors. Diria que esta é a falha mais notória do jogo.

Outro ponto que certamente alguns jogadores poderão achar menos positivo é a ideia de repetitividade, algo que no contexto de um musou não faz grande sentido. E passo a explicar, quem conhece este jogos, sabe perfeitamente como se processam, e por muito que os inimigos mudem, em termos de armas ou de poderes, a verdade é que será sempre um jogo em que vamos avançando num mapa, alcançando bases inimigas, eliminando quantidade massivas de inimigos e generais e bosses que lá estejam, e as missões praticamente vão sempre sendo processadas desta maneira. Logo, obviamente que o jogo no aspecto de missões é sempre igual, mas se fossemos pensar desta maneira, os jogos das franquias Mortal Kombat, Street Fighter, como outros jogos de luta também seriam repetitivos, porque são sempre processados da mesma maneira.

Um aspecto que não posso deixar de destacar pela negativa é a ausência de localização em português, algo que defendo bastante nos jogos, para aumentar a sua acessibilidade. Este é um ponto que ainda hoje afasta alguns jogadores, que por vezes não tem um nível de inglês que lhes permita compreender todo o jogo, e apenas com umas simples legendas ganhariam outra vontade de o jogar.

Do ponto de vista gráfico, é impossível não ficarmos encantados com a diversidade de cenários. O jogo oferece um novo nível de imersão ao transportar-nos para os campos de batalha amplos, com cidades detalhadas e paisagens que capturam muito bem a essência do período histórico retratado. No que toca à qualidade gráfica e de texturas, é notável a melhoria, já que praticamente todas as texturas são mais detalhadas. A iluminação passou a ser dinâmica, temos alterações meteorológicas e animações que dão vida ao mundo e às suas personagens, e o impacto visual de enfrentar centenas de inimigos simultaneamente e não se notar quebras também é outro ponto notável.

A banda sonora mantém o habitual da série, isto é, uma banda sonora de excelência com composições épicas, mas modernas ao mesmo tempo, sempre com um toque bastante intenso e ativo para aumentar o entusiasmo dos combates e reforçar o ambiente das batalhas. Em termos de voice acting, o jogo apresenta opções em japonês e inglês, com interpretações bastante interessantes nos dois idiomas, principalmente nos momentos das cutscenes. Já dentro das missões, essa atuação já deixa um pouco a desejar, já que existe uma limitação nos diálogos, e muitas vezes notamos a repetição de diversas frases.

Dynasty Warriors: Origins era para mim um dos jogos mais esperados do ano, por ser um grande fã da franquia. Ainda assim, tenho de confessar que superou as minhas expectativas e deixou-me verdadeiramente encantado. O jogo soube modernizar-se, quer em termos gráficos, mas também nas novas mecânicas que trouxe, e espero que continue por este caminho nos jogos futuros. É certamente o grande jogo do mês de janeiro de 2025, e para mim esse título já não lhe tiram.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-dynasty-warriors-origins<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Graficamente incrível</li> <li style="text-align: justify;">Maneira diferente como a narrativa é contada</li> <li style="text-align: justify;">Combate incrível</li> <li style="text-align: justify;">Adição de novas mecânicas</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Falta de opção co-op</li> <li style="text-align: justify;">Não apresenta localização para Português</li> </ul>