Developer: Stormind Games
Plataforma: PlayStation 4, Xbox One, PC e Nintendo Switch
Data de Lançamento: 13 de Outubro de 2020

Se os jogos de terror eram uma raridade há alguns anos atrás, contavam-se pelos dedos as referências que podíamos encontrar no género, o mesmo não se verifica actualmente, com vários títulos de qualidade a surgirem na última década.

Além das conhecidas sagas como Amnesia, Outlast e mais recentemente a antologia Dark Pictures, uma trilogia ficou igualmente debaixo de olho, com o lançamento de um promissor primeiro jogo: Remothered: Tormented Fathers – lançado em 2018.

O anúncio do segundo jogo, Remothered: Broken Porcelain, deixou os fãs dos survival horror com uma enorme expectativa, uma vez que era esperada a continuação de uma excelente narrativa que compunha o seu antecessor, mas também o regresso de uma atmosfera tensa e assustadora, tal como é desejado por todos os amantes do terror.

O lançamento foi algo atribulado, com uma legião de bugs que afectavam a experiência, e a prova foi a quantidade de patchs a que o jogo esteve sujeito, com praticamente todos os dias a termos de fazer uma nova actualização.

Agora com uma versão mais estável e já com vários problemas corrigidos, é possível termos uma ideia do que vale realmente esta sequela. E apesar de não ter uma história tão impactante e linear como em Tormented Fathers, consegue ainda assim proporcionar bons momentos de suspense e terror.

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A história gira em torno de Jennifer, que tenta desesperadamente encontrar uma forma de escapar do Ashman Inn – o hotel para o qual trabalha como serviçal. Ao mesmo tempo, e com a ajuda da sua colega Linn, lentamente começam a descobrir os inquietantes mistérios que envolvem esta mansão; coincidindo com estranhos fenómenos relacionados com uma droga chamada Phenoxyl, que começam a afectar os seus residentes, colocando em perigo as vidas das duas amigas.

A direcção da narrativa em Broken Porcelain varia muito do ponto de vista cronológico, e atira o jogador para vários espaços temporais, com uma ordem normalmente confusa. É provavelmente onde o jogo mais peca, porque se para quem está familiarizado com a história do primeiro jogo já é complicado de acompanhar, para quem começou pela sequela será um verdadeiro desafio entender este enredo tão estilhaçado na sua génese.

Paga-nos o café hoje!É o típico título que se inspira nas mecânicas da série de jogos Clock Tower para criar ansiedade nos jogadores, ou seja, o suspense e a tensão são geradas pela fragilidade e impotência da protagonista, e apenas podemos fugir ou usar o cenário em nosso redor para nos escondermos. A investigação e os puzzles também têm a função de nos distraírem, criando, simultaneamente, uma atmosfera sinistra que muitas vezes nos arrepiam os pelos da nuca.

Remothered: Broken Porcelain acerta nos timings para proporcionar bons sustos, beneficiando de um ambiente escuro e bafiento que provoca uma insegurança constante relativamente ao que provavelmente estará à espreita. Sabendo muito bem como nos iludir e atrair a nossa atenção, para depois nos surpreender de seguida. E claro, com o sempre obrigatório salto da cadeira.

É, todavia, dos encontros com os Stalkers que vem a maior sensação de pânico. Contribuindo em muito circunstância de nos sentirmos indefesos, onde normalmente a melhor estratégia é simplesmente esconder-nos dentro de armários. Mas temos a possibilidade de atirar objectos para desviar a atenção dos Stalkers para outro local, ou atacá-los, quando estes estão de costas, usando armas como tesouras ou facas que vamos apanhando pelo caminho, sendo que quando somos detectados, a única opção é fugir.

Os controlos colocam algumas dificuldades, o que piora quando nos deparamos com alguns problemas causados pela física do jogo. Nas alturas em que temos de fugir e interagir com partes do cenário, torna-se por vezes frustrante conseguir coordenar todas as acções com a própria atrapalhação da situação.

A inteligência artificial dos inimigos é o que se espera deste tipo de jogos, onde nos dão alguma margem para as mecânicas possam funcionar. Seja quando nos escondemos, ou quando fugimos, não teremos grande dificuldade em despistar quem está no nosso encalce; isto se formos cuidadosos o suficiente, claro. O hotel Ashmann Inn é perfeito nesse enquadramento, já que possui longos corredores e diversas divisões, nas quais entraremos de rompante no desespero de escaparmos aos nossos perseguidores.

Graficamente está muito melhor do que o seu antecessor, seja no detalhe e nas expressões das personagens, como do próprio hotel. O equilíbrio entre a pouca luz e as sombras combina muito bem, principalmente se considerarmos que se pretende um ambiente tenebroso. A parte sonora complementa muito bem o aspecto visual, com uma boa qualidade no voice acting, e especialmente nos efeitos sonoros que são absolutamente fundamentais para criar uma atmosfera aterrorizante.

Remothered: Broken Porcelain oferece um bom título de terror. Após várias actualizações foi conseguindo eliminar aos poucos os obstáculos que afastavam o jogador de uma boa experiência. É uma sequela sólida do primeiro jogo, e não sendo um dos melhores exemplares do género, é ainda assim uma boa opção para os amantes dos survival horror.

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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-remothered-broken-porcelain<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um bom jogo de terror</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente bem desenhado</li> <li style="text-align: justify;">Qualidade no voice acting</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Alguns bugs que afectam a jogabilidade</li></ul>