Developer: Nintendo e Monolithsoft
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 29 de Maio de 2020
Foi em 2010 que os jogadores tiveram a oportunidade de ver chegar ao mercado um incrível RPG. Xenoblade Chronicles chegava à Nintendo Wii e mais uma vez mostrava que os exclusivos da Nintendo, na maioria das vezes, são jogos que ficam marcados na história e no coração dos jogadores.
Com o sucesso da Nintendo Switch e com os diversos remakes e remasterizações que temos visto chegar à consola, seria uma questão de tempo até esta pérola chegar à mão dos jogadores da Nintendo Switch com melhores gráficos, um sistema de combate melhorado, e com uma história que ainda hoje continua a ser excelente.
Xenoblade Chronicles: Definitive Edition é um daqueles jogos que faz os fãs comprarem uma consola apenas para o poder jogar, e lembro-me da primeira vez que o joguei na velhinha Wii e ter adorado. Nesta versão da Nintendo Switch não é diferente, a remasterização trouxe melhores gráficos e ainda outros melhoramentos a nível da jogabilidade.
O jogo começa com uma luta entre dois enormes titãs (Bionis e Mechonis) que ao se atingirem com dois enormes golpes ao mesmo tempo, morrem e ficam “ligados” para sempre pelas suas armas. Passados diversos Eons (uma medida de tempo), os seus cadáveres já se encontravam cobertos de vegetação, rios e cascatas, o que fez com que fosse possível viver naquele lugar. Assim Bionis ganhou vida, o que deu origem a civilizações de três raças diferentes a viverem naquele titã: Homs, High Entia e Nopon.
Por outro lado, no cadáver de Mechonis também apareceu vida, os Mechon, uma forma de vida bastante diferente dos humanos e que são extremamente poderosas.
Quando começamos a jogar estaremos a controlar Dunban (um poderoso guerreiro de Bionis), numa luta entre guerreiros de Bionis contra diversos Mechons. Será a primeira vez que vamos controlar a Monato (uma espada poderosíssima), numa luta que vamos sair vitoriosos, mas que causará um enorme dano ao braço de Dunban, devido ao uso abusivo da Monato.
Podemos dizer que o jogo começa verdadeiramente passado um ano dessa batalha, quando já controlamos o protagonista da história, Skull, e os Mechons fazem um ataque feroz à cidade, Colony 9, onde está o nosso protagonista, matando e devorando os seus habitantes, e deixando aquela cidade completamente devastada. É durante esta batalha que Dunban, mesmo debilitado, empunha a Monato mais uma vez para tentar derrotar os Mechons, porém, a meio da batalha não aguenta mais o poder que a arma exige dele, e é ai que Skull empunha a espada, apercebendo-se que além de conseguir dominá-la com facilidade, consegue igualmente ter visões do futuro enquanto empunha a Monato. A partir daí a nossa aventura começa verdadeiramente.
Depois de Colony 9 estar completamente devastada e a batalha estar praticamente perdida para o nosso lado, que subitamente os Mechons decidem retirar-se, sem que nós possamos perceber o motivo. Skull ao ver aquele cenário e os seus companheiros devastados, decide partir com Reyn, um dos seus amigos em busca de vingança. Com a Monato atrás das costas e o seu companheiro, começam a verdadeira história do jogo, que estará muito em volta da misteriosa espada.
As aventuras e descobertas ao longo da história serão muitas, desde as personagens icónicas que vamos encontrar ao longo da nossa aventura, às descobertas e mistérios que vamos desvendando. Não vou avançar-vos mais sobre a história, porque seria estragar-vos a essência do jogo. É a sua história que nos fará querer avançar cada vez mais, para perceber tudo o que se está a passar naquele mundo criado por dois cadáveres de titãs.
Xenoblade Chronicles: Definitive Edition oferece diversas horas de jogo, mas estas podem variar imenso caso decidam só avançar na história principal ou se também quiserem fazer as diversas side quests que podem encontrar ao longo do jogo. E acreditem são mesmo muitas! Umas que sinceramente mais valia nem estarem no jogo, mas também outras interessantes. Seja como for, muitas delas oferecem bom XP, e caso as façam no nível adequado, são uma mais valia. Para terem um exemplo, muitas das side quests passam por matar um determinado número de animais ou monstros que vamos encontrar durante o nosso percurso, logo, são sempre óptimas para aceitarem, mesmo que queiram apenas fazer as da história principal; é quase como XP extra para a viagem.
Sejam as quests da historia principal, quer sejam as side quests, podem sempre escolher a partir do seu menu aquelas que querem que vos apareça no mapa, isto é, a partir do momento que activam uma quest um caminho a amarelo ficará activo no mapa e apenas o têm de o seguir, o sistema está tão bem feito que oferece-vos sempre o caminho mais curto. Tenho mesmo de dizer que está bastante melhor que em Xenoblade Chronicles 2, onde por vezes quando o destino era em outros andares o sistema atrapalhava-se todo.
