Developer: Jutsu Games, Ultimate Games
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One
Data de Lançamento: 30 de agosto de 2024

Já sabemos que há jogos para todos os gostos e feitios e desta vez, a Ultimate Games em conjunto com a Jutsu Games decidiu fazer um simulador sobre um operador de Call Center num centro de operações de emergência. 112 Operator já existe desde abril de 2020 para PC, mas apesar da data coincidir com o início de uma pandemia da Covid-19, justiça seja feita que não foi esse o motivo para sair nessa altura, até porque no jogo base, não existe este tipo de doenças contagiantes.

Mais de quatro anos depois é chegada a hora do jogo ver a luz do dia nas consolas e ainda bem. Há simuladores que não me dizem grande coisa, mas este é daqueles casos em que só a ideia quase me convence a jogar. Talvez por dois motivos. O primeiro é porque já trabalhei num call center e, embora tenha sido na área da banca, o caos deve ser parecido e em situações como roubo ou burla, é notória a aflição das pessoas do lado de lá da chamada. O segundo é que a certa altura da minha vida equacionei seguir Proteção Civil e com isso preocupar-me com vários temas que o jogo aborda.

Em 112 Operator o nosso grande objetivo é controlar toda a operação de uma determinada cidade. No ecrã conseguimos ver um diagrama dessa mesma cidade representada com as estradas e acessos e é nesse o mapa onde vamos ter de gerir a nossa operação. Por lá estão estratégicamente colocados veículos dos bombeiros, ambulâncias e polícia. São estas três entidades que teremos de controlar à medida que nos chegam pedidos de ajuda e ao mesmo tempo que atendemos chamadas. 

Indo a casos práticos, imaginem que há um incêndio numa determinada zona, o melhor a fazer é enviar um ou dois veículos de bombeiros para lá. Mas entretanto, existe um incêndio noutro local, então teremos de decidir bem, conforme o tamanho da nossa frota o que fazer em cada momento. Um incêndio pode alastrar-se e vir a provocar mais estragos, pode ser preciso juntar ambulâncias para levar alguém que tenha ficado ferido ou até enviar a polícia caso se suspeite de mão criminosa. 

Se só acontecesse uma coisa de cada vez, 112 Operator nem era muito desafiante, mas o divertido disto é acontecer tudo ao mesmo tempo. Então no espaço de um minuto é necessário enviar uma ambulância para um local onde alguém se sentiu mal, um carro dos bombeiros para um incêndio mais afastado e ainda um carro da polícia para uma perseguição. Isto multiplicado por vários casos torna tudo num caos que merece ser vivido por quem tem alguma curiosidade por estes temas.

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No meio de tudo isto há então as chamadas, que quer se queira, quer não, atrapalham o nosso trabalho de coordenação, mas faz parte. A mecânica é simples: o telefone toca e podemos atender para perguntar à pessoa o que é que ela precisa. É aqui que entram os vários tipos de chamada. Existem cerca de 60 diferentes que vamos poder experiênciar e se é certo que nas primeiras horas tudo é novidade, quanto mais jogamos, mais as chamadas se repetem e isso tira o factor surpresa que no início acontece bastante. Faz lembrar aqueles jogos de quiz em que já sabemos as respostas passado algumas rondas. Deveria haver maior variedade, mas talvez sejam lançados novos pacotes de chamadas ou incidentes no futuro como foi feito no PC.

A primeira chamada que atendi foi de alguém a dizer-me que estava “uma bomba numa escola”. O primeiro instinto é o de localizar a chamada e enviar logo polícia para o local. No entanto, não sabemos de imediato de onde nos ligam, nem para onde devemos enviar quem quer que seja, então temos de fazer conversa. Onde está? Quem é? Quem lhe disse?, etc… A determinada altura começo a perceber que posso estar a levar um baile de alguém que decidiu brincar com estas coisas. Comecei então a questionar a veracidade e a dizer que mentir numa chamada destas podia levar o caso a tribunal. No final das contas era falso alarme e o incidente era apenas um aluno da escola que se calhar não tinha estudado para o teste. Enfim.

