Toda a gente ficou admirada com o novo IP da Bungie – Marathon, mas será que é assim tão “novo”?!
A verdade é que Marathon é o primeiro jogo da Bungie de sempre, e este que agora foi apresentado é visto como um reboot. O original data de 1994, altura em que a Bungie dava os primeiros passos na tentativa de destronar o Doom no PC. Sim, porque não existiam apenas lutas de consolas, na década de 90 também existiam de sistemas operativos e os jogos que albergavam, e Marathon foi a resposta da Macintosh. E este foi apenas o primeiro de uma trilogia que incluiu Marathon 2: Durandal e Marathon Infinity, lançados em 1995 e 1996 respectivamente.
Em termos de história, é interessante olhar para o conceito e para as referências transpostas para o restante universo do trabalho da Bungie, tanto em Halo como no Destiny, ora vejam: Marathon acontece em 2794, a bordo da UESC Marathon, uma grande nave colonial da Terra que construída a partir da lua marciana – Deimos. A missão da Marathon é viajar para o sistema Tau Ceti e construir uma colónia no seu quarto planeta. O jogador é um oficial de segurança sem nome designado para a Marathon. A narrativa é apresentada ao jogador por meio de mensagens em terminais de computador espalhados pelos níveis do jogo. Essas mensagens incluem logs da tripulação, documentos históricos e outros registos, mas incluem principalmente conversas que o personagem do jogador tem com três inteligências artificiais (IAs) que operam a UESC Marathon: Leela, Durandal e Tycho.
No início do jogo, o personagem do jogador está a bordo de uma nave voltando da colónia para Marathon quando uma nave alienígena ataca o sistema. O oficial segue para Marathon para descobrir que os alienígenas usaram um pulso eletromagnético para desativar grande parte da nave. Das três IAs, apenas Leela é funcional e ela guia o oficial num contra-ataque contra os alienígenas e para restaurar as outras IAs e sistemas-chave.
Este é a base do primeiro jogo e é fácil ver como há muito de Halo neste Marathon. O jogo vendeu ao longo de toda a sua existência um pouco mais de 200 mil unidades em todo o mundo. Já Marathon 2: Durandal acontece 17 anos depois do primeiro, isto é em 2811, e foca-se em Durandal, uma das três IA da nave colonial UESC Marathon que envia o jogador e um exército de ex-colonos para vasculhar as ruínas de Lh’owon, o mundo natal dos S’pht, a outra IA. Durandal não menciona exatamente o que está à procura, embora deixe escapar que os Pfhor estão a planear atacar a Terra, e que estar em Lh’owon pode impedir o seu avanço. Este jogo já não teve a mesma recepção caindo para pouco mais de 150 mil unidades vendidas.
Já o último da trilogia, divide-se entra o single player e o multiplayer, sendo que a história na versão de um jogador é intitulada de “Blood Tides of Lh’owon“, e não é contada de maneira explícita. A narrativa começa como se grandes partes, se não todos os eventos de Marathon 2 não tivessem acontecido, portanto, vamos estar aqui entre uma realidade paralela ou uma versão alternativa da linha do tempo do jogo. Ao ponto que no ecrã final do Infinity deixa a resolução da história em aberto, ocorrendo bilhões de anos após os eventos de Marathon Infinity durante os momentos finais do universo. Pode-se supor que Durandal e a Terra sobreviveram na linha do tempo original, como pode ser visto no final de Marathon 2. Mais uma vez, o jogo não chegou às 200 mil unidades vendidas.
Para terem uma noção gráfica e de algumas mecânicas utilizadas no jogo, vamos à boleia do YouTuber Slavenn – SGTV, que fez um vídeo da evolução da franquia e de algumas das suas reinterpretações de 1994 a 2019.
Passemos então para 2023, quando a Bungie apresenta Marathon no PlayStation Showcase deste ano. Declarado como um shooter de extração PvP de ficção científica, Marathon encontrará jogadores enfrentando-se enquanto mercenários cibernéticos conhecidos como Runners, ao mesmo tempo que exploram uma colónia perdida no planeta de Tau Ceti IV em busca de riquezas, fama e infâmia.
