Developer: Nerial / Devolver Digital
Plataforma: Nintendo Switch e PC
Data de Lançamento: 02 de junho de 2022

A Devolver Digital tem o hábito de apostar em jogos fora do comum e este é mais um deles. Neste caso estamos a falar de Card Shark, desenvolvido pelo estúdio Nerial e de um jogo de aventura misturado com cartas.

O jogo tem como pano de fundo a França do século XVIII e ao contrário do que se pode esperar num jogo de cartas, aqui o jogador terá que utilizar literalmente todos os truques que tiver na manga para ganhar o jogo. Vamos ter que criar intrigas, enganar pessoas, pagar por favores e outras coisas do género.

Card Shark não perde tempo em pequenos tutoriais ou algo do género para colocar o jogador em acção. A nossa aventura começa com a nossa personagem, um jovem garçon mudo e conhecido pelas suas convulsões, a servir vinho a um homem que nos pede ajuda para ganhar um jogo de cartas através de um pequeno esquema.

Os esquemas nem sempre correm bem e neste caso vemo-nos envolvidos numa morte acidental da dona da taberna e temos que fugir ao lado do tal homem que ajudámos. A partir daí entramos para um grupo de ciganos, todos eles, com muito jeito para esquemas, mas também com um motivo nobre: roubar aos ricos para dar aos pobres. É claro que nem sempre tudo é o que parece, mas o interessante é descobrirem isso mesmo ao longo da vossa aventura.

Publicidade - Continue a ler a seguir

A cada local que visitamos aprendemos um novo truque e são 28 para dominarmos até ao fim do jogo. Todos são apresentados e testados de forma simples e gradual, de modo a que consigamos absorver todas as informações aos poucos. A jogabilidade simples acaba assim por ser bastante favorável, pois a chave de cada truque tem a ver com a memória da execução de cada truque.

Seja para marcar uma carta, embaralhar o deck para ser partido de maneira favorável, servir vinho enquanto vemos as cartas do adversário ou limpar a mesa para dar conta do naipe e do número de cartas, tudo funciona de uma maneira simples. Tudo é uma questão de timing e fazer os movimentos certos.

Se estivermos a servir vinho para ver as cartas do adversário, temos que servir o copo gentilmente para termos tempo para ver as cartas, se estivermos a limpar a mesa para dar conta do naipe do adversário temos que fazer os movimentos correctos, se estivermos a baralhar um deck de forma às cartas cairem no nosso colega do esquema, temos que o fazer rapidamente para não levantar suspeitas. A ideia é sempre a mesma, aprender os truques, executar com suavidade, mas, ao mesmo tempo, fazê-los rapidamente para que a barra de suspeição daqueles que estamos a trapaçar não chegue ao limite. Se isso acontecer, somos apanhados ou morremos.

O jogo é sempre bem regado com humor pois até quando morremos temos a oportunidade de “dar baile” à própria Morte em si e trazer-nos de volta à vida no momento anterior à nossa morte. Estando devidamente localizado em português, o jogo facilita a compreensão em todos os momentos, percebemos facilmente o humor negro apresentado, assim como percebemos todos os esquemas e combinações de teclas.

É claro que nem tudo são rosas, há, de facto, um problema em Card Shark. Todos os truques envolvem a memória, como já referi, e o problema é mesmo esse. Se fizermos algumas sessões de jogatana e depois pararmos, é mais do que normal esquecermo-nos das combinações. O jogo não nos dá nenhum menu onde podemos rever os truques, a não ser de uma forma descritiva do truque em si e não da mecânica. É uma situação que se calhar poderá ser revista numa atualização, mas não deixa de ser uma questão pertinente.

Em termos visuais o jogo insere-se muito bem na componente histórica a que se refere, isto é, o século XVIII, por entre o Renascimento, o Neoclassicismo ou até o Impressionismo, sentimos esse ar no trabalho de Nicolai Troshinsky com o estilo barroco, abarrotado de informações e detalhes a dar a tónica de cenários que de forma propositada lembram quadros animados, fazendo com que a arte em 2D sobressaia. Este trabalho é muito bem acompanhado pela banda sonora original composta por Andrea Boccadoro e interpretada por uma orquestra, lembrando facilmente o estilo de música erudito ouvido na corte francesa à época.

Paga-nos o café hoje!

Card Shark destaca-se pela proposta diferente e divertida de um jogo cartas. Dá-nos aquela sensação de entusiasmo a aprender todos os truques de cartas que vemos nos filmes ou em actuações de mágicos e coloca-nos nesse papel numa ambiente particular. É um ótimo jogo para passar um bom bocado.

REVER GERAL
Geral
Artigo anteriorConheçam a nova linha Barracuda da Razer
Próximo artigoAnálise: Remote Life
Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-card-shark<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Jogabilidade simples e intuitiva</li> <li style="text-align: justify;">Uma proposta diferente do habitual num jogo de cartas</li> <li style="text-align: justify;">Boa ambientação</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Faltam-lhe indicações dos controlos ao longo do jogo</li> </ul>