Developer: Tamsoft Corporation
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 21 de Março de 2025

Os fãs de BLEACH, como eu, andam há 14 anos à espera de um novo jogo do famigerado anime e manga. Sim, é verdade, foi há 14 anos que saiu BLEACH: Soul Resurrección para a PlayStation 3, um jogo em estilo musou, que tinha 14 capítulos e 21 personagens jogáveis, que ia até ao fim da saga, pelo menos até onde tinha ido na altura. No entanto, eu gostava mais dos tradicionais fighter’s que saiam, e neste caso bastante mais antiguinhos, como é o caso da série BLEACH Heat na PSP e do jogo que saiu para a Wii o BLEACH Shattered Blade.

Portanto, quando foi anunciado um novo jogo do BLEACH, o meu medo foi instantâneo, porque o BLEACH: Brave Souls é um joguinho de crianças mobile que é free-to-play e saiu para todas as plataformas, mas perdoem-me, aquilo não é nada! O que vale é que este Bleach Rebirth of Souls foi exactamente para onde eu queria, um fighter 3D, a ir buscar a inspiração aquilo que tem sido feito com a franquia Dragon Ball nos videojogos dos últimos tempos. Um jogo dividido em capítulos, com os vários momentos de todas as várias temporadas do Bleach, até mesmo, este último capítulo da Thousand-Year Blood War, portanto, a experiência completa, com pequenas cutscenes, os diálogos mais importantes, o lore detalhado e, no fundo toda a história e até alguns pormenores e pequenas estórias que não tinham sido exploradas no anime. Mas, não é bem assim…

Uma jornada nostálgica, mas com altos e baixos

O modo história pode não corresponder exatamente às expectativas criadas ao longo dos anos, mas ainda assim oferece uma experiência sólida, especialmente para aqueles que não estão tão familiarizados com a trama. A narrativa é organizada de forma cronológica, percorrendo os diferentes arcos do anime. A história tem início com Ichigo, que recebe os poderes de Ceifeiro de Almas de Rukia e começa a sua missão contra os Hollows.

As cutscenes desempenham um papel fundamental na imersão, sendo extensas o suficiente para dar a sensação de estar a assistir a episódios do anime. Além disso, algumas cenas utilizam um estilo visual inspirado no mangá, mas a cores, para explorar melhor a história de personagens secundários como Orihime, Kon e Chad.

Publicidade - Continue a ler a seguir

Há ainda um modo adicional chamado “História Secreta“, que desbloqueia missões extra à medida que determinados desafios são concluídos na campanha principal. Aqui serão os momentos onde vamos encontrar algumas jornadas nunca antes vistas, apenas disponíveis no jogo, que dão um pouco daquele sentimento de novidade.

No entanto, ainda se devem o que falha neste capítulo da história, não é?! Pois, é que a parte das últimas 3 temporadas correspondentes a Thousand-Year Blood War, não estão presentes no jogo. Aqui, o Arco final da história é a dos Arankar, tal como acontecia em praticamente todos os jogos já editados. Ora tendo em conta que está ultima série arrancou em 2022 e terminou o ano passado, era de esperar, e até exigir que surgisse no jogo, mas não. A minha esperança é que ainda possa vir em formato DLC, mas é um pensamento enquanto fã, porque para esta análise, isso é um ponto claramente desfavorável.

Após finalizar o modo história, os jogadores têm à disposição diversas opções para continuar a experiência. Além dos tradicionais modos de treino e tutorial, há ainda um guia de batalha que cobre apenas o essencial dos comandos.

O modo Versus permite batalhas contra a CPU ou contra outro jogador no mesmo console. O elenco conta com 32 personagens jogáveis, além de um lutador secreto. Um detalhe interessante é que algumas combinações específicas de personagens ativam interações exclusivas no início das lutas. Por exemplo, se Rukia enfrentar Byakuya ou Soi Fon encarar Yoruichi, diálogos especiais serão exibidos antes do combate.

Outra opção é o modo “Missões”, que segue um formato similar ao arcade e apresenta três níveis de dificuldade. Ao vencer todos os oponentes, o jogador recebe Pontos de Alma, que podem ser usados na loja do Urahara para desbloquear itens cosméticos para o perfil. Além disso, também é possível obter Cristais de Alma e Talismãs Espirituais, que melhoram os atributos dos personagens.

