Developer: Sony San Diego
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 18 de Março de 2025
De luva posta, boné na cabeça ou de taco na mão, está na hora de nos equiparmos a rigor para dar início a mais uma temporada da MLB, a Major League Baseball, que é como quem diz: o campeonato de basebol norte-americano. É por lá que a modalidade concentra um maior número de adeptos que enchem os estádios a cada jogo. Fazendo uma comparação simples, enquanto por cá, nós saímos de casa a um domingo para ir ver a bola e comer uma bifana nas roulottes, podemos dizer que eles é mais tacos e preferem ir em família apreciar o espetáculo que dizem ser um jogo de basebol.
Dito isto, já que não existe transmissão televisiva da MLB em Portugal, o máximo que nós estamos de poder apreciar esse espetáculo é através dos videojogos, e nisso, a franquia MLB The Show tem dado conta do recado. Este MLB The Show 25 não é excepção e mesmo sem inventar a roda, nem revolucionar muito, continua com a sua bem base protegida graficamente e aproveita para encaixar umas novidades aqui e ali, sem se desviar do essencial que é claramente uma aposta na continuidade do trabalho que tem sido feito pela Sony San Diego.
A edição deste ano marca uma ruptura com as gerações anteriores e o jogo sai apenas na PlayStation 5, Xbox Series e Nintendo Switch, embora este ano não faça parte do Game Pass, como aconteceu com as últimas edições. Não há propriamente um motivo oficial para tal não acontecer, mas não é difícil perceber que algum tipo de contrato com a MLB que permitia fazer isso, tenha chegado ao fim. Isto é claramente pior para os jogadores Xbox e um verdadeiro teste para a Sony saber se quem jogava o jogo através do serviço, será agora capaz de gastar dinheiro nele. Como se costuma dizer em jeito de brincadeira: prognósticos só no fim do jogo.
Vamos então para o campo, onde podemos ver algumas das novidades de MLB The Show 25. Visualmente é difícil perceber se estamos perante um jogo novo ou um dos antigos, o que não significa que seja um ponto mau. No que está bom não é preciso mexer muito e a verdade é que o jogo continua graficamente muito bonito e ainda conta com toda a atmosfera de uma boa transmissão televisiva, onde apresenta dados dos jogadores, comentários diversos, ambiente nas bancadas e até aquelas músicas de piano que estamos habituados a ouvir nos desportos norte-americanos. Apercebi-me de algumas novas animações, mas a olho nu, não dá para distinguir o que já cá estava antes e o que é realmente novo.
A verdade é que uma coisa é olhar e outra completamente diferente é jogar. Aqui notei algumas mudanças, principalmente no número de mini-jogos de precisão rápidos que acontecem por partida, os chamados “quick time events”. No turno defensivo, por exemplo, é necessário acertar os passes com a força certa, controlado por um indicador de cores que nos obriga a ser rápidos e a ter a destreza necessária para concluir a jogada com sucesso. Também quando estamos na posição de catcher (o jogador que está por trás do do atacante que bate na bola), é preciso ajustar a luva, que aparece no ecrã em forma de desenho, para receber a bola da melhor maneira e passar logo para uma das bases, de forma a eliminarmos o atacante. Quanto melhor recebermos a bola, mais fácil é o mini-jogo seguinte, mas não deixa de colocar à prova nossa perícia. Isto pode até ser mais difícil do que antes, mas pelo menos dá à defesa uma nova vida e faz os melhores jogadores distinguirem-se dos mais fracos.
No ataque também continuam a existir estes jogos de botões, principalmente quando estamos a correr para uma das bases e prestes a ser eliminados. É satisfatório ver o nosso jogador a dar tudo quando acertamos corretamente na sequência de botões e fazer ponto. O jogo fica numa espécie de câmera lenta para dar mais emoção à jogada. A quantidade de momentos como este depende, claro da dificuldade que colocamos e da maneira que decidimos jogar MLB The Show 25. Tal como as suas edições passadas, o jogo permite personalizar a nossa maneira de jogar. Se é com botões em cada base, se é com os analógicos, etc… Continua a existir a dificuldade dinâmica que se vai ajustando ao nível que apresentamos, o que é bom para os mais novos ou os menos batidos nisto. Para os mais exigentes foi adicionada a dificuldade GOAT.
O que achei mais difícil foi acertar com o tempo certo de uma boa tacada. Mesmo no modo em que escolhi, que basta carregar num dos botões na altura certa, as coisas não foram famosas para o meu lado. Demorei bem mais do que em anos anteriores para conseguir ter um tempo mais certo de acerto e mesmo assim, volta e meia falhava umas quantas tacadas de seguida. Nesta parte das tacadas existe uma nova mecânica denominada “Ambush Hitting”, que pode ajudar bastante, onde um alvo permite prever onde é que a bola vai ser atirada e ajustar com o analógico onde ela vai cair e com isso acertar com sucesso, conseguindo mais facilmente um home run. Do lado do atirador, as coisas pareceram-me idênticas, quer no modo em que basta carregar num dos botões e dar a direção certa ou no outro em que temos de encher uma barra de energia e depois acertar no momento exato para sair um bom lançamento.
Podem parecer poucas coisas, mas no geral gostei das inovações apresentadas. Pelo menos levam-nos a habituar a algumas novas formas de jogar. Claro que para jogadores mais regulares, isto são coisas que passado uns dias já não ligam assim tanto e faz parecer que estão no jogo anterior. Isto também acontece com outras franquias desportivas anuais bem conhecidas como o EA FC ou o NBA 2K. Trazem umas mecânicas e animações novas na jogabilidade de um ano para o outro, mas rapidamente se torna mais do mesmo.
