Como já é hábito por parte da Ubisoft o Marketing feito nos seus jogos não tem paralelo, e se é óptimo para as vendas, também cria enormes expectativas nos jogadores. Tom Clancy’s The Division não é diferente e foi promovido de uma forma bastante ambiciosa, dando como exemplo o vídeo “Tom Clancy’s the Division Agent Origins”. Assim foi que é dos títulos mais vendidos por parte da Ubisoft e ainda hoje continua a estar no top de vendas em alguns países.
Mas será que o número de vendas apenas acontece pelo marketing?! Será que efectivamente despejou os servidores do Destiny como tanto se falava?! É isso que vamos tentar responder, sempre com a premissa que sendo um jogo “evolutivo”, a sua verdadeira capacidade e extensão ainda poderá estar por descobrir.
Mas comecemos então pela história. Chegou a Black Friday, e com ela um vírus mortal que infecta a população de Nova Iorque, como resultado morrem milhares de pessoas e a cidade fica nas mãos de grupos marginais. O vírus foi espalhado utilizando este evento massivo e consumista com o caos a colher a cidade e as autoridades perderem o controlo da situação. Não restando alternativa, é activado um plano nacional de segurança alternativo, por outras palavras, é altura de uma divisão secreta e reservada apenas para as ocasiões mais extremas entrar em cena, o seu nome é “The Division”. Será então numa cidade quase pós-apocalíptica que tentaremos restaurar a ordem e controlar o vírus. No entanto, e antes de relatarmos como o poderemos fazer, falemos da parte gráfica.
Apesar de não ser exactamente aquilo que nos foi mostrado na E3, não deixa ser um ponto forte de The Division, conseguindo mesmo assim surpreender. E um desses momentos é a iluminação. Esteja de dia ou de noite, por vezes damos por nós a contemplar apenas a beleza apresentada no horizonte, sendo que as mudanças climáticas estão também bastante realistas, e tanto pode estar um sol radiante, como um nevão tão intenso que chega mesmo a ser impeditivo de vermos o que quer que seja à nossa frente. A forma como a transição é feita na relação dia/noite ou até do clima é realmente fluída, bem conseguida, dando detalhes em todos os objectos, sejam os mais inanimados como a nossa personagem e os NPCS.
A parte da cidade de Nova Iorque a que temos acesso (existem zonas que ainda não estão acessíveis, provavelmente chegarão com o Season Pass) está bastante detalhada, os monumentos foram recriados quase na perfeição, não esquecendo alguns dos edifícios mais emblemáticos, e às vezes fica-se mesmo com a sensação de estarmos a caminhar pela “destruída” Big Apple.
Estamos perante um jogo altamente viciante e que nos ocupará por diversas horas, algo que ganhamos consciência logo nos primeiros momentos.
O Modo História é composto por missões principais, missões secundárias e encontros, tudo consoante as necessidades da nossa “Base”, e dividem-se em três tipos: Departamento Médico, Departamento de Segurança e Departamento de Tecnologia. O objectivo das missões é o de obter mais recursos a esses mesmos departamentos, e é ai que surge a mais-valia das missões principais e os encontros, uma vez que nos dão pontos que usaremos posteriormente para melhorar os vários componentes dos departamentos em questão.
Perante a vossa escolha de qual começar a reconstruir primeiro, terão mais facilidade em alguns aspectos, em detrimento do outro. Por exemplo, se começarem pelo Dep. de Segurança ganharão mais experiência e mais rapidamente poderão subir de nível. se começarem pelo do Tecnologia podem colocar “turrets” para dispararem automaticamente contra inimigos. Estes são apenas dois dos exemplos e muito iniciais para não spoilarmos nada, mas a verdade é que vos fazem definir prioridades e até um caminho que querem percorrer logo de início.
Num plano diferente, as missões secundárias servem o propósito de atingir o nível de experiência necessário para completar as missões principais. E ainda que o acima descrito seja habitual no que se espera de um MMO, há uma certa sensação de repetição, uma vez que raramente nos é pedido algo que vá além de um resgate, a destruição de determinado objectivo, ou a recolha de informações importantes, sempre com alguns inimigos para eliminar pelo caminho e terminando normalmente no confronto com um Boss. Algo que desilude naturalmente, piorando nas missões secundárias, que acabam por reflectir o mesmo, mas ainda menos desafiantes.
