Developer: IllFonic
Plataforma: Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e PC
Data de Lançamento: 5 de Julho de 2022

Se há coisa de que não podemos acusar o estúdio IllFonic, é de não se desafiar constantemente, ou de ser original. Os criadores de Friday The 13th: The Game, de Predator: Hunting Grounds, e de Ghostbusters: Spirits Unleashed (que será lançado ainda este ano), tinham outro trabalho e mãos, e, mais uma vez entregou um jogo carregado de acção, sendo que, neste caso, terão pela primeira vez, igualmente a responsabilidade da distribuição.

Já estava há vários meses em early access no PC e na PlayStation 5, chega agora à sua prova de fogo, ganhando a versão final nessas duas plataformas, além da PlayStation 4, Xbox One e Xbox Series. O early acess foi uma decisão do estúdio para enfrentar cautelosamente estes tempos de pandemia, uma vez que lhes deu uma margem importante para evoluírem com o feedback da comunidade.

Arcadegeddon está finalmente pronto para os jogadores, e com tudo aparentemente a funcionar na perfeição, incluindo o cross-play. E falo no cross-play, porque sendo um jogo com uma forte componente multiplayer, jogar sem estar limitado à plataforma é favorável a haver sempre jogadores disponíveis para as partidas, especialmente no lançamento.

A ideia é criar uma jogabilidade intensa, divertida e louca, o que se reflecte até no seu estilo artístico colorido, animado e psicadélico. É um shooter na terceira pessoa que, embora peculiar, não foge dos clichés e assume-os mesmo com sem complexos – afinal, trata-se de um jogo dentro de um jogo. Nesse sentido, é particularmente indicado para quem não procura uma história com profundidade, e somente quer ligar a consola e ter um pouco de acção.

Praticamente toda a história é revelada nos primeiros cinco minutos, tornando-se imediatamente claro que não é uma das prioridades de Arcadegeddon. E também não tem de ser, se olharmos para aquilo a que se propõe. Todavia, retrata o mundo num futuro próximo, numa inevitável atmosfera cyberpunk, no entanto, abordando uma sociedade que evoluiu para um contexto similar ao do filme Ready Player One. E não só no contexto, mas principalmente na narrativa, explorando uma história com algumas semelhanças.

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O futuro das máquinas arcade está em risco, uma vez que o dono de uma megacorporação – a Fun Fun Co. – está perto de ter o monopólio total do negócio. Sabendo isso, Gilly, um simpático dono de uma arcade store, como último recurso cria um software com o objectivo de conectar todas as máquinas de arcade e criar um super jogo. The Man – como é conhecido o proprietário da Fun Fun Co. –, é claro que não vai ficar de braços cruzados, e então lança um vírus de maneira a estragar esta democratização das arcades. Cabe agora a nós entrarmos no jogo e salvarmos os planos de Gilly.

É um jogo que podemos jogar em modo offline – para quem preferir jogar a solo –, mas é quando nos juntamos com amigos ou com outras pessoas que Arcadegeddon mais faz sentido – sem esquecer o modo de PvP para 8 jogadores. É um looter shooter na sua génese, onde estaremos perante bots controlados pela IA que serão produto deste terrível vírus. O combate é frenético e divertido, e com uma fluidez que surpreende. A dinâmica da jogabilidade é simples e dentro daquilo que podemos encontrar em outros looter shooters, ou seja, explorar a área e matar inimigos com uma arma até que possamos apanhar outra melhor.

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 Isso acontece com cenários gerados de forma procedural, numa espécie de rifts, onde em cada run nos são dados pequenos objectivos como controlar sectores, matar bosses, ou hackear portas, de forma a conseguirmos concluir o nível. Áreas de interposto existem entre níveis para que possamos comprar novo equipamento e munições, e bem que precisamos, dado que a dificuldade vai aumentando constantemente, assim como as recompensas.

Além dos movimentos básicos vamos ter um slide, e um double jump, a possibilidade de um load out com duas habilidades (de suporte, defensivas ou ofensivas), e três armas diferentes, para responder a diversos tipos de situações.  O equipamento que apanhamos – seja em inimigos, ou em chests – segue o mesmo esquema de raridade habitual neste género de jogos, sendo o coração do sistema de progressão.

A partir do momento em que o jogador se sente familiarizado com a jogabilidade, o jogo torna-se bastante divertido, já que o combate tem um ritmo alto e todas as mecânicas encaixam muito bem. Além disso, há uma enorme variedade de armas, que transformam por completo cada estilo. Não estamos apenas limitados às armas de fogo, visto que existem igualmente armas de corpo-a-corpo, porém, não tão eficazes em dificuldades superiores.

A acrescentar às armas, temos ainda as modificações, que têm um efeito passivo melhorando certos atributos. Isso ajuda um pouco a atrasar uma sensação de repetição que se torna inevitável passado algum tempo, mas que também é compreensível dada a proposta deste tipo de jogos.  Aliás, houve mesmo uma preocupação por parte do estúdio em oferecer variedade de maneira a tentar escapar o mais possível ao um ciclo de redundância.

Um bom exemplo é a personalização das armas e das personagens, que recompensam um certo grind que estará obviamente presente. Outra ideia interessante são as tarefas que nos são dadas pelos gangues que podemos encontrar no hub do jogo, que no fundo são objectivos que teremos de completar em cada run. E que não só nos darão um bónus de XP, como também é a melhor forma de termos acesso a novas habilidades. E em parte funciona, o grande problema é que eventualmente sentimos que é um deja vu que com o tempo se torna cansativo.

Contudo, é salvo pelo caos e a velocidade do combate, que por estar bem desenhado, leva os jogadores a continuarem a jogar. Isso e a qualidade gráfica, que embora não seja deslumbrante, tem uma agradável direcção artística. O mundo colorido e carregado de néons, e os efeitos visuais ao matarmos inimigos, levam que quase imaginemos que estamos num universo relacionado com Tron, incluindo no estilo de música que foi escolhido. E esses são também alguns dos pontos a seu favor.

Pela originalidade e uma óptima mecânica de combate, Arcadegeddon foi uma agradável surpresa. E sendo um jogo focado no aspecto cooperativo, é sempre uma boa opção para juntar um grupo de amigos e descontrair. É a primeira grande aposta da IllFonic como publisher e há que dizer que se saíram razoavelmente bem.

REVER GERAL
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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-arcadegeddon<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um conceito artístico que funciona</li> <li style="text-align: justify;">A jogabilidade é óptima</li> <li style="text-align: justify;">Uma componente co-op bem executada</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um pouco repetitivo</li> </ul>