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Noutra ocasião uma senhora não sabia bem para quem estava a ligar e queria apenas conversar, ainda assim, enviei uma ambulância até casa dela para me certificar que estava tudo bem. Também há as chamadas em que teremos de fazer parte da ação com aconselhamento sobre manobras de reanimação ou até de como colocar um carro a trabalhar. Para dar mais um exemplo, a chamada de um homem desesperado que tem o carro parado no meio da linha do comboio chega a ser stressante. Digo lhe para ligar o carro e sair, mas ele vai tentar e não consegue. Tento dizer para ele abandonar e sair do veículo, mas num momento de lucidez o homem alerta-me para a possibilidade de um descarrilamento do comboio que passe ali em breve e para a quantidade de pessoas que podiam estar envolvidas se tal acontecesse. Não me orgulho de não ter tido mão na situação. A chamada terminou com o homem no carro aos gritos e a ouvir-se o som do comboio. Segundos depois foi preciso enviar para o local todas as unidades disponíveis: polícia, bombeiros e ambulâncias.

Isto para perceberem que nem sempre tudo corre bem quando estamos a tentar ajudar os outros, por muito que queiramos. Também levamos daqui uma dose de respeito e humildade pelos profissionais que fazem isto diariamente e têm de saber despistar se uma chamada é verdadeira ou falsa e decidir quem precisa mais de ajuda, tendo em conta o número de veículos disponíveis.

Se já perceberam como isto funciona na prática, vamos agora aos modos de jogo. Além de podermos jogar o modo livre, existem aqueles que considero dois grandes modos: a Campanha e os Cenários. No primeiro caso, escolhemos uma cidade base, no meu caso foi Madrid, pela aproximação e a partir daí somos colocados a controlar uma curta área da cidade em que precisamos de completar determinados objetivos para ir avançando. À medida que vamos subindo de posto, vou chamar-lhe assim, a área que controlamos vai ficando maior e mais difícil de manter em ordem, o que nos leva a ter de investir em mais corporações de bombeiros, mais ambulências e mais veículos da polícia.

Existe de tudo, desde motas para socorrer mais rápido, helicópteros numa fase mais adiantada, carros específicos para apagar fogos e outros mais de transporte de operacionais, entre muitos outros. O objetivo aqui é ir passando as etapas, equanto crescemos os nossos meios até chegar à segurança total da cidade em que todos os grandes objetivos foram cumpridos. Por exemplo, Madrid tem como grande objetivo diminuir o tráfico de droga nas suas ruas. Além de Madrid, podem escolher outras cidades como Paris, Moscovo, Roma ou Berlin.

No modo Cenários, como o próprio nome indica, somos colocados em ambientes específicos com objetivos concretos em que se não os fizermos, a missão falha automaticamente. Um dos que mais gostei foi o da Califórnia que é assolada por incêndios todos os anos e o nosso objetivo é controlar os vários grandes focos que vão surgindo, sem descourar toda a segurança do resto da zona. Além dos incêndios florestais aqui, existem outros cenários como tiroteios no Brasil, tempestade em Nova Iorque ou onda de calor na China. Tudo para jogar. 

Os menus são bastante acessíveis, mas ter um comando a fazer de rato nunca é tão prático como possa parecer. Mesmo com alguns atalhos nos botões do comando as coisas não são tão rápidas de aceder. Ainda assim, é fácil jogar 112 Operator e relativamente simples no que toca aos comandos de jogo. O som, como não podia deixar de ser, envolve sirenes, mensagens de transmissores e filtros de chamadas telefónicas. Para as coisas soarem melhor recomendo usar uns auscultadores para estarem mais imersivos e salvar a cidade que escolheram de uma maneira mais divertida.

112 Operator é um jogo muito interessante para quem queira sentir a adrenalina de gerir operações de emergência em direto. Como simulador, aborda bem o stress que os operacionais devem sentir em cada turno e ainda nos coloca a gerir a parte dos investimentos em veículos novos. Com várias cidades no modo campanha e vários cenários específicos noutras zonas eu fiquei satisfeito com o que me deram. Só gostava de ter uma maior diversidade de chamadas.

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Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-112-operator-playstation-e-xbox<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Os diferentes tipos de chamada</li> <li style="text-align: justify;">Simples de jogar</li> <li style="text-align: justify;">Os modos de jogo distintos</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">No final de algumas horas as chamadas repetem-se</li> <li style="text-align: justify;">Para quem só está a ver, as coisas não têm o mesmo interesse</li> </ul>