Por isso não recomendamos propriamente o Single Player, isto é que joguem o Modo História sozinhos. Existe “matchmaking” nas principais missões, mas quando a experiência é partilhada na companhia de outros amigos, motiva um certo compromisso, e até em termos de comunicação facilita muito para quem usa micro. Diria mesmo que The Division foi criado essencialmente para Co-Op, mas não esqueceu quem tem a preferência de jogar sozinho, oferecendo essa escolha. E se se perguntam sobre a relevância das missões secundárias, digamos que existem para que se vá progredindo no jogo de forma gradual e no tempo certo. Se apontarmos apenas às missões principais eventualmente não será possível obter o nível necessário para a seguinte, e não porque exista algum requisito obrigatório, mas porque é praticamente suicídio enfrentarmos adversários dois ou três níveis acima, a não ser que haja algum empurrão de uma alma caridosa. Também se lamenta que o conteúdo das missões não tenha a mesma qualidade que foi dedicada à história, que só é relembrada quando esporadicamente encontramos vídeos ou gravações de relatos dos habitantes que se perderam por consequência do trágico episódio. De referir que, para já, o nível máximo tem a sua fasquia no número 30, e é alcançável num período de 20 a 30 horas.
E falando em nível, o levelling acontece ganhando pontos de experiência, e com isso poderemos utilizar armas e armadura de melhor nível. Quanto mais alto o nível da arma, mais dano fará ou mais rápida a disparar será, por exemplo, por outro as armaduras serão mais resistentes, darão mais vida, terão melhor capacidade, etc. As habilidades que vamos ganhando são muitíssimo úteis e isso é algo que acaba por diferenciar o nosso personagem dos restantes, e numa equipa com uma grande diversidade de habilidades faz claramente a diferença, particularmente no equilíbrio. Existem mesmo habilidades poderosas, tal como conseguir dar “revive” num tempo mais curto, armas que disparam automaticamente contra o inimigo, e outras mais. Contudo, um ponto bastante negativo reside na costumização do nosso personagem, as opções continuam reduzidas, algo que se verifica desde a versão beta, e se na altura entendemos a pequena amostra, não podemos deixar de ficar surpreendidos que pouco ou nada tenha evoluído na versão final. Esperemos que melhore com as futuras actualizações.
E se dissemos que o nível máximo é 30, a coisa altera-se na Dark Zone, isto porque dependerá da vossa persistência, resistência e determinação subirem o nível da vossa personagem, há quem tenha já chegado ao rank 99.
A Dark Zone é a área mais afectada pelo vírus, daí encontrar-se totalmente fechada, e ao entrarem vão notar que não há quaisquer cidadãos pelas ruas, somente inimigos. O conceito é inovador, um local de PVP, mas que inclui NPCS inimigos e tanto temos o nosso nível do modo história, como um rank especial da Dark Zone, que sobe ao matarmos NPCs e os chamados “agentes corruptos”. Estes últimos são jogadores que matam outros de modo a roubar o seu equipamento, porque quando se morre na Dark Zone, tudo o que foi apanhado nesse mesmo local é perdido, além de baixar o rank que poderá não permitir depois a utilização de determinado equipamento. No entanto, há a possibilidade de solicitar um helicóptero que se encarregará de devolver o nosso equipamento de volta à base, e é curiosamente nesse momento que começa frequentemente o PVP, visto que não há quem queira perder a oportunidade de obter os itens alheios.
Aconselhamos mesmo a não se aventurarem sozinhos pela Dark Zone, o melhor é terem sempre a companhia de alguém da vossa confiança, pois há grupos de agentes corruptos a cada esquina, prontos a vos fazerem a folha, o que muitas vezes resulta em momentos verdadeiramente cómicos.
Se a Dark Zone pode tornar-se igualmente repetitiva, o factor humano acaba por ser caótico o suficiente para proporcionar uma experiência original a cada vez que se entra, e o pormenor de haver também NPC’s e não ser meramente uma zona de PVP ajuda nesse sentido, ainda que a Inteligência Artificial sofra dos mesmos problemas e com uma dificuldade mais acentuada até.
No geral Tom Clancy’s The Division tem um enorme potencial mas ainda não mostrou tudo de que é capaz, a inteligência artificial é quase inexistente, se uns inimigos correm na nossa direcção feitos loucos seja em que circunstância for, outros, são dotados de uma barra de energia tão extensa, que nem precisam de se esconder. As granadas também nunca falham o nosso local, mesmo sem ângulo para entrar, inevitavelmente vão lá cair, o que acontece igualmente com os snipers: não falham um tiro.
Todavia, a jogabilidade é óptima, sendo fácil movimentar o nosso personagem como desejamos, assim como apontar e disparar, que é também muito simples, incluindo a função de rebolar no chão. O arremesso de granadas pode parecer estranho no início, mas fica simples e intuitivo com o tempo. Falta no entanto a capacidade de saltar, sendo obrigatório encostar, o que nos força várias vezes a dar voltas maiores do que o desejável, o que pouco sentido faz.
Não é o jogo do ano como muitos profetizaram, mas com todo o conteúdo grátis ao qual os jogadores terão acesso, somado a todas as regalias que integram o Season Pass, há a esperança de lá poder chegar.