Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch 2
Data de Lançamento: 5 de junho de 2025
Passaram pouco mais de dois anos desde que a Nintendo Switch recebeu aquele que, para mim, é um dos – senão o melhor – jogo da consola, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom. Foi algo verdadeiramente “mágico”, e que mostrou todo o potencial da consola.
Dito isto, é fácil perceberem que depois de ter andado a reviver Hyrule de Breath of the Wild na sua nova versão da Nintendo Switch 2, chegou finalmente o momento de mergulhar novamente em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom – Nintendo Switch 2 Edition. Esta não será uma análise completa do jogo em si, mas sim um olhar sobre as melhorias e novidades desta versão. Para todos aqueles que querem uma análise mais detalhada sobre o conteúdo do jogo, podem consultar a análise feita em 2023.
Esta nova versão chega com um propósito muito claro: oferecer a melhor versão possível desta nova aventura. Com as já aguardadas melhorias gráficas e de desempenho, chega com novas funcionalidades pensadas para melhorar significativamente a qualidade de vida dos jogadores, nomeadamente graças ao Zelda Notes – uma integração que acontece através da aplicação da Nintendo para os smartphones.
Antes de avançarmos para as melhorias, vale a pena fazer um breve enquadramento da história, em particular para aqueles que não tiveram oportunidade de jogar. A narrativa decorre algum tempo após os eventos de Breath of the Wild, e começa com Link e Zelda a explorarem a área subterrâna do Castelo de Hyrule. É durante essa expedição que despertam uma múmia – o Demon King – que irá mergulhar novamente o reino no caos.
Durante esse confronto, Link tenta proteger Zelda, mas acaba gravemente enfraquecido e vê a Master Sword ser destruída. Zelda, por sua vez, desaparece ao cair num abismo. A partir daqui, acompanhamos Link numa jornada para recuperar as suas forças, enfrentar esta nova ameaça e restaurar a ordem em Hyrule. Ao longo da aventura, reencontramos rostos familiares e estabelecemos novas alianças com personagens de várias regiões, enquanto descobrimos os mistérios do povo Zonai e o papel que desempenharam na história antiga do reino. A narrativa é envolvente, com revelações impactantes e momentos memoráveis, e tudo sustentado na liberdade de exploração que já definia Breath of the Wild.
Apesar de o jogo já se apresentar como uma experiência impressionante na Nintendo Switch original, as melhorias nesta versão são imediatamente notórias. O salto mais evidente é a fluidez: o jogo corre agora a 60 frames por segundo (FPS), o que se traduz numa movimentação mais suave, combates mais responsivos e uma navegação mais fluida por todo o mundo de Hyrule. Onde antes podíamos notar quebras em áreas mais densas, agora tudo corre com uma consistência notável — mesmo em momentos de transição rápida. Esta estabilidade torna-se ainda mais significativa quando consideramos que o jogo apresenta três camadas distintas de mapa: as ilhas celestes, a superfície de Hyrule e a vasta rede subterrânea.
No aspecto gráfico, também encontramos melhorias muito significativas, começando desde logo pela resolução, que torna as imagens muito mais nítidas – tanto no modo dock como no modo portátil. Todo o cenário apresenta agora muito maior definição, e a visibilidade à distância foi substancialmente melhorada, o que facilita na identificação de locais importantes, melhorando assim a exploração. Um bom exemplo disso, e é algo que nos apercebemos rapidamente, é quando estamos nas ilhas celestes e olhamos para a superfície de Hyrule, sendo tudo é muito mais nítido e identificável.
Para isso acontecer, também muito ajudou o aperfeiçoamento das texturas, visto agora terem muito mais detalhe em todos os locais, sombras estão mais refinadas e a iluminação ganhou outro brilhantismo. Todas estas melhorias são facilmente visíveis. Tal como referi na análise para a Nintendo Switch 2 de Breath of the Wild, basta abrirem o mesmo save nas duas consolas e explorar durante alguns minutos para perceberem de forma evidente e imediata a diferença entre as versões.
Outro aspeto que salta à vista é a velocidade dos carregamentos, agora praticamente instantâneos. Esta melhoria nota-se sobretudo nas viagens rápidas, que acontecem com enorme rapidez e fluidez, fazendo assim que não exista quebra de ritmo durante as sessões de jogo.
Para aqueles que não têm paciência para explorar tudo minuciosamente, uma das grandes novidades é a funcionalidade Zelda Notes, disponível na aplicação da Nintendo para smartphones. Esta ferramenta será certamente utilizada por muitos jogadores — onde me incluo — pois existem sempre segredos que, por muito que exploremos, acabam por nos escapar. Importa referir desde já que, para aceder a esta funcionalidade, é necessário ter uma subscrição activa do serviço Nintendo Switch Online.
A partir do momento que sincronizam o Zelda Notes com o jogo, esta regista automaticamente o progresso e é capaz de indicar a localização de praticamente tudo: poços, abismos, entradas de cavernas, vilas, estábulos, Koroks, inimigos específicos, missões e muito mais. Além disso, inclui um sistema de navegação com orientação por voz, semelhante a um GPS, que nos ajuda a encontrar rapidamente o que procuramos.
Tal como aconteceu com o Zelda Notes na versão de Breath of the Wild, existem também outras funcionalidades adicionais: um bónus diário atribuído através de uma roleta que oferece melhorias aleatórias; partilha de itens com amigos via QR Code; edição de imagens; consulta de estatísticas detalhadas do progresso; registo dos amiibos utilizados; e a possibilidade de partilhar criações de Autobuild através de QR Code. E também as Voice Memories.
Mais uma vez, é importante sublinhar que esta ajuda é totalmente opcional. Quem preferir explorar à sua maneira, sem qualquer assistência, poderá fazê-lo com total liberdade — mantendo intacta aquela sensação de descoberta que tantos jogadores valorizam.
Da mesma forma do que aconteceu com Breath of the Wild, também aqui vimos chegar a introdução da língua portuguesa no jogo. Mais uma vez, trata-se do português do Brasil, mas ainda assim é uma adição que certamente melhorará a experiência de jogo para quem tem mais dificuldades com o inglês.
Esta nova versão é verdadeiramente exímia — diria que é aquela que mostra todo o potencial que este jogo tem para oferecer. A isso junta-se tudo o que o original já trazia: as novas habilidades, os três mapas gigantes (as ilhas flutuantes, a superfície e o subterrâneo de Hyrule), o combate, os colecionáveis… haverá conteúdo para centenas de horas de exploração.
The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom – Nintendo Switch 2 Edition é, sem dúvida, a forma ideal de jogar esta obra-prima. Pode já não voltar a trazer a mesma surpresa que sentimos na primeira vez que a vivemos, mas continua a proporcionar momentos maravilhosos. E para quem nunca o jogou, então já não há desculpas para não se perder em Hyrule. Desfrutem — porque vale mesmo a pena.