Developer: WildArts Studio Inc.
Plataforma: PC, Nintendo Switch, PS5 e Xbox Series S|X
Data de Lançamento: 5 de dezembro de 2023

Já há algum tempo que os jogos de Paper Mario têm perdido o brilho que tinham inicialmente. Se as primeiras entradas da série marcaram o mundo do gaming e da série de Super Mario, os últimos jogos que saíram, apesar de bons, já apresentavam o desgaste da série.

Com isto em mente, muitos são os jogos que tentaram implementar essa magia na sua essência, no entanto, nenhum o fez tão bem como “Born of Bread” que finalmente apresenta a mesma intensidade e nostalgia que os primeiros jogos de Paper Mario.

A história deste jogo começa com um grupo de vilões escondido numas ruínas a tentar recolher estilhaços de pedras do sol, e por algum motivo acabam por ir ter ao palácio real onde Papa Baker, o chefe de culinária do palácio, está a tentar executar uma receita especial a pedido da rainha. Receita essa que seria para a confecção do pão mais delicioso do reino. Sentindo o fervor de toda a pressão vinda da rainha, o nosso Papa Baker está uma pilha de nervos, no entanto, em vez de um bom pãozinho acabado de fazer, o que acaba por sair do forno é nada mais nada menos do que a nossa personagem principal.

Loaf, como se chama a nossa personagem, é um pão que ganha vida e que é adotado pelo cozinheiro que o passa a tratar como um filho. Loaf não fala, mas, no entanto, ao longo do jogo, vamos tendo algumas opções de diálogo, o que ajuda a tornar a personagem mais comunicativa.

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Neste momento inicial, enquanto Loaf explora brevemente o palácio, os nossos vilões aterram na sala do trono e o nosso herói e o Papa Baker são atirados para fora do palácio devido à enorme explosão provocada. Loaf e Papa Baker acordam no meio da floresta desamparados, dando assim início à nossa mega-aventura. E não demora muito para encontrarmos os primeiros NPCs que nos vão ajudar nesta jornada épica. Assim, a poucos minutos do início do jogo, conhecemos Lint, um pequeno guaxinim com um bom sentido de orientação e que gosta de escavar o chão, o que nos vai desbloquear alguns caminhos ao longo do jogo.

Born of Bread consiste principalmente na exploração do mundo, combate e masmorras com tarefas definidas que precisam de ser concluídas para se progredir no jogo. E assim temos todos os elementos clássicos de um RPG, orientados por uma boa história de base que acompanha e guia o jogo.

Alguns dos NPCs que vamos conhecendo no jogo poderão também apresentar os típicos “side quests” que podemos escolher executar, ou não. Estes são variados e podem consistir em encontrar itens específicos, por exemplo.

A nossa personagem é controlada através de comandos muito básicos. Podemos andar com Loaf de um lado para o outro, saltar e atacar objectos com a concha de cozinha que adquirimos no início do jogo. E bater nos objetos pode acabar por ser bem benéfico, visto que assim conseguimos encontrar muitos colecionáveis de jogo bem como alguns segredos escondidos.

Enquanto exploramos o mundo que, por si só, é imensamente variado e atrativo, temos que ter cuidado com alguns elementos que nos podem reduzir a vida, como é o caso de corpos de água, no entanto, esta é uma opção de jogo que podemos desligar para reduzir a perda de vida no jogo. Enquanto divagamos pelo mundo de Born of Bread teremos também imensas armas para colecionar que poderão ir desde uma pequena foice, a um martelo de peixe ou um arco, isto para dizer que não há limites ao conteúdo de armamento apresentado. Para equipar o armamento temos um sistema de puzzle que representa a mochila de Loaf, sendo que as armas não cabem lá todas ao mesmo tempo, e temos que jogar com o espaço que cada uma ocupa e com o espaço disponível para as equipar.

Como em todo o clássico RPG temos imensos inimigos para derrotar e muitas masmorras para explorar. As batalhas, aparentemente simples à primeira vista, conseguem ser muito mais dinâmicas e minuciosas do que se espera.

Durante a batalha temos 3 sistemas de pontos disponíveis que ajudam a influenciar as decisões que se tomam durante estas. O HP representa o nosso nível de saúde durante a batalha, e caso este chegue a 0 perdemos. O WP define o “will points” e o RP ou “resolve points” usados especificamente nos ataques especiais. Podemos ainda designar um companheiro para lutar ao nosso lado e ajudar com estratégia defensiva ou até mesmo com os seus ataques especiais, porque cada uma das personagens que nos pode acompanhar em batalha tem o seu ataque especial, bem como ataques e capacidades especiais próprias e únicas. Para além disto, cada uma das armas apresenta um minijogo característico que nos dá a possibilidade de aumentar o impacto que esta vai ter nos inimigos.

Quando atingimos o ponto de aumentar o nível do Loaf, é-nos apresentados 3 cartões, cada um deles representando uma área para ser melhorada no jogo e que podemos escolher de acordo com o que nos mais interessa, por exemplo, poderemos aumentar os níveis de HP.

Para nos guiar e orientar durante o jogo temos um sistema de menus bastante grande que nos permite ver e controlar as mais variadas partes do jogo. Estes menus são grandes e contêm muita informação junta num espaço muito pequeno, o que pode tornar-se confuso. Confesso que aqui fiz mesmo os mínimos para a melhoria da minha personagem, e há alguns menus que ainda não sei muito bem o que fazem, porque, na verdade ainda não senti necessidade de os explorar.

Relativamente à apresentação do jogo e aos seus gráficos, continuo a achar que temos aqui um design muito atraente, vibrante e, ao mesmo tempo nostálgico. O jogo dá-nos a sensação de estar a controlar os cartoons que vemos na televisão de tão colorido e Cartoonish que é. As paisagens são muito variadas, não perdendo a ligação entre si e ajudando à criação de um mundo interessante e que dá vontade de explorar.

Por outro lado, a banda sonora apresentou-se muito divertida e groovy, encaixando-se perfeitamente neste ambiente, e, sem dúvida, que ajuda a manter um ritmo interessante de jogo.

Agora com o jogo completo já cá fora, continuo a achar que a planificação dos comandos de jogo podia ter sido mais bem conseguida, no entanto, isto não tira nada a experiência do jogo em si. Sinto, também, que a movimentação no jogo se encontra mais suave, ou se calhar é impressão minha, mas não me vou queixar.

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Born of Bread é, na sua essência, uma ode a série Paper Mario e a tudo o que ela poderia ter sido. Apesar de não dizer que este seja um jogo melhor do que Paper Mario, porque não o é, é sem dúvida um jogo lindíssimo de aventura e que vai agradar a todos os fãs deste género de jogo.

Desde o mais pequeno ao mais velho, qualquer pessoa pode pegar neste jogo e matar o desejo de um bom Paper Mario, nem que seja um bocadinho, e experienciar todo um novo universo que, secretamente, desejo que tenha continuação.

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Ana Pereira
No recreio da primária passava a vida a ver o seu amigo de infância jogar Pokémon Blue no seu Gameboy Color, e não descansou enquanto não teve a sua própria consola. Os primeros jogos que teve foram o Kirby Dreamland 2 e o Pokémon Yellow e desde aí tornou-se grande fã da Nintendo e de videojogos em geral. Apaixonada por arte, música e jogosssss. Fã de JRPGs, farming sims e os chamados "cozy games" mas na verdade é caso para dizer que marcha de tudo, porque todos os jogos sao bons e sao experiencias unicas.
analise-born-of-bread<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">RPG cheio de exploração, intriga e aventura</li> <li style="text-align: justify;">Gluten- Free Mode (o quão épico é isto? assim ninguém pode negar-se a este jogo)</li> <li style="text-align: justify;">História (porque quantas vezes temos um pão a ganhar vida?)</li> <li style="text-align: justify;">Gráficos coloridos e um mundo maravilhoso para explorar/li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Os comandos em si, ou a sua planificação</li> </ul>