Outra das facetas que torna Xenoblade Chronicles: Definitive Edition um jogo extremamente interessante são os seus combates. Diria mesmo que este é um dos pontos que torna o jogo tão especial, porque embora o combate seja em tempo real, não somos nós que atacamos directamente, ou seja, sempre que decidimos atacar um inimigo, ou este nos ataca, o nosso personagem irá ficar a atacar automaticamente; não precisam de mexer uma palha, e o que terão de fazer – isso sim – é posicionar o personagem e activar as habilidades que querem usar. Para aqueles que jogaram Xenoblade Chronicles 2, este tipo de sistema é igual, o que muda são as habilidades e os Chain Attacks.
Os Chain Attacks são aquele sistema que todos esperamos fazer quando estamos em combate. Um ataque coordenado entre todos os personagens, e que dá um dano incrível, é tudo aquilo que desejamos, principalmente se estivermos a lutar contra um inimigo ou animal mais forte. Para activarem os Chain Attacks será necessário terem a Party Gauge cheia (uma barra azul que aparece no quanto superior esquerdo), e nesse momento podem começar o Chain Attack; também têm escolher a habilidade que querem usar, sendo que depois será dada a oportunidade de escolherem as habilidades que os vossos companheiros de equipa também vão usar. Não devem usar habilidades ao acaso, já que estas devem ser escolhidas segundo o sistema de cores das vossas habilidades, e será dessa maneira que conseguirem infligir um dano grande no adversário. Além disso, por vezes o jogo proporciona-nos outras rodadas do Chain Attack, e chega a ser possível conseguirmos 15 ataques, o que é algo incrível!
Quanto às habilidades, cada personagem tem as suas, e existem diversos tipos de habilidades –um pouco para todos os gostos. Podem usar quando querem, desde que estas estejam activas, porém, para estas terem o efeito desejado, devem ser usadas sob determinadas circunstâncias. Por exemplo: com Skull, temos o Back Stab que só funciona bem caso estejam atrás do adversário; outro exemplo é o de Slit Edge, que diminui a defesa do adversário, e que neste caso deve ser usada quando estão na parte lateral do adversário. Quase todas as habilidades têm a uma maneira de serem usadas com maior eficácia, e felizmente o jogo dá-nos uma incrível ajuda neste campo, já que sempre que uma habilidade está pronta para ser usada e nas condições correctas, aparece um ponto de exclamação na habilidade.
Cada personagem pode ter equipada até um máximo de 8 habilidades, no entanto, vocês vão aprender muitas mais. Será no Menu das Arts que as podem alterar, tanto na posição, como as que querem equipadas. Também nesse local podem melhorar as vossas habilidades, e para isso precisam de Arts Points (AP), que vão obtendo conforme derrotam inimigos.
Já que nos estamos a referir a um RPG, não nos podemos esquecer dos equipamentos, e tanto os podem apanhar quando matam inimigos ou animais, como podem comprar em lojas. Existem diversos equipamentos, e cabe a vocês decidirem o que será mais adequado para a vossa maneira de jogar e também para o personagem em questão. Já as armas são muito especificas, e cada personagem usa o seu tipo de arma.
Outro ponto bastante importante são as Skill Trees, e cada personagem terá duas: a Skill Branches e as Skill Links. As Skill Branches estão divididas em três árvores (Humanity, Integrity e Intuition). Estas são skills que vão aumentar tudo o que tem a ver com o ether, aumentar a capacidade de defesa e aumentar a agilidade respectivamente. Escolhem uma para aprender de cada vez, e esta vai aumentado os Special Points (SP) até a poderem activar, é uma maneira diferente de outros jogos, mas bastante interessante.
Olhando para as Skill Links, não existem muitos jogos que proporcionem uma mecânica idêntica, contudo está explicado de uma forma simples. Permite que vocês possam dar a possibilidade de outros personagens usarem skills já adquiridas por outros personagens nas Skill Branches. Para isso, é necessário terem um bom nível de afinidade com os personagens, e conseguem isso oferecendo-lhes presentes, mas principalmente em determinadas zonas do mapa sinalizadas com duas mãos a cumprimentarem-se, caso vão até essa zona, os personagens terão uma conversa, e caso as vossas respostas sejam de acordo com o que eles querem ouvir, essa afinidade é melhorada.