Fora de campo, MLB The Show 25 não se deixou dormir em cima do sucesso e pelo menos dá-nos mais uns bombons para nos mantermos entretidos. A aposta no modo Storylines continua com a terceira temporada da Negro Leagues, onde podemos explorar novas histórias e ficar a conhecer mais sobre a história do próprio basebol. No início estão disponíveis três novos jogadores: James “Cool Papa” Bell; Wilber “Bullet Joe” Rogan e Norman “Turkey” Stearnes, mas está prometida a chegada de novos jogadores com outros enredos nos próximos meses. Este modo faz-nos reviver momentos históricos com a colaboração de imagens reais e declarações dos próprios jogadores. A aposta neste modo já vem desde MLB The Show 23 com o objetivo de passar às gerações mais novas a história destes guerreiros que entre 1920 e 1948 foram obrigados a criar uma liga à parte para poderem jogar basebol.
O Road to the Show também foi mais uma vez redesenhado. O modo que nos permite ser um jogador e sonhar com a World Series (para quem não sabe, são as finais da liga), regressa depois do ano passado ter incluído uma jogadora como opção numa das suas histórias. Este ano mantém essa aposta como hipótese de escolha, mas leva os jogadores para o ensino médio. Jogar pelas universidades é agora possível, e embora não seja por muito tempo, é giro poder jogar uma temporada antes de ir ao Draft e ser observado por olheiros de diversas universidades que vão gerando o interesse por nós conforme as nossas prestações em campo. Também não falta o Draft Combine introduzido anteriormente, onde passamos por quatro fases de teste até sermos escolhidos na grande noite do Draft. Os contratos de two-way fazem com que passemos muitas vezes pelas equipas “B” de uma franchise mais batida, mas que será essencial para nos valorizarmos como jogador.
O modo de progressão do nosso jogador também mudou e usa agora um sistema mais próximo do NBA 2K, onde necessitamos de tokens para poder gastar nos atributos que pretendemos evoluir. Mas calma, não é tão exigente como a franquia da 2K. Fácilmente vamos ganhando tokens com boas ações no campo ou até mesmo nos treinos específicos que podemos fazer. As nossas interações com outros personagens e as cutscenes ainda é algo que pode e deve ser melhorado no futuro, mas o sistema de escolhas de diálogo não é mau e faz um efeito engraçado, embora as coisas não mudem muito, a não ser as equipas ou as universidades pelas quais vamos poder jogar.
Numa semana a jogar basebol há que fazer opções e confesso que não explorei demasiado o modo das cartas, o Diamond Dynasty. Não sou o maior fã destes estilos FUT que a EA Sports celebrizou e por isso fico sempre desconfiado quando me metem a abrir demasiados pacotes em que calham jogadores, tacos, estádios e outros mil itens que na prática nem servem para nada. Ainda assim, do que vi nos últimos anos, as coisas pareceram-me idênticas, onde construímos a melhor equipa que conseguimos e competimos em jogos offline e online, torneios, ligas, entre outras opções.
A grande novidade é a adição do Diamond Quest que é uma espécie de roguelike offline, a lembrar os jogos de tabuleiro em que lançamos um dado e tentamos explorar todas as casas desse mesmo tabuleiro que representam um estádio. Cada casa onde calhamos pode ter um desafio e preparem-se para ser colocados à prova dentro do campo. Desde situações específicas, a jogos mais curtos, pode acontecer de tudo um pouco, uma vez que cada tabuleiro é gerado aleatoriamente. Para ir avançando no jogo é preciso completar esses desafios, ganhar power ups e obter recompensas de modo a sair vencedor e a ganhar, quem sabe, um par de amendoins que depois podem ser gastos noutros componentes. Isto é engraçado num primeiro momento, mas sinceramente não é daquelas coisas que me vai fazer ligar o jogo de forma propositada para voltar a jogar. O Diamond Dynasty implementou ainda o novo Weekend Classic, mas não tive oportunidade de jogar porque no dia em que escrevi esta análise, ainda faltavam uns dias valentes para isso acontecer. Ainda assim, na teoria, basicamente os jogadores participam em eventos que contam para a classificação durante quatro dias, onde jogam contra adversários do mesmo nível. Quanto mais jogos ganharem, mais recompensas terão.
A franquia continua a apostar nos outros modos Franchise e March To October, mas sem grandes alterações de fundo, pelo menos que tivesse notado nesta minha semana de experiência com o jogo. No primeiro somos os donos e os treinadores de uma equipa e controlamos as contratações, orçamentos, contratos e jogamos com a equipa uma épocas completas ao longo de vários anos. Já no March To October jogamos só os jogos chave da época e conforme os nossos resultados nesses momentos, é feita uma simulação de vitórias ou derrotas para os próximos jogos. Algo mais rápido para quem não tem tanto tempo para jogar.
Existem ainda outras opções, nomeadamente se falarmos em jogar com amigos. Podemos ir ao Retro Game jogar um jogo mais antigo da franquia numa experiência bastante nostálgica para quem possa ter jogado um desses jogos. Podemos também optar pela luta de home runs no Home Run Derby, onde quem fizer mais ganha ou então ir até ao online competir com outros jogadores ou mesmo fazer partidas em modo cooperativo. O que não falta são modos para jogar.
MLB The Show 25 aproveita tudo o que tem sido bem feito na franquia para dar mais uma tacada certeira na sua edição anual. Com uma jogabilidade mais virada para eventos rápidos e uma introdução de novas histórias e elementos nos diversos modos de jogo, continua a fazer de tudo para manter os jogadores mais velhos interessados e tenta atrair os mais novos para o basebol.