Developer: Beamdog
Plataforma: Xbox One, PlayStation 4 e Switch
Data de Lançamento: 15 de Outubro de 2019

Foi pouco antes de virarmos o milénio que nascia um dos mais importantes RPG’s já criados. Baldurs Gate definiu o modelo de narrativa de um género cujo sucesso se relaciona essencialmente com a envolvência que o jogador consegue tirar da história.

Vinte anos depois, a celebrar duas décadas de existência, é lançado para as consolas Baldur’s Gate I & Baldur’s Gate II, num pacote agora optimizado para as consolas, que além dos dois jogos, vem ainda com todos os DLC’s, a expansão Siege of Dragonspear (com conteúdo original desenvolvido pela Beamdog) e o modo stand-alone The Black Pits, onde podemos testar as nossas estratégias numa espécie de arena. Para muitos, é um regresso ao passado e a possibilidade de reviver a fantasia de uma experiência que dificilmente se repetirá. Será sempre nostálgico voltar a visitar Faerûn, num jogo que fez da Bioware uma das principais referências dos RPG’s, porém, dificilmente irá seduzir novos jogadores, que procuraram, provavelmente, produtos mais actuais.

Baldur’s Gate é um marco importante na história dos videojogos, não só porque introduziu um dos primeiros sistemas de moralidade, mas também porque é talvez o mais próximo que temos de uma partida digital de Dungeons & Dragons. Sendo que esta última, é possivelmente a razão pela qual ainda mantém uma forte reputação.

Há uma rigorosa curva de aprendizagem, que apesar de muito interessante exige alguma paciência. Nesse sentido, é indispensável que percam o tempo necessário a completar o tutorial, já que existem várias complexidades que por vezes nos deixam desesperadamente perdidos, especialmente no sistema de combate dependente da sorte nos dados.

A história fala sobre como a nossa personagem – com todas e mais algumas opções de personalização – se vê forçada a sair de casa e de uma vida até então relativamente tranquila. O contexto é de conflito e tudo aponta para que a guerra seja inevitável, num mundo que vai fazer questão de nos mostrar como consegue ser implacável.

Publicidade - Continue a ler a seguir

Como é habitual, o enredo vai sendo construído à medida que as personagens que nos acompanham se revelam, já que é a forma que o jogo utiliza para nos apresentar à história ao mesmo ritmo que aprendemos as mecânicas. Praticamente todas as quests acrescentam significado e interesse à história e nunca sentimos que apenas estão lá para fazer número.

Embora não considere a entrada nas consolas verdadeiramente justificável, dado que estamos a falar de jogos com 20 anos e que obviamente já não possuem o mesmo apelo, não deixa de ser uma das aventuras mais memoráveis dos videojogos. À boa maneira de D&D, o objectivo é atingido com surpreendente facilidade, e passa por levar a nossa mente a viajar numa aventura que além de ser conduzida, vai sendo igualmente preenchida pela nossa imaginação. É um jogo que nos leva a querer explorar mais e mais.

Como devem calcular, a estratégia não só é uma componente fundamental do jogo, como é também uma das mais estimulantes. Teremos de saber coordenar estrategicamente os membros de party e saber como e quando tirar partido das habilidades de cada um. Para tornar as coisas mais fáceis, temos um sistema de pausa para que possamos instruir, com calma, o que cada um fará a seguir. Tendo em conta a alta dificuldade dos modos ditos normais, acaba mesmo por ser algo que se torna imprescindível.

Graficamente é que se pode esperar para um jogo de 1998. Não será certamente por aqui que ficarão deslumbrados. Ainda que tenha sido ligeiramente melhorado no aspecto visual para se adaptar a resoluções mais altas, as diferenças são mínimas a olho nú. No entanto, é compreensível, dadas as circunstâncias. Quanto à banda sonora, é ainda hoje um prazer entrar no universo de Baldur’s Gate. A composição é fantástica e à altura de um título que é já quase como um culto.

Se pensarmos em todo o conteúdo que está incluído neste pack e nas inúmeras horas de campanha que temos pela frente, Baldur’s Gate I & II Enhanced Edition pode legitimar o preço, contudo, será improvável cativar novos jogadores a experimentar, particularmente os das gerações mais jovens.

Ainda assim, é um dos grandes clássicos dos videojogos e, como tal, também merece o seu espaço nas consolas.

REVER GERAL
Geral
Artigo anteriorKevin de Bruyne fala da pontuação dos jogadores da Premier League no Fifa 20
Próximo artigoLeague of Legends vai chegar às consolas
Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-baldurs-gate-1-2-enhanced-edition<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Conteúdo suficiente para horas de jogabilidade</li> <li style="text-align: justify;">A história é inesquecível</li> <li style="text-align: justify;">Uma das experiências mais próximas de D&D</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">The Black Pits é bastante repetitivo</li> <li style="text-align: justify;">Pouco apelativo para novos jogadores</li> </ul>