O General Manager de Marathon, Scott Taylor, e o diretor do jogo, Christopher Barrett, falaram ao site oficial da PlayStation sobre o jogo e aproveitamos para resumir os pontos essenciais.
Desde logo o conseguir manter em segredo o desenvolvimento do jogo. No final do ano passado começaram a surgir alguns rumores de que poderia existir um reboot de Marathon, mas pouco fundamentado. Para os criadores foi um alívio poder finalmente falar do assunto e disseram ainda que “há muito trabalho a fazer antes do lançamento ou mesmo antes de estarmos prontos para falar sobre o jogo com mais detalhes. A equipa está a trabalhar duro e temos uma ótima base para começar, mas ainda há muito mais a fazer, incluindo continuar a aumentar a nossa equipa. Essa é uma das partes mais desafiadoras do desenvolvimento de jogos: contratar quando tudo continua em segredo. Agora que fomos anunciados, estou animado porque podemos ser muito mais sinceros sobre as posições que estamos a procurar e falar mais abertamente com os candidatos sobre o trabalho que está a acontecer e a nossa visão para o jogo.”
Quanto ao nome do jogo e da concepção, ou não, como reboot, Christopher Barrett não abriu muito o jogo, mas lá deixou escapar que querem “honrar isso, especialmente a mitologia, a história e os temas do mundo. Ao mesmo tempo, a nossa visão para este jogo é algo novo. Não é uma continuação direta dos originais, mas algo que certamente pertence ao mesmo universo e que parece um jogo da Bungie.”
Quanto ao parecer um jogo da Bungie, Christopher disse que “vai desde a sensação incrível das armas até a bela e evocativa construção do mundo, rica em conhecimento, imersão e oportunidades para aventuras incríveis.”
Os jogos Marathon originais revelavam momentos da história por meio de terminais, tudo em texto. Mas agora os jogadores vão ter “muito mais maneiras de imergir os jogadores neste mundo, dentro e fora do jogo. Levaremos isso em consideração no design deste jogo.”
Marathon foi, segundo os developers foi projetado desde o início “como um jogo focado em PvP e não terá uma campanha para um jogador. Estamos a construir um mundo cheio de zonas persistentes e em evolução, onde os jogadores criam a sua própria jornada a cada corrida que fazem. Em essência, estamos a criar um jogo onde as ações dos jogadores podem ter ramificações para o mundo e para os jogadores a cada temporada que se desenrola” acrescentaram.
Curiosamente se passarem pelo blog da Bungie vão encontrar uma pergunta que apenas está por lá ao General Manager Chris Taylor que é bastante indicador daquilo que poderá ser a acção do jogo.
Lá foi colocada a questão do que é que poderia descrever de uma das suas mais incríveis Corridas no jogo, ao qual Chris respondeu: “Houve uma vez em que ia coletar dados de uma estufa para concluir um contrato para a Traxus. Fui completamente alvejado por outra equipa e por umas carraças que me estavam a envenenar. Não sei como, mas consegui escapar, só que fiquei em mal estado, e o meu objetivo passou a ser simplesmente sair com vida. Enquanto tentava-me esgueirar até o ponto de extração, eu me deparei com um container onde havia uma arma que eu procurava e que tinha alguns dos melhores mods do jogo. Aí, eu fiquei duplamente empenhado em sair com vida! Quando cheguei à extração, eu vi uma equipa procurando Corredores no topo de um prédio. Quando vieram atrás de mim, eu consegui segurar a minha extração e sair. Fiquei tão tenso naquela situação que mal pude esperar para compartilhar o que tinha acontecido.”
No entanto, ainda há mais para ver e saber sobre Marathon, isto porque a comunidade incansável que segue o trabalho da Bungie, percebeu que durante o PlayStation Showcase, e perante a apresentação do trailer do jogo havia pistas para analisar e compartilhar na tentativa de descobrir uma rede de segredos inspirados na narrativa. E a comunidade uniu-se e conseguiu assim decifrar a mensagem e, com isso, a Bungie divulgou o primeiro ViDoc de Marathon para os jogadores, intitulado “Em Algum Lugar no Céu”.
Marathon está em desenvolvimento para a Playstation 5, Xbox Series X/S e PC com integração de plataformas e dados multiplataforma.