Developer: Sumo Digital
Plataforma: Xbox One e PC
Data de Lançamento: 15 de fevereiro de 2019

Foi com muita expectativa que pegámos em Crackdown 3, o novo exclusivo da Microsoft Studios, pelas mãos da Sumo Digital que finalmente chegou à Xbox One, depois de tanto hype, adiamentos e suspense. Criar uma série que tenha tantos fãs e haters ao mesmo tempo, não é para todos, é um facto, só o “peixe graúdo” consegue dividir tanto as pessoas, e aumentar o nível de exigência, por isso não será de espantar que Crackdown 3 que tem uma legião de fãs tão grande, crie essa divisão, uns vão amar porque os fará relembrar todas as mecânicas dos outros dois jogos editados, outros vão achar que é muita parra e pouca uva. Nós vamos tentar ser o mais objectivos em relação ao que o jogo é realmente.

Crackdown 3 leva-nos a 10 anos após Crackdown 2, numa pequena cidade chamada New Providence, onde o nosso objectivo é recuperar o poder da nova organização terrorista, denominada Terra Nova. O crime vai ter os seus dias contados, ou pelo menos essa é a nossa missão, mas que não será fácil, porque à medida que vamos jogando, vamos ter que conquistar pontos chave, para de forma gradual aumentarmos a nossa capacidade, as nossas “skills” para enfrentar cada Chefe da organização.

Para isso vamos escolher o nosso agente logo no início do jogo, sendo que vamos encontrar o quase mais famoso que o jogo em si, Terry Crews (Jaxon), para além de Zaya ou Forgey, e outros que vão sendo desbloqueados com o decorrer da acção, visto que em New Providence estão espalhados os restos de ADN de outros 15 agentes.

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A organização terrorista, conhecida então por Terra Nova, está dividida por 3 facções: Logística: tecnológica e Robôs, Industrial: Químicos, Segurança: Guardas com armaduras e Tanques, cada uma com seu líder. E para podermos ter nível suficiente para enfrentar o líder máximo, teremos de destruir todas as facções e os seus líderes. Como já perceberam não é nenhuma novidade neste capítulo, na verdade Crackdown nunca foi de cair em crises de identidade, e sempre foi clara na sua proposta de liberdade total ao jogador, a sua personagem e um mundo aberto cartoonesco e vibrante. E mais uma vez é isso que vamos encontrar em Crackdown 3, o problema é que o tempo passou e o Crackdown não mudou, parece uma canção, e em parte até é, mas é a verdade.

Crackdown 3 mantém o estilo de gráficos em cell shading  mas com algumas mudanças, o que era expectável, até por passar para o Unreal Engine 4, a questão é que não se coaduna com outros jogos como o Gears of War, por exemplo, que em termos gráficos é bastante superior.  Nota-se que temos uma iluminação melhor trabalhada, texturas de maior qualidade e definição, assim como o uso de materiais realistas para compor o cenário. É uma mistura curiosa de elementos que pode parecer estranha à primeira vista, mas que foi implementada em outros jogos e filmes de animação – e, no final das contas, acaba por servir bem à proposta do jogo.

Em termos de gameplay, o combate é até empolgante. A nossa personagem é muito mