Análise: BIOMORPH

Developer: Lucid Dreams Studio
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 03 de abril de 2024

Lembro-me que a primeira vez que ouvi falar de BIOMORPH, foi precisamente na gamescom de 2022 num showcase apelidado de Awesome Indie Games, levado a cabo pela IGN internacional. Um estúdio relativamente recente, o Lucid Dreams Studio, criado em 2017 por dois veteranos de Montréal, queria criar jogos 2D bonitos e divertidos para PC e consolas. E era exactamente isso que era extreamemente aperitivo nesta sua primeira proposta, um metroidvania, com cinemáticas dignas de um Cartoon Network, e com as personagens e os cenários estilizados à mão. Agora chegou ao mercado e tive a oportunidade de o jogar em PC.

Em BIOMORPH, assumimos o papel de Harlo, uma criatura com traços felinos que acorda numa ruína sem qualquer memória do seu passado. Equipado apenas com os seus punhos cibernéticos, Eny e Zeki, Harlo foge do local e depara-se numa pequena aldeia onde conhece os sobreviventes locais. Harlo cria uma ligação com os habitantes desta aldeia, sente as suas dificuldades e promete tornar aquele lugar, um sítio digno de se viver. No entanto, confuso e sem recordações, decide partir em busca de respostas, dando início à nossa aventura.

Para ajudar os habitantes locais, Harlo sente-se compelido a explorar o mundo, o que o leva a recordar alguns fragmentos da sua história enquanto enfrenta inimigos e interage com artefactos do local onde despertou. A sua jornada de autodescoberta leva-o a lugares exóticos e perigosos, mas, graças a uma habilidade única do seu corpo, ele pode assumir a forma dos seus inimigos, utilizando as suas habilidades tanto no combate como na exploração do ambiente.

BIOMORPH é um jogo de ação no estilo metroidvania com uma narrativa não linear, onde acompanhamos Harlo em busca de respostas. A nossa missão é orientá-lo pelo mundo, ajudando-o a completar diversas missões e tarefas.

As habilidades transmorfas de Harlo, os seus punhos Eny e Zeki, são fundamentais, permitindo ataques à distância e corpo a corpo. A sua capacidade principal é utilizar o ADN de inimigos derrotados para se transformar neles, adquirindo as suas habilidades únicas.

Após derrotar uma quantidade específica de inimigos do mesmo tipo, Harlo pode transformar-se sem precisar do ADN de um corpo recentemente derrotado. Ele pode então escolher até três transformações para usar estrategicamente durante a aventura.

Além das transformações, Harlo pode obter melhorias permanentes e modificáveis nos pontos de save, por exemplo, a capacidade de liquefação, que facilita a locomoção e pode ser aprimorada para realizar investidas no ar ou andar pelas paredes.

Já as melhorias modificáveis, chamadas de Mementos, são chips que conferem bónus passivos, como revelar paredes ocultas ou aumentar o dano contra os Bosses. Isso permite ao jogador personalizar o estilo de jogo de Harlo de acordo com as suas preferências.

O mundo de BIOMORPH é vasto e detalhado, com uma narrativa não linear que nos encoraja a explorar diversos biomas e enfrentar uma variedade de inimigos. Um mapa intuitivo e a marcação de ícones de missões, que é um “must have” para mim, facilitam a nossa navegação. No entanto, o sistema de viagem rápida requer investimento cuidadoso, pois as peças necessárias são limitadas. É importante planear o uso destes recursos para evitar desperdício em locais para os quais vamos viajar poucas vezes.

O jogo pode ser terminado em cerca de 12 horas, dependendo do tempo que dedicam a revisitar áreas anteriores à procura de segredos e completar missões secundárias para recompensas adicionais. Explorar o mapa em busca de segredos e enfrentar inimigos para usar os seus poderes a nosso favor foi algo que me deu uma verdadeira sensação de satisfação, aquela de sentirmos que faz sentido voltar a percorrer todos os cantos do mapa.

BIOMORPH é mais um metroidvania extremamente bonito e satisfatório. Fundamentado na capacidade de transformação de Harlo, o jogo da Lucid Dream Studios diferencia-se dos demais. Com uma narrativa interessante e misteriosa, o jogo só peca pela quantidade exagerada de quests que nos podem fazer perder o fio à meada da própria história, e, algumas vezes, sem terem qualquer sentido.