Adeus vida familiar, vida profissional, vida pessoal… enfim, realidade em geral. Chegou o Football Manager 2015 e, a partir deste momento, tudo o resto passa a ter importância relativa. Tudo o que interessa é levar a minha equipa ao topo, comprar os melhores jogadores, tornar-me um treinador lendário.
Acabado de chegar, o novo Footbal Manager (FM) apresenta várias mudanças em relação ao anterior e, podemos já dizer, está melhor. Pelo menos, mais completo, com uma série de detalhes que fazem da experiência de ser um treinador virtual uma coisa cada vez mais próxima da realidade.

Mas antes de avançar com o que há de bom, há que assinalar algumas desvantagens, que são principalmente do ponto de vista visual. A “skin“, que não dá para alterar, é escura (o que, só de si, dificulta a leitura, sempre me dei melhor com letras escuras em fundo claro, e não o contrário). Depois, nos vários menus e ecrãs, além de predominantemente escuro, é tudo muito da mesma cor, sem grandes realces  e o novo grafismo tem um ar menos sofisticado que o 2014.
Também o processo de escolher a equipa no ecrã de tácticas está menos intuitivo, já não dá para seleccionar posição a posição com um simples click no botão direito do rato. Agora aparece a lista de posições e ao clicar surge a lista de jogadores que aí podem actuar. Este processo é particularmente demorado na escolha dos suplentes, porque nos aparece o plantel todo quando só queremos sete jogadores para o banco. A selecção da equipa, no ecrã de tácticas, ficou mais complexa e demorada, mas isso tem vantagens para quem habitualmente gasta mais tempo nessa escolha, agora pode mais facilmente escolher e alterar as funções e tarefas de cada posição. Para quem prefere um processo mais imediato, espécie de click and go, pode sempre fazer a selecção de equipa no ecrã geral do plantel, como era nas versões mais antigas do jogo, onde são precisos apenas 18 clicks no botão direito e a equipa está pronta a seguir.
Tirando estes detalhes, de somenos relevância, o FM2015 acaba por ser uma versão alargada e melhorada do seu antecessor.
As diferenças começam logo na definição do perfil do treinador. Além da informação do Bilhete de Identidade, agora podemos escolher que tipo de técnico queremos ser – de fato de treino ou de secretária. O treinador de fato de treino é o que passa o tempo no campo de treinos junto dos jogadores, faz um trabalho mais de preparador, com maior atenção às vertentes tácticas e técnicas. O treinador de secretária é mais cerebral,  mais distante do plantel, mas não deixa nada ao acaso – em especial, aspectos mentais e de motivação dos jogadores. A vantagem é que dá para misturar e podemos escolher atributos de um e de outro, criando uma mistura equilibrada.
Definido o perfil, o treinador começa a construir a equipa e definir as tácticas de jogo. E logo aqui encontramos novidades, há mais algumas instrucções para dar à equipa.
Antes de arrancar a época queremos procurar jogadores. Pedimos relatórios aos olheiros e este ano os relatórios são mais completos. Com uma observação mais prolongada, o olheiro apresenta-nos uma visão bastante alargada dos prós e contras de comprar determinado jogador.
Na vertente do treino, por exemplo, ficou mais rápido e eficaz treinar um jogador para jogar numa nova posição, solução sempre económica para evitar ir ao mercado.
Quando está tudo definido e pronto para arrancar, no jogo propriamente dito foram acrescentadas algumas vertentes, para que sintamos que estamos realmente no banco de suplentes. Por exemplo, entrevistas rápidas à boca do túnel. Em alguns jogos, somos logo abordados no acesso ao relvado por um jornalista mais atrevido, que nos pergunta porque é que deixámos tal jogador fora dos convocados ou por que é que fizémos tantas alterações tácticas.
Assim que começa o jogo, além das instrucções tácticas, agora podemos dar palestra à equipa no decorrer da partida, não apenas no início/intervalo/fim de jogo. No entanto, estas de início e fim de jogo, permitem agora falar à equipa por sectores – defesas, médios, avançados.
Depois há as inovações gráficas. À cabeça, a mudança da barra de menu, que passou a ser lateral e com mais opções, tornando mais rápida a deslocação entre ecrãs. Outra: visualizar a tabela classificativa dá-nos agora muito mais informação: basta passar o cursor em cima de qualquer número – de golos marcados ou derrotas sofridas, por exemplo – para aparecer um sub-quadro, com toda a informação. Por exemplo, se uma qualquer equipa tem 5 vitórias, o cursor em cima desse 5 diz-nos quais foram esses jogos que ganhos (contra quem foi, resultado). Depois, as animações do jogo em 3D. Foram introduzidos mais de 2 mil movimentos novos e o detalhe dos jogadores e estádio foi aprimorado, há mais fintas e os movimentos estão mais realistas.

Quanto ao desenrolar da época desportiva, este ano há uma dor de cabeça extra – é bastante mais fácil e frequente os jogadores ficarem insatisfeitos, a pedir para jogar mais ou para sair para outra liga. É preciso jogo de cintura e diplomacia para falar com os jogadores e convencê-los a ficar. Se isso não chegar, podemos pedir ao capitão de equipa para intervir.
Estes são os principais e mais visíveis aspectos que mudaram no jogo, de 2014 para 2015. Os restantes precisam de uma observação mais detalhada, que só vem depois de muitas semanas de prática intensiva e de desligamento total do mundo exterior.
Mas para já, afianço, o FM2015 está bastante bom. No fundo, mantém a qualidade a que já nos habituou há vários anos. Mantém também a premissa de evolução contínua de um jogo que, cada vez mais, se confunde com a vida real. E, a partir de agora, a decisão mais difícil vai ser a de clickar no menu de jogo, salvar e sair. Porque, todos sabemos, nunca é “só mais um jogo”.
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Duarte Pinto Coelho
Ainda mal sabia fazer contas de multiplicar e já jogava Chuckie Egg no Spectrum. Mais tarde, "Alex Kid", que vinha de origem na Master System, fazia as minha delícias. Sempre na vanguarda, acompanhei a evolução, primeiro a Game Gear, depois a Mega Drive, viciado em jogos como Sonic e Mortal Kombat. Depois, apareceu o futebol. O primeiro que joguei foi o FIFA 95, em que o Del Piero era um astro de outra galáxia. Com o advento do Pentium, veio o Championship Manager. E nunca mais a minha vida foi a mesma. Consolas, só ocasionalmente para jogar PES ou FIFA, porque pouco tempo sobrava das noitadas de CM. Míticas equipas do Sporting com Oceano, Peixe, Missé Missé, Sá Pinto, nos tempos em que entrava no editor pelo MS_DOS e criava um jogador com o meu nome e com 20 a tudo. Agora já não faço isso, contento-me em jogar com William Carvalho, mas as noitadas de Football Manager são igualmente longas. Acredito que um dia a direcção do Sporting me vai contratar para conselheiro psicológico da equipa. Basta verem o meu currículo dos últimos 15 anos de Football Manager.