Developer: Ubisoft
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PC
Data de Lançamento: 16 de setembro de 2025

Assassin’s Creed Shadows foi um dos jogos em que mais tempo investi este ano. De forma quase natural, ultrapassei facilmente as 100 horas, explorando cada recanto do Japão Feudal que o jogo tinha para oferecer. Ainda assim, para quem terminou a história principal, era claro que ficaram algumas pontas soltas. A Ubisoft, de forma inteligente, aproveitou essa base para lançar o primeiro grande DLC do jogo: Claws of Awaji. Esta expansão, mantendo a fórmula do original, traz novo conteúdo e uma narrativa que prolonga a experiência com momentos de jogabilidade intensos e algumas surpresas interessantes.

Publicidade - Continue a ler a seguir

A história desta expansão centra-se em Tsuyu, a mãe de Naoe, que se encontra aprisionada na ilha de Awaji. A forma como Naoe descobre esta informação é particularmente bem concebida: Hanzo dá-lhe a pista através de um espetáculo de marionetas que pode conter respostas sobre o paradeiro da mãe. É nesse momento que o jogo oferece uma das suas mais criativas variações. Durante cerca de dez minutos, assumimos o controlo dessa história de marionetes na forma de um segmento em 2D, ao estilo side-scrolling, que faz lembrar a trilogia Assassin’s Creed Chronicles. É uma forma elegante e bem concebida de introduzir a narrativa, diferente e inesperada.

Ultrapassado esse prólogo, Naoe decide partir para Awaji em busca da mãe. A escolha desta ilha como cenário foi muito acertada, não apenas por dar continuidade direta à narrativa, mas também por reforçar o envolvimento dos jogadores que ansiavam por respostas. A expansão volta a cruzar temas centrais da série, como a eterna luta contra os Templários e questões carregadas de peso e simbolismo.

Ao chegarmos à ilha de Awaji, percebemos rapidamente que quem controla o território é Kimura Yukari, esposa do daimyō local e aliada dos Templários. Yukari é protegida pelo seu guarda-costas, Tomeji, um poderoso samurai, e juntos representam a nova força de opressão contra a qual Naoe e Yasuke terão de lutar. Aqui, a narrativa desenha duas linhas paralelas: Naoe, mais ligada ao lado sentimental da procura pela mãe e pela afirmação como assassina, e Yasuke, determinado a continuar a batalha contra aqueles que oprimem o povo japonês e a enfrentar os Templários que tanto mal lhe causaram.

Sem revelar demasiado da história, é justo dizer que Claws of Awaji consegue equilibrar momentos intensos com outros mais previsíveis e até cliché. Algumas cutscenes, em particular, parecem demasiado óbvias, tirando força ao impacto narrativo. Ainda assim, o arco principal, que pode ser concluído entre 10 a 12 horas, tem pontos altos que conseguem surpreender e manter o interesse.

A ilha de Awaji, em si, é relativamente pequena, mas apresenta uma diversidade impressionante. Dividida em quatro regiões — Sumoto, Eshima Coast, Fukura Bay e Yura —, cada uma oferece ambientes distintos e facilmente reconhecíveis. O facto de o mapa ser compacto permite que as viagens entre pontos de interesse sejam rápidas, mesmo a cavalo, mas a geografia irregular incentiva os atalhos e a exploração fora das estradas principais. Essa verticalidade e variedade revelam arrozais, florestas densas, desfiladeiros impressionantes e paisagens de grande beleza, tornando cada deslocação uma oportunidade para descobrir algo novo.

Contudo, essa beleza é constantemente contrastada pela sensação de opressão. A nova facção inimiga, os Sanzoku Ippa, monta emboscadas, armadilhas e checkpoints militares por toda a ilha. É comum sermos surpreendidos por inimigos disfarçados, atravessarmos fios de arame esticados ou cairmos em bombas de veneno, criando a sensação de que viajar em segurança é quase impossível. Essa hostilidade permanente reforça a imersão e aumenta o grau de desafio.

Embora o jogo original já tivesse emboscadas, aqui a fórmula é refinada. Se não eliminarmos rapidamente certos inimigos, estes podem chamar reforços e transformar pequenos encontros em batalhas mais prolongadas. Esta mecânica aparentemente simples altera por completo a forma como abordamos os caminhos, obrigando a maior cautela.

