Developer: BioWare
Plataforma: Xbox One, PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 15 de Fevereiro de 2019

 

Anthem conquistou grande parte da atenção na última E3 de 2017, e a cada nova imagem maior era a expectativa. Um jogo que reunia elementos algo familiares, mas que parecia inovador simultaneamente. Um visual de assombro, e uma jogabilidade que aparentava ser realmente fantástica tornavam Anthem num dos principais jogos a serem lançados este ano.

Porém, no final de Janeiro foi finalmente possível testar a demo e soaram os primeiros alarmes. Eram demasiados problemas encontrados e parecia tudo menos preparado para ver a luz do dia daí a três semanas. Infelizmente acabou por se confirmar, e Anthem tenta agora sobreviver a um dos mais complicados lançamentos ultimamente.

Alguns problemas são graves, outros superáveis a curto prazo. No entanto, o meu receio é que possam condenar um jogo que tem um potencial enorme. Porque ultrapassados todos esses obstáculos, é sem dúvida um dos jogos mais excitantes que joguei recentemente. Há qualquer coisa de especial quando se vive o combate de Anthem. Tem uma alma própria. Se for a tempo de vencer os seus fantasmas, será com toda a certeza um dos melhores jogos para serem jogados na companhia de amigos.

 

Em Anthem desempenhamos o papel de um Freelancer, uma ordem esquecida de guardiões, que devido a trágicos acontecimentos no passado, hoje não são mais do que mercenários. Na origem desses incidentes está uma organização chamada Dominion, que regressou agora misteriosamente, juntamente com o seu poderoso líder que tenta deitar as mãos a uma tecnologia antiga e responsável pela génese do planeta tal como o conhecemos. A nossa missão, claro, será impedir que isso aconteça.

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Uma das críticas que faço, especialmente tendo em conta que o jogo foi desenvolvido pela Bioware, é que a história é como se tivesse sido remetida para um plano muito secundário. Responsável por sagas tão focadas no enredo como Mass Effect e Dragon Age, esperava-se que o envolvimento oferecido ao jogador fosse maior. Contudo, e apesar de uma enorme quantidade de lore que podemos ir descobrindo ao longo de todo o mapa, a trama da história não tem aquela base dramática à qual a célebre empresa de Edmonton nos habituou. Como se fosse algo mais facultativo e não um dos elementos principais do jogo.

Ficamos com a sensação de que Anthem se apressa a levar-nos a jogar e preocupa-se pouco com o contexto que está por trás de tudo o resto. Bons exemplos são as fracas explicações de algumas mecânicas importantes e os menus confusos que dificultam até a continuidade das missões. O que obriga a ter alguma paciência e perseverança de forma a superar uma difícil aprendizagem inicial que acaba por ser fundamental neste tipo de jogos.

Todavia, quando começamos a entender do que Anthem é capaz e onde pode chegar, o entusiasmo instala-se. A jogabilidade, tanto pela eletrizante acção do combate, como pela quantidade alargada de opções para abordar cada circunstância é absolutamente incrível. Poder voar, e adicionar esse elemento às estratégias disponíveis, torna Anthem diferente de quase tudo o que conhecemos.

 

São quatro classes, ou Javelins, se preferirem, e cada uma proporciona uma experiência verdadeiramente única. O Ranger é a solução mais versátil e equilibrada entre resistência e poder de fogo; o Colossus é o tanque de serviço; o Storm é uma extensão da força destruidora dos elementos; e o Interceptor faz uso da sua velocidade e agilidade estonteantes. Aqui foi onde a Bioware acertou em cheio, porque em vez de criar um número exagerado de classes, criou apenas quatro, mas com formas de jogar totalmente diferentes, e onde depois podemos construir builds que se aproximam do estilo de cada jogador.

A diversidade de armas, embora não seja ampla, tem o suficiente para encontrarmos aquelas que mais se adequam àquilo que pretendemos, e em parte faz sentido que assim seja, já que cada Javelin depende essencialmente das suas habilidades activas e passivas.

Existem duas habilidades às quais recorreremos mais vezes e que serão centrais na jogabilidade da classe, além de uma ultimate e uma skill de suporte que beneficia os membros da equipa que estiverem por perto. A acrescentar a tudo isso temos ainda as habilidades passivas, chamadas de Componentes, e que usamos para transformar a Javelin em tudo aquilo que imaginámos.

Neste particular, Anthem é espantoso e as possibilidades quase infinitas, se pensarmos no número de combinações que podemos arquitectar quando idealizamos a nossa build. Até porque como é um jogo completamente focalizado no co-op, além do aspecto individual, somos igualmente obrigados a pensar no que podemos oferecer à equipa, não só nas habilidades de suporte, como a nível de combos. Tudo isso faz com que principalmente nos modos de dificuldade mais avançados, quando a coordenação é razoável, os combates são simplesmente extraordinários. Por vezes o caos é de tal ordem, que a adrenalina e a concentração têm de estar sempre no topo.

Uma das principais preocupações dos jogadores residia no End Game, e embora seja curto no momento, também temos de ser justos e dizer que já está planeada a chegada de novo conteúdo nos próximos tempos, o que provavelmente resolverá esse problema. Ainda assim, para já, há o suficiente para horas e horas de diversão assegurada.

 

No aspecto gráfico pouco mais existe para dizer. Anthem é de cortar a respiração e tem o dom de nos conseguir levar para além do que concebemos como virtual. Um mundo vivo, cuja paisagem é deslumbrante para onde quer que olhemos, e onde nas batalhas os efeitos são do melhor que existe actualmente nos videojogos. Só é comparável à sua riqueza sonora, que torna a experiência mais magnética a cada instante que passa.

Anthem teve um mau começo, mas o potencial está todo lá. Costuma dizer-se que a pressa é inimiga da perfeição, e este é um dos casos que o confirma. Acredito convictamente que se tiver o tempo que precisa, e se aprender com os erros, será um jogo que eventualmente ninguém resistirá jogar. Porém, o mercado é cada vez mais implacável nestes cenários.

Esse é o seu grande desafio: chegar rapidamente onde prometeu.

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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-anthem<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;"> A jogabilidade é fantástica</li> <li style="text-align: justify;"> Opções de builds para todos os gostos</li> <li style="text-align: justify;"> Graficamente espetacular</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;"> Demasiados problemas no lançamento</li> <li style="text-align: justify;"> Menus confusos e poucas explicações relativamente às mecânicas</li> <ul>