Infelizmente, o modo online deixa a desejar, oferecendo apenas duas opções de partida: livre e salas personalizadas. A falta de crossplay e de um modo ranqueado acaba sendo um ponto negativo, especialmente para os jogadores que buscam desafios mais competitivos. Sem dúvida, uma oportunidade desperdiçada pela desenvolvedora.

É também neste modo online que podemos personalizar os Cristais de Alma e Talismãs Espirituais, que podem ser equipados exclusivamente em Partidas Livres e Partidas de Sala, ficando indisponíveis nas disputas ranqueadas.

Esse menu também dá acesso ao Menu do Jogo, que permite gerenciar o Certificado de Konpaku, aprimorar e equipar os Cristais de Alma, além de organizar o inventário de itens adquiridos ao longo da jornada.

Já na Loja Urahara, disponível no menu principal, os jogadores podem utilizar seus Pontos de Alma para adquirir uma variedade de conteúdos, incluindo Cristais de Alma, Talismãs Espirituais e diversos itens de personalização. Entre as opções estão: certificados de Konpaku, ícones de personagens, títulos e frases personalizadas, placas exibidas durante as batalhas online, ecrãs de classificação e adesivos colecionáveis.

O sistema de combate proporciona uma experiência desafiante, com Hollows que exigem estratégia para serem derrotados. Mas a jogabilidade não se resume apenas a Ichigo – há momentos em que se pode assumir o controlo de outras personagens icónicas como Uryu, Kenpachi e Yoruichi.

Para além dos Hollows, os jogadores também enfrentam adversários lendários da série, como Ulquiorra e Aizen, em batalhas que recriam alguns dos momentos mais marcantes da saga.

É aqui, num novo sistema de combate implementado de raíz para este jogo, que BLEACH: Rebirth of Souls ganha destaque. Trazer uma nova proposta num fighter é sempre complicado, geralmente as alterações prendem-se com o número de barras de energia necessários para a execução de super’s e finishers, ou com elementos de contra ataque, mas não me recordo de nenhum jogo onde tenha existida uma mudança nas barras de vida.

Neste jogo não temos apenas uma barra de vida, mas uma série delas. O número pode variar perante a personagem e o momento do jogo, mas a mecânica essa é igual em todas as situações. Segundo o produtor Katsuaki Tsuzuki, a ideia era trazer dois elementos do anime para a “vida” do jogo. O conceito de poder espiritual (reishi) e pressão espiritual (konpaku), esteve sempre presente no anime, portanto havia a possibilidade de explorar finalmente isso num jogo, e assim sendo, o que acontece é que o “reishi” funciona como o tradicional HP e os jogadores podem quebrar o “konpaku” reduzindo o “reishi”. No entanto, para vencerem a luta vão ter que quebrar todos os “konpakus” do vosso inimigo.

Para quebrar os “konpakus”, vamos ter que utilizar a técnica Kikon, que pode ser ativada a qualquer momento durante a batalha. No entanto, para que tenha um impacto real nos “konpakus” do adversário, é necessário utilizá-la nos momentos certos, sinalizados pela interface com dois avisos distintos:

  • Soul Breaker – surge quando a barra de partículas espirituais do oponente é reduzida significativamente.
  • Now or Never – indica a oportunidade perfeita para agir e garantir a vitória ao zerar todos os Konpakus do inimigo.

Além disso, cada lutador possui uma barra chamada Espírito de Luta. Assim que ela estiver completamente carregada, o jogador pode ativar a habilidade de Despertar, que varia de acordo com o personagem. Dependendo da classe do combatente, esse despertar pode liberar o Bankai, Shikai ou Resurrección, concedendo um impulso de poder.

Quando o Despertar está ativo, os Kikon tornam-se ainda mais eficazes, acelerando a redução dos Konpakus e funcionando como uma espécie de segunda chance para aqueles que estiverem prestes a perder o duelo.

Seguindo a tradição dos grandes jogos de luta, BLEACH Rebirth of Souls apresenta comandos ágeis, intuitivos e altamente responsivos, tornando a experiência acessível para novatos e desafiadora para veteranos. O jogador pode movimentar-se livremente pelos cenários e executar uma ampla variedade de golpes, incluindo ataques rápidos e devastadores. Além disso, é possível bloquear, quebrar defesas, utilizar deslocamentos estratégicos, desferir golpes especiais e criar combos poderosos.

