Developer: Befun Studio
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 17 de Agosto de 2023

Como provavelmente algumas pessoas já sabem, eu sou grande fã de RPG’s, e como tal já experimentei um bocado de tudo, como tal, hoje em dia já são poucos novos jogos que me surpreendem dentro deste género. E não digo isto de maneira depreciativa, muito pelo contrário, quando pego num RPG é exatamente por essa familiaridade no gameplay que eu jogo.

Isto para dizer que já vi muitas variedades de RPG’s e não esperava que algum jogo me fosse voltar a surpreender pela sua originalidade e apresentação, no entanto, Affogato apareceu exatamente para me mostrar que ainda há muito para explorar nos RPG’s e que ainda muito pode ser feito, e bem-feito neste caso.

E o que envolve este jogo? Tentando simplificar, este jogo é uma combinação de simulador de gerência de um café, com um estilo reverso de defesa de torres com um simulador social, tudo enquanto, ao mesmo tempo, encontramos elementos de RPGs. 

A nossa protagonista, Affogato, é uma bruxinha que chega à cidade de Arorua e abre um café que gere durante o dia enquanto à noite, com a ajuda da sua companheira Mephista, combate demónios. O café funciona como ponto de encontro de muitos seres mágicos e também como casa da própria Affogato. Vários acontecimentos estranhos começam, então, a envolver a cidade e a vida da nossa protagonista, e embora Affogato saiba que isto é obra de forças maléficas, ela continua a ter que pagar a renda todos os meses e de trabalhar no café.

Affogato, uma bruxinha detentora de poderes que lhe permitem entrar na mente das pessoas, vai então poder enfrentar muitas batalhas para devolver a ordem à cidade.

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Como já foi dito anteriormente, o jogo apresenta dois grandes elementos, as batalhas e o simulador de gestão de café, e estas são duas partes completamente diferentes do jogo.

Como necessita de pagar a renda, Affogato trabalha no seu café, onde muitos seres mágicos se reúnem. Esta parte do jogo é surpreendentemente envolvente e elaborada. Os clientes dizem-nos os seus gostos e os seus pedidos e a partir daí temos que ler as receitas e ver como cada uma delas é feita. Desde moer os grãos de café, passando pela máquina de café e todos os outros elementos necessários, esta parte do jogo está extremamente bem conseguida. Quando a receita do café está pronta podemos ainda adicionar elementos decorativos e de sabor adicional, como ervas, chocolate, açúcar, etc., isto tendo em conta o pedido inicial dos clientes. 

É possível criar boas relações com as pessoas que visitam a loja. Pessoas, essas, que vêm de todo o lado e que têm todo o tipo de histórias para contar e problemas para resolver, sendo que nós podemos ajudar a resolver os seus conflitos interiores. Confesso que quando comecei esta parte do jogo fui imediatamente remetida para o muito falado jogo indie “Coffee Talk”. 

Por outro lado, temos a parte tática do jogo. Enquanto Affogato investiga as ocorrências na cidade (através de missões que lhe são incumbidas por outras personagens) ela encontra as pessoas que foram afetadas pelos poderes demoníacos. Para se conseguir libertar estas pessoas, Affogato entra na sua mente e é na mente das personagens que se vai desenrolar grande, parte do gameplay. 

Uma vez dentro do psicológico das pessoas, entraremos na parte de “defesa de torre reversa” contra os demónios interiores da personagem a ser possuída. Quando entramos nestes níveis é-nos apresentado o nosso baralho de cartas, constituído por cartas do estilo tarot que fazem aparecer “familiares” que entram automaticamente para o tabuleiro de jogo e o percorrem em linha e atacando todos os inimigos que vão aparecendo. Cada carta tem as suas características e poderes exclusivos para serem usados nas batalhas.

Quando os familiares entram no mapa, cabe-nos orientar os familiares de modo que eles percorrem o tabuleiro da maneira mais eficaz ou estratégica possível. Confesso que ao início esta parte pode tornar-se bastante confusa e overwhelming com tanta coisa que está a acontecer ao mesmo tempo, no mapa, e, acima de tudo, com a necessidade de estar constantemente a orientar o foco para os familiares, caso contrário é uma grande confusão.

Para mandar mais familiares para o mapa precisaremos dos chamados Penta Points que é a moeda utilizada para se conseguir colocar mais cartas em jogo. Esta moeda é adquirida à medida que vamos derrotando inimigos no jogo. 

Embora este gameplay numa fase inicial pareça excitante, a verdade é que não há muito a ser adicionado e é um loop de jogo que, apesar de eu ter gostado imenso, compreendo que possa tornar-se frustrante para algumas pessoas.

Para além destas duas vertentes, este jogo também envolve um grande fator de gestão do tempo. Com o dia dividido em dia e noite e com contas para pagar até ao final do mês, cabe-nos a nós decidir quando trabalhar no café, quando fazer os main quests e até mesmo quando explorar a cidade que nos rodeia e participar noutras atividades. 

Se precisarmos de dinheiro podemos focar-nos em trabalhar no café ou em fazer missões, no entanto, se quisermos aumentar o nível de amizade com uma das personagens, podemos passar algum tempo e tentar conhecê-la melhor. No entanto, se o nosso foco for aumentar um dos nossos stats (beleza, coragem e inteligência) há atividades espalhadas pela cidade que o permitem fazer, como por exemplo, ir ao salão de beleza.

Gostaria também de mencionar que existe todo um sistema de upgrade de cartas. Quando estamos no nosso quarto podemos dirigir-nos à nossa companheira de jornada, Mephista, e fazer upgrade das nossas cartas ou até mesmo comprar cartas novas. 

Abordando agora partes mais técnicas do jogo, em Affogato, encontramos um estilo artístico de personagens e de ambiente altamente influenciado pelos animes. Aliás, digo mais, acho o artstyle absolutamente maravilhoso. As personagens são lindíssimas, tanto nos diálogos como no mapa, apesar de o jogo apresentar estilos de desenho diferentes. A cidade em si está extremamente bem conseguida, aliás, todas diversas áreas e todos os elementos adicionados são impecáveis e remetem-nos para as cidades nipónicas que vemos em filmes e animes. Achei a inclusão de elementos como uma entrada de metro, uma livraria e uma gameroom absolutamente adoráveis e envolventes. 

Os mapas ou tabuleiros de jogo são possivelmente a parte menos excitante porque, apesar de todos serem diferentes, não fogem muito ao mesmo padrão, no entanto, acho tudo absolutamente lindíssimo. 

A banda sonora deste jogo é absolutamente fenomenal. Quando estamos na rua principal temos uma melodia maravilhosa de smooth jazz que delicia os ouvidos. Na loja temos uma música igualmente adequada ao ambiente de café e que parece torná-lo ainda mais cozy. Cada localização tem o seu tema, extremamente divertido e envolvente, acima de tudo, adequado a vibe do jogo. Aliás, posso dizer que amava que esta fosse a banda sonora do meu dia-a-dia, simplesmente fenomenal.

O melhor de tudo isto, é que quando acedemos ao telefone do jogo podemos selecionar a faixa que mais gostamos para estar a tocar como fundo de jogo. Se isto não é genial nem sei. 

Paga-nos o café hoje!

Em suma, para todo o amante de música posso dizer que vale a pena jogar este jogo pela maravilhosa banda sonora que tem.

Gostaria também de mencionar o incrível voiceover. Só tenho pena que não tenha voiceover noutras línguas sem ser o japonês, mas mesmo assim as personagens são muito vivas e dá para perceber perfeitamente a intenção das palavras e das frases, mesmo não compreendendo o que elas estão a dizer e tendo que recorrer à leitura do texto apresentado.

Quanto aos settings do jogo, podemos mudar tudo o que é comandos, o que é bastante bom, principalmente para os comandos usados durante a batalha. É possível, também, fazer alterações gráficas e não só. No entanto, estou a abordar este facto, porque tive curiosidade em ver se o jogo tinha mais alguma língua disponível, no entanto, só podemos ter o jogo em inglês, mandarim ou japonês, sendo que limita um pouco o acesso ao jogo. 

As personagens são todas interpretadas e o diálogo delas é única e exclusivamente em inglês. Embora eu ache que os atores são maravilhosos e conseguiram por muito ênfase no que estão a dizer, ao ponto de nós conseguirmos facilmente compreender o tom da conversa, sinto que mesmo assim perdemos, aqui, uma parte do conteúdo do jogo.

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No recreio da primária passava a vida a ver o seu amigo de infância jogar Pokémon Blue no seu Gameboy Color, e não descansou enquanto não teve a sua própria consola. Os primeros jogos que teve foram o Kirby Dreamland 2 e o Pokémon Yellow e desde aí tornou-se grande fã da Nintendo e de videojogos em geral. Apaixonada por arte, música e jogosssss. Fã de JRPGs, farming sims e os chamados "cozy games" mas na verdade é caso para dizer que marcha de tudo, porque todos os jogos sao bons e sao experiencias unicas.
analise-affogato<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Todo o processo de fazer cafés</li> <li style="text-align: justify;">JAmbientes lindíssimos que nos fazem querer explorar a cidade</li> <li style="text-align: justify;">Sistema de cartas e de batalha inovador</li> <li style="text-align: justify;">Músicas ambiente lindíssimas, e melhor ainda, podemos selecionar a que queremos ouvir</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">As batalhas ao início são muito confusas e depois podem tornar-se um bocado repetitivas</li> <li style="text-align: justify;">A personagem principal desloca-se lentamente o que pode tornar a exploração um bocado fatigantes</li> <li style="text-align: justify;">Não há texto em portugês</li> </ul>