É fácil perceber que não será por falta de componente RPG que não se vão deliciar com este jogo, seja por tudo o que já referi, mas também pela componente da exploração dos mapas. Ao contrário de muitos RPGs, este não é um open world. Diria que é mais um semi open world, já que diversas áreas são relativamente grandes, e por vezes com vários andares, o que permite a sua exploração sem problemas. Seja como for, tudo está dividido por zonas, daí dizer que é um semi open world. É durante a exploração dos espaços grandes que vamos encontrar algo incrível, mas que devem ter cuidado, isto porque o jogo é cheio de vida; animais e monstros espalhados pelos cenários (uns agressivos, outros nem tanto), mas muitas vezes nem todos estão ao vosso nível. Podem estar numa área em que a maioria é do vosso nível e depois aparece um de um nível muito superior. E quando digo muito superior, digo por exemplo estarem a nível 14 com animais de nível 12 ou 13, e vermos um gigante a passar, super agressivo, de nível 81 e que começa a correr para vocês. Conclusão: pernas para que vos quero!
Algo que não podemos fugir ao falar de Xenoblade Chronicles: Definitive Edition tem a ver com o seu grafismo. Digo isto porque, como sabem, estamos a falar de uma remasterização, e nem sempre estas apresentam uma qualidade gráfica digna de justificar um relançamento do jogo. Felizmente este é exactamente o oposto, e apresenta um bom grafismo, digno do que estamos habituados em alguns dos bons jogos da Nintendo Switch. Os personagens estão incríveis nas roupas, mas principalmente na cara, com as feições muito bem feitas. Os cenários são lindos; e quem o jogou o original já sabia disso, mas esta versão ainda se apresenta mais incrível, isso nota-se especialmente em cenários abertos que nos fascinam com a sua beleza, particularmente vistos ao longe. Mas nem tudo está assim tão belo, já que quando nos aproximamos de determinados locais, notamos que algumas texturas poderiam estar um pouco melhor, e esse contraste nota-se bem já que os personagens estão quase perfeitos, como já referi. Algo que não quero deixar de referir é a mudança horária no jogo, isto é, o jogo apresenta o dia e a noite, mas de uma maneira fantástica; que vai desde o amanhecer, até ao entardecer, chegando por fim a noite. O que dá mais um toque de vida ao jogo.
Virando agulhas para a parte sonora, temos de falar em primeiro lugar das músicas, todas remasterizadas, e magníficas. Quem jogar este jogo vai ficar marcado por toda a história, pelos combates que estão incríveis (quando apanharem o jeito), mas por toda a banda sonora. Os diálogos que têm audio também estão muito bons, mas é pena que a maioria seja apenas em texto. Para aqueles que gostam de ouvir as vozes originais, o jogo apresenta a opção de termos audio em inglês e japonês.
Infelizmente, mais uma vez os jogadores não vão ter direito a legendas em português.
Provavelmente estão a pensar que me esqueci de falar da nova adição do jogo, ou seja, o novo capitulo: Future Connected. Não ficou esquecido, mas também custa-me imenso falar sobre um capítulo que se passa um ano depois da história principal. Isto porque para conseguir falar-vos sobre ele teria de dar alguns spoilers sobre a história do jogo e não quero fazer isso. Assim sendo, vou dar-vos apenas um cheirinho daquilo que vão encontrar.
Pois bem, aqui vão começar com Shulk e Melia (uma das personagens que vão conhecer na história principal), e quando estamos a dirigir-nos para Alcamoth (a capital dos High Entia), somos atacados, fazendo a nossa nave despenhar-se num dos ombros de Bionis. É fácil descobrir que o nosso objectivo será descobrir o que se passou para termos sido atacados, e será aí que começa esta nova aventura. Este novo capítulo tem algumas novidades e também algumas alterações; começamos a nível 60 e a Skill Tree que vos tinha falado anteriormente desapareceu, e com ela também o nível de afinidade entre personagens.
Já não será possível ver o futuro com a Monato, e também foram adicionados locais no mapa chamados de Quiet Moments, que são cutscenes onde podemos ver conversas entre alguns personagens e que nos permitem conhece-los melhor, além de saber um pouco mais sobre personagens relacionadas com o jogo. São quase como que momentos de intimidade entre personagens em conversas mais pessoais. Uma adição bastante interessante.
Future Connected é um capitulo bastante interessante, em que Melia será em grande parte do tempo a protagonista, remetendo Shulk mais para segundo plano durante bastante tempo. Uma adição bem vinda ao jogo que oferece um novo final a história.
Xenoblade Chronicles: Definitive Edition é um daqueles RPG que marcam, quem decidir dedicar-se e acabar o jogo não vai arrepender-se, mesmo aqueles que jogaram a versão original não ficaram desiludidos com estas remasterização. Embora a história apresente alguns clichés é bastante boa e interessante, oferece combates excelentes e bastante diferentes do que é habitual. Se são fãs de RPG ou jogaram e gostaram de Xenoblade Chronicles 2, então esta é uma compra imprescindível.