Em quase todos os aspetos das nossas vidas, é impossível ignorar a crescente presença da Inteligência Artificial. A IA está destinada a revolucionar a forma como trabalhamos, aprendemos e jogamos. Para aqueles que, como nós, estão imersos no mundo dos videojogos — seja como jogadores ou criadores — a questão não é apenas como a IA mudará o jogo, mas como abrirá novas possibilidades.
E neste campo a Xbox está a tentar tomar a dianteira, nomeadamente na IA generativa, tal como foi anunciado e publicado no jornal Nature e divulgado pela Microsoft Research. Este avanço mostra o potencial da IA para abrir novas oportunidades, incluindo a preservação de jogos antigos, tornando-os acessíveis para futuras gerações em novos dispositivos e formatos.
Muse: O Novo Modelo de IA Generativa da Xbox
Em parceria com o estúdio Ninja Theory, da Xbox Game Studios, a Microsoft Research desenvolveu um modelo de mundo e ações humanas (WHAM, na sigla em inglês) chamado Muse: um modelo de IA generativa inovador, treinado no jogo Bleeding Edge, da Ninja Theory.
Com ambas as equipas sediadas em Cambridge, no Reino Unido, esta colaboração foi facilitada, permitindo o uso de Bleeding Edge como base para a investigação.
O que torna Muse revolucionário é a sua compreensão detalhada do mundo dos videojogos em 3D, incluindo a física do jogo e a forma como este reage às ações dos jogadores. Isto possibilita a criação de jogabilidade diversificada e consistente gerada por IA, representando um grande passo rumo a modelos que podem auxiliar os criadores de jogos.
A Microsoft Research começou por explorar como os modelos de IA generativa podem apoiar novas experiências, focando-se no desenvolvimento de capacidades que ajudem os criadores a expandir o seu trabalho. Para isso, entrevistaram 27 desenvolvedores de jogos de todo o mundo — desde estúdios independentes a gigantes da indústria — garantindo que a pesquisa fosse moldada por aqueles que realmente a irão utilizar.
Para fomentar a inovação, Muse, juntamente com os seus dados de amostra e uma interface interativa, já está disponível no Azure AI Foundry para que outras equipas de pesquisa e desenvolvedores possam explorar e testar as suas capacidades.
O Potencial do Muse: Preservação e Evolução dos Jogos
Embora esta pesquisa ainda esteja numa fase inicial, a Xbox já está a utilizar Muse para desenvolver um modelo de IA jogável em tempo real, treinado noutros títulos da Xbox Game Studios. Segundo a gigante norte-americana, existe um enorme potencial para este trabalho beneficiar tanto jogadores como criadores: desde reviver jogos nostálgicos até acelerar o processo criativo.
Atualmente, muitos jogos clássicos estão presos a hardware antigo e tornaram-se inacessíveis para a maioria das pessoas. Com esta inovação, a Xbox quer explorar como Muse pode otimizar jogos do seu catálogo para qualquer dispositivo, permitindo que títulos adorados, outrora esquecidos, sejam jogados novamente, independentemente da evolução do hardware.
Além da preservação, a Xbox tem esperança que Muse possa ajudar as equipas de desenvolvimento a criar protótipos mais rapidamente e introduzir novos conteúdos. Isto inclui expandir jogos já existentes, injetando novas experiências para os jogadores ou até mesmo permitindo que estes participem ativamente no processo de criação.
Para envolver a comunidade nesta exploração, em breve vão lançar pequenas experiências interativas de jogos com IA no Copilot Labs.
A Abordagem da Xbox à IA Generativa
Embora a IA não seja uma novidade no mundo dos videojogos, estamos a assistir a uma rápida aceleração da investigação nesta área, tanto dentro da Microsoft como na indústria tecnológica em geral. Na Xbox, os criadores continuarão a estar no centro dos nossos esforços com IA. Não existe uma solução única para todos os jogos ou projetos; cada abordagem será definida pela visão criativa e pelos objetivos de cada equipa.
O Futuro: IA na Xbox
Olhando para o futuro, a Xbox diz estar focada em como a IA pode remover barreiras e facilitar tanto o desenvolvimento como a experiência de jogar. Segundo os próprios esta inovação continuará a ser guiada pelo compromisso com a IA Responsável, baseada em seis princípios fundamentais: equidade, fiabilidade e segurança, privacidade e proteção, inclusão, transparência e responsabilidade.