Developer: Pyro Studios, Yippee Entertainment, Kalypso Media
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 04 de Dezembro de 2020
A franquia Commandos é algo que me faz lembrar toda a minha adolescência, e nas diversas horas que passei agarrado aos 3 jogos da franquia. Na altura, esta era uma franquia quase única, com mecânicas diferentes do que existiam nos jogos, e verdadeiramente desafiante para os jogadores que se aventuravam em jogar. Era um daqueles jogos que olhavamos para o ecrã de modo inocente e dizíamos: “bem isto parece mesmo real, que gráficos incríveis”. Mal sabíamos nós o que estaria para vir mais de uma dezena de anos depois.
Foi com bastante agrado que vi a Kalypso Media pegar nesta franquia esquecida e trazer de volta Commandos 2 HD Remaster. Bem sei que é o mesmo jogo com alguns melhoramentos, mas só a ideia de Commandos estar de volta já é algo que me agrada bastante, então se tiver sucesso e isso fizer a companhia pensar e lançar um novo jogo da franquia seria mesmo incrível. Mas isto já sou eu a divagar, por isso vamos lá ao que interessa.
Commandos 2 HD Remaster depois de ter chegado ao PC, Xbox One e PlayStation 4, chega agora à Nintendo Switch, sendo que a híbrida da Nintendo é um local incrível para termos a possibilidade de jogar este jogo, já que em qualquer lugar e a qualquer hora podemos avançar um pouco mais em qualquer um dos níveis que estejamos a jogar.
Para quem nunca jogou nenhum dos jogos da franquia, este é um jogo de estratégia em tempo real em que comandamos um pequeno esquadrão de Commandos em plena segunda guerra mundial. O objectivo é fazerem diversas missões de investigação, resgate de aliados e até sabotagem de equipamentos nazis. Tudo é passado em bases ou locais dominadas por soldados nazis, Logo, como devem imaginar, o foco do jogo é virado para a furtividade, de maneira a conseguirmos completar as nossas missões sem nunca sermos descobertos.
O nosso esquadrão é constituído por 9 personagens, cada um com a sua habilidade especifica; teremos o Tiny o Boina Verde, um comando que usa a força bruta como arma e consegue carregar cargas e matar inimigos com a sua faca de mata, mas além disso, consegue camuflar-se e rastejar para não ser detectado; depois temos Duke, o Sniper, uma atirador de elite; Spooky, o espião, que é um agente que pode disfarçar-se de soldados inimigos, e com a roupa certa, até consegue dar ordens a soldados com patentes inferiores; já Lupin é o ladrão do nosso esquadrão, e é bastante rápido, já que pode entrar por certas janelas, subir algumas paredes, e até trancar portas e caixas; temos também uma senhora, a Natasha, mais conhecida como Lips, que é uma sedutora, e uma agente que consegue distrair os inimigos e vestir roupa inimiga para se disfarçar; já Tread é o motorista da equipa, e pode operar tanques de guerra, criar armadinhas, jogar granadas e cocktails-molotov; não menos importante é Fins, um mergulhador que pode dirigir barcos a remos, mandar facas e nadar e mergulhar por tempo ilimitado por ter equipamento de mergulho; por fim resta Inferno, o nosso especialista em explosivos e armas pesadas como bazucas e lança-chamas. No entanto, ainda falta mais um agente, mas este não é humano, sim, estamos a falar de Whisky, um cão que além de conseguir distrair os inimigos, ainda pode passar itens entre o nosso esquadrão sem ser detectado.
Embora o nosso esquadrão seja de 9 personagens não os teremos a todos disponíveis nas missões, e cada missão terá os seus personagens, por vezes 2, por vezes 3. Noutras missões mais longas teremos mais, mas vai variando e não será o jogador a escolher qual quer levar. Cada missão tem os personagens já escolhidos e será com esses que teremos de a finalizar com sucesso. Se por um lado isso pode trazer alguma frustração por não termos uma ou outra habilidade que poderia ser muito útil, também nos obriga a arranjar estratégias diferentes, e algo incrível no jogo é que existem diversas maneiras de termos sucesso nas missões, seja com mais furtividade, com menos furtividade, seja de modo mais directo, ou de maneira a quase eliminarmos todos os inimigos. Ou seja, cada jogador encarará as missões à sua maneira e ao seu estilo, e é isso que torna Commandos um jogo de excelência no que toca à estratégia.
Os mapas do jogo vão variando de tamanho, e conforme vamos progredindo da história estes vão ficando maiores, e por vezes o melhor é mesmo ir resolvendo os nossos problemas por áreas sem andarmos a pensar em tudo ao mesmo tempo. Como já diz o ditado: “dividir para conquistar” e esse é mesmo o melhor plano. No início começamos com mapas com apenas alguns soldados, mas depois passamos para os mapas com muitos soldados, e até tanques e outros tipos de inimigos que vamos apanhar mais para a frente. Algo que precisam de ter em mente para qualquer missão é que não existem facilidades, o jogo é bastante exigente e ao mínimo erro a missão poderá fracassar.
É importante conhecerem bem todos os personagens e saberem como os utilizar, além de reconhecer as suas fraquezas; mas também é necessária calma e saber esperar e analisar bem as rotinas dos NPC. Se podem conseguir completar as primeiras missões em alguns minutos, as missões mais adiantadas vão levar horas, e aqui é importante saberem que existem diversos objectivos principais que somos obrigados a completar para finalizar a missão, porém, também existem objectivos secundários, sendo que estes não obrigatórios. Felizmente, os jogadores têm uma ajuda preciosa neste ponto, já que o jogo permite salvarmos em qualquer momento, o que significa que antes de avançarmos para eliminar um inimigo, ou fazer algo importante, não custa nada guardar o jogo, para se der para o torno termos a possibilidade de voltar atrás.
Para os jogadores que já conhecem a franquia Commandos, sabem bem que um dos nossos maiores trunfos é a possibilidade de vermos para onde os nossos inimigos estão a olhar, essa visualização é feita através de um cone, isto é, desde o inimigo até ao seu alcance máximo. Por vezes, por haverem edifícios e ervas, os inimigos não nos conseguem ver, ou apenas nos conseguem ver se estivermos levantados. Para conseguirmos ter essa percepção é possível fazer duas coisas, uma é colocar uma marca no chão, e verificar se alguém olha para ali, a outra maneira é marcar um inimigo específico e sabemos exactamente o local para onde ele está a olhar.
Quando à jogabilidade, está muito boa, mas leva o seu tempo até nos lembrarmos exactamente de todos os comandos disponíveis. No caso da Nintendo Switch não existe um único botão dos comandos que não tenha sido utlizado para o jogo, de modo a facilitar o jogador. E quer seja em modo dock, ou em modo portátil, o jogo funciona as mil maravilhas. Nunca tive problemas de breaks ou de qualquer outro tipo.
Quanto ao grafismo, nota-se que as texturas foram retocadas, assim como os personagens e os NPC, dando um grafismo mais bonito e mais “real” aos vários mapas que vamos percorrer. Embora se note que é um jogo antigo, não é daquelas remasterizações que por vezes tentam transformar um jogo velho num jogo novo. Quanto à câmera de jogo, teremos sempre uma vista isométrica dos cenários, podendo rodar a câmera de 90º em 90º graus, isto é, existem 4 câmeras de forma a termos uma visão de todas as partes do cenário, apesar de nem sempre ajudar a conseguirmos ter aquela visão exacta de que precisamos. A parte sonora está competente, com as músicas do jogo original, assim como os efeitos sonoros.
Commandos 2 HD Remaster trouxe-me uma nostalgia imensa e uma satisfação enorme, numa altura em que os jogos de estratégia estão cada vez mais esquecidos por parte dos jogadores. Este é um daqueles jogos que marcou uma geração de jogadores e que ainda hoje consegue oferecer diversão e fazer-nos pensar como superar os desafios proporcionados. Para os amantes do género é um jogo a não perder.