O sistema de combos do jogo oferece diferentes abordagens para o combate:

  • Combos de ataque rápido – Realizados com três golpes consecutivos, esses ataques exigem curta distância, mas permitem recuperar uma boa quantidade de poder espiritual.
  • Combos de ataque fulminante – Ativados com dois golpes em sequência, possuem longo alcance e grande impacto, mas exigem um tempo maior para serem executados, demandando estratégia.
  • Combos de controle-padrão – Utilizam o medidor de reversão, localizado no canto inferior da tela. Ao pressionar o botão X após um combo rápido, fulminante ou padrão (desde que tenha energia suficiente), o jogador pode adicionar um movimento Hohou para prolongar a sequência, mesmo se o adversário for arremessado.

Além disso, BLEACH Rebirth of Souls adota um sistema clássico de combate baseado no estilo “pedra, papel e tesoura“, onde cada ação tem seu próprio contra-ataque:

  • Ataques superam rupturas.
  • Bloqueios neutralizam ataques.
  • Rupturas quebram bloqueios.

Tudo é equilibrado e o resultado de cada batalha é muito mais imprevisível e isso dá um gosto especial, e a vontade de experimentar todas as personagens, não são para ver as incríveis animações, transformações e habilidades, mas também para dominar o estilo de jogo que cada um proporciona. Há personagens com ataques mais rápidos, mas menos devastadores, há outros mais lentos e que necessitam de um maior afastamento do inimigo para usar as suas habilidades, outros que têm ataques mais poderosos, ou outros que são mais poderosos depois do respectivos Despertares, entre outros exemplos.

Visualmente, BLEACH Rebirth of Souls adota o estilo anime na sua direção artística, aplicando a técnica de cell sharing, muito usual nos jogos deste estilo e editados pela Bandai Namco, mas apresenta resultados algo inconsistentes. Durante as cutscenes e execução de golpes especiais, o jogo exibe uma qualidade visual simplesmente impressionante. Entretanto, durante o combate mais regular, há uma notável queda na qualidade gráfica, com resolução reduzida e texturas “serrilhadas”, ficando aquém do esperado para um título atual. Felizmente a espectacularidade abafa esses momentos, e para os fãs do anime todos os elementos estão muito bem representados e animados, fora duas ou três personagens.

O design sonoro do jogo traz um contraste evidente. A dobragem japonesa mantém a sua qualidade impecável, proporcionando actuações fiéis e expressivas. No entanto, a trilha sonora original, apesar de criar uma boa ambientação, não consegue despertar a nostalgia dos fãs da série. A ausência de músicas icónicas, como “Number One” nos momentos decisivos de Ichigo, ou das tradicionais composições com influências latinas que acompanham os Espadas, acaba por ser uma oportunidade desperdiçada para fortalecer a conexão com o material original.

BLEACH Rebirth of Souls é um pequeno deleite para os fãs do anime. Os combates espectaculares e a qualidade gráfica nos golpes especiais, faz-nos sentir que estamos dentro do anime. O sistema de combate é inovador, dá uma dinâmica completamente nova ao género, o que por si só é um feito. O jogo oferece um Modo de História muito completo nos Arcos que apresenta, mas é também aqui que encontramos a sua maior falha: o não ter a saga Thousand-Year Blood War, esperando nós que não tenhamos que esperar mais 14 anos por um bom jogo do anime para podermos jogar este arco final. Destaque ainda para a possibilidade de jogarmos com amigos ou desconhecidos em lobbys, algo que parece estar a desaparecer um pouco, mas é pena que não haja um sistema de ranking para motivar os jogadores mais competitivos. No fundo, é o melhor BLEACH dos últimos 14 anos e, para mim, como fã, como para tantos outros, chega e sobra.

REVER GERAL
Geral
Artigo anteriorF1 25 chega em maio a toda a velocidade
Próximo artigoAnálise: Assassin’s Creed Shadows
Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-bleach-rebirth-of-souls<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Visualmente impressionante nas cutscenes e habilidades</li> <li style="text-align: justify;">Introdução de um novo sistema de combate</li> <li style="text-align: justify;">Desafiante e imprevisível</li> <li style="text-align: justify;">Um Modo História robusto e com alguns extras que não vimos nos animes ou filmes</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Falta o último Arco do anime, a saga Thousand-Year Blood War</li> <li style="text-align: justify;">Algumas texturas serrilhadas</li> <li style="text-align: justify;">Faltam elementos da banda sonora original do anime</li> </ul>