Developer: Exit Plan Games
Plataforma: PC, Xbox Series, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e Switch
Data de Lançamento: 05 de Outubro de 2023

Bang-On Balls: Chronicles chamou-me a atenção por ter sido criado pelo estúdio Exit Plan Games. Para quem não sabe, este é um pequeno estúdio co-fundado por José Teixeira, o Visual Effects Artist, que na altura em 2015, entrevistámos aquando o lançamento de Witcher 3: Wild Hunt, num evento criado pela Xbox Portugal e a FNAC. Nessa mesma entrevista falámos ainda da miragem que ainda era CyberPunk 2077, mas José, viria a deixar a CD Projeckt Red algum tempo antes do jogo ser editado, passando ainda pela Techland, antes de co-fundar a Exit Plan Games.

Numa conversa informal através de uma rede social, o José tinha-me dito que estava a acabar um jogo, Bang-On Balls e, agora, foi a vez de experimentá-lo. Estamos a falar de algum muito longe dos seus antigos trabalhos, talvez até por isso mesmo, aqui o desafio foi criar um mundo próprio, com muitas histórias ou períodos históricos pelo meio, cheio de humor, boa disposição e divertimento.

Neste jogo controlamos Bob, uma bola que, aparentemente, quer para si o lugar de super estrela de um estúdio de cinema. Para isso vai ter que demonstrar todo o seu valor e roubar os holofotes na sua direcção em vários cenários temáticos de filme, enfrentando vários inimigos, procurando tesouros, encontrando partes de cenário e segredos ocultos, tudo na base da “porrada”.

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Todas as personagens do jogo são bolas, coloridas e vestidas a rigor consoante cada época ou cenário e, todas elas, cheias de personalidade e humor. Diversão é a palavra de ordem neste jogo. É descomprometido, descomplexado, sem um grande rumo, deixando-nos andar pelo mapa à descoberta e o que pode parecer uma curta sessão de jogo, tornam-se horas seguidas sem darmos por isso. Este será um facto a ter em conta mais lá para a frente, mas já lá vamos.

Bob, a nossa personagem, pode ser “maquilhado” como quisermos, achei curioso que o podemos pintar com a nossa bandeira de Portugal, mas também a dos Açores, Madeira e até a bandeira monárquica. Tenho a impressão que é a primeira vez que vi todas estas bandeiras juntas no mesmo jogo. Nota-se aqui o dedo de José Teixeira, é claro.

Podemos carregar um escudo no braço esquerdo e um objecto no lado direito. Um servirá para defender dos ataques dos oponentes e o outro para atirar objectos e pouco mais. Até porque a forma de atacar o inimigo é mesmo rolar contra ele. Sim, leram bem, rolar, no fundo, somos bolas, certo?! Portanto, o dash não funciona apenas para nos deslocar mais rápido, mas também para atacar e, como seria de esperar, sendo nós e eles bolas, vamos chocar, com uma física muito apurada, atirando bolas por todo o lado, qual mesa de snooker improvisada.

Em cada nível ou cenário, temos alguns objectivos que temos que concretizar, como destruir barcos no cenário dos Vikings, por exemplo, mas também temos outros objectivos secundários, como salvar outras bolas, ou encontrar as fitas de filme perdidas pelo cenário. Para além disso, existem ainda, espalhadas pelo mapa, pequenas máquinas que exigem uma espécie de moeda do jogo, para trocarmos por cosméticos para a nossa personagem. Nesse campo também as bolas que salvamos podem ter consigo cosméticos para nos oferecer pela quantia certa, é claro.

O jogo consegue equilibrar o sentimento de aventura e adrenalina de concretizar os objectivos de cada cenário com o de desbravar todo o mapa e coleccionarmos todos os objectos. Aí entra em pequenos puzzles de ambiente, bem concretizados que nos estimulam, especialmente se estivermos a jogar em co-op.

Esse é outro dos pontos altos do jogo, isto é, a possibilidade de jogarmos com mais 3 amigos online, ou em formato local com mais um jogador em formato split-screen, visto que existem certos desafios em cada um dos cenários, que necessita efectivamente a presença de pelo menos outro jogador. Mas, ao contrário de outros jogos, aqui podemos convidar um amigo para se juntar nos momentos que quisermos e não num cenário ou nível específico, pois existem, ao pé de cada zona de desafio ou de puzzle que é obrigatório ter a ajuda de outra pessoa, um pequeno cabo de rede a emanar do chão, para convidarmos outro jogador. É simples e é eficaz.

Jogar com um amigo é caótico e super divertido. Afinal o jogo está feito para criar muitos momentos engraçados e coisas estapafúrdias, portanto as sessões de jogo são sempre uma risota. O que ajuda também é a sua componente visual. Não esperem um jogo ultra detalhado, estamos mais perto de Fall Out Guys, notando-se a inspiração em alguns clássicos de animação como Astérix, Mr. Men and Little Miss ou A Ovelha Choné, passando pelos anúncios dos anos 90 do Totobola, claro.

Em termos de level design o jogo consegue recriar os cenários históricos que representa, com uma boa variedade de formas de chegar ao mesmo local, cativando-nos a explorar o mapa vezes sem conta. Tem uma boa verticalidade, visto que podemos saltar e até um duplo salto, mas conseguimos facilmente subir, através de plataformas ou outros engenhos, a estruturas elevadas, como torres, por exemplo. Não temos um mapa, é verdade, e isso, para alguns pode ser um defeito, mas a verdade é que o jogo exige que se explore e, para isso, é preciso se perderem de vez em quando, até porque, só assim é que vão encontrar alguns dos segredos do jogo.

E sugiro que o façam, porque o jogo é bastante curto. Se fizerem apenas os objectivos de cada cenário em 5 ou 6 horas terão o terminado, se se entreterem com os objectivos secundários podem demorar perto do dobro, mas nunca mais do que 20 horas para o completar de toda a maneira e feitio. Como tenho, para mim, que é um jogo para ir completando, depois de ter feito o principal, nem vejo muito mal nisso, visto que é um jogo casual, divertido e descomplexado.

Bang-On Balls: Chronicles está, para mim, naquele plano de um jogo de pura diversão. Não deixa de ser competente, pelo contrário. Os gráficos são familiares, tanto no seu género, como próprios para o ambiente familiar em que pode ser jogado. No meio de tantas propostas megalómanas e profundas, há também espaço para a satisfação instantânea e para um jogo para nos divertirmos com os amigos.
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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-bang-on-balls-chronicles<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Muito divertido, com muito humor e nonsense</li> <li style="text-align: justify;">A possibilidade de poder jogar em co-op tanto online como localmente</li> <li style="text-align: justify;">Mecânicas simples, mas com puzzles desafiadores</li> <li style="text-align: justify;">Estilisticamente familiar</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Relativamente curto para a diversão que proporciona</li> </ul>