Outra diferença importante é que, desde o início, sabemos quem são os principais antagonistas. Ao contrário do jogo original, em que era necessário investigar para identificar alvos, em Claws of Awaji a ameaça é clara desde o princípio. No entanto, a proteção em torno de Yukari obriga-nos a enfrentar figuras como Tomeji, Yasuhira, Nowaki e uma série de capitães espalhados pela ilha, cada um com a sua própria abordagem e estilo de combate. Sem entrar em pormenores para não estragar a experiência de cada um, basta dizer que os confrontos são variados e obrigam a adaptar estratégias.

O equilíbrio entre os dois protagonistas mantém-se como um dos pilares da jogabilidade. Naoe continua a ser a especialista em furtividade, recompensando paciência e precisão, enquanto Yasuke brilha em combates diretos, impondo a sua força bruta contra grupos de inimigos. A alternância entre estilos mantém a dinâmica fresca e continua a ser um dos pontos mais fortes do jogo.

Um dos grandes destaques que chegam com a expansão é a introdução do Bo Staff, uma nova arma atribuída a Naoe. Versátil e dinâmica, permite três posturas diferentes: alta – capaz de atordoar os inimigos; neutra – equilibrada e precisa; e baixa – ideal para desequilibrar adversários. A fluidez dos combos, cuidadosamente animados, parecem tirados de movimentos reais, e na verdade, estão impressionantes tanto na execução como no impacto. Esta arma não só aumenta a variedade de combate, como rapidamente se torna uma das ferramentas mais úteis da assassina em confrontos contra múltiplos inimigos. Importa ainda destacar que o Bo Staff não está limitado à expansão, estando disponível gratuitamente para todos os jogadores.

Se por um lado a expansão introduz boas novidades, por outro peca pela repetição de algumas atividades secundárias. Por exemplo, a mecânica de explorar castelos para abrir o baú das recompensas, obrigando-nos a eliminar os Samurai Daisho que se encontram espalhados pelas vastas áreas dos castelos, rapidamente se torna monótona. Depois de tantas horas no jogo original, estas tarefas acabam por ser tempo perdido, um problema que a Ubisoft podia ter resolvido com variações mais criativas, ou com uma forma de os encontrar mais facilmente.

Para além do novo conteúdo, Claws of Awaji chegou acompanhado de melhorias gratuitas para todos os jogadores. O limite de nível foi aumentado para 100, surgiram novas habilidades, o esconderijo recebeu novas opções de melhorias dos edifícios, sendo agora possível, por exemplo, melhorar as armas e equipamento e até diminuir o preço a pagar pelos batedores. Agora é também possível meditar para avançar o tempo, assim como foi adicionada a possibilidade de remover a névoa do mapa, para quem não gosta tanto de explorar o mapa.

Graficamente, a ilha de Awaji impressiona pela densidade dos cenários e pelo cuidado nos detalhes. Desde castelos a templos escondidos, passando por praias melancólicas e pântanos sufocantes, o design transmite constantemente hostilidade e melancolia. O clima, agora por vezes parece bem mais escuro e mais tempestuoso, reforçando a atmosfera da ilha e criando até uma ligação natural entre enredo e ambientação.

O áudio tem um papel igualmente essencial. Os sons ambientes aumentam a tensão durante as infiltrações, enquanto a banda sonora alterna entre composições subtis, que reforçam a sensação de perigo, e faixas mais intensas durante o combate. O voice acting mantém-se de grande qualidade, contribuindo para a imersão e autenticidade.

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji é uma expansão que consolida e dá continuidade à história do jogo original, oferecendo momentos intensos, algumas boas surpresas e uma sensação renovada de desafio. Apesar de certos clichés narrativos e da repetição em conteúdos secundários, a atmosfera opressiva da ilha, a introdução do Bo Staff e a presença marcante dos dois protagonistas tornam esta expansão quase obrigatória para quem se apaixonou pela aventura original.

REVER GERAL
Geral
Artigo anteriorMARVEL Cosmic Invasion recebe Black Panther e Cosmic Ghost Rider como personagens jogáveis
Próximo artigoNovo update de Titan Quest II chega em breve
Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-assassins-creed-shadows-claws-of-awaji<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Jogabilidade com o Bo Staff está incrível</li> <li style="text-align: justify;">A ilha de Awaji e a sua ambientação</li> <li style="text-align: justify;">Ser uma continuação direta da história principal</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Narrativa apresenta alguns clichés que eram desnecessários</li> <li style="text-align: justify;">Os conteúdos secundários são demasiados repetitivos depois do jogo original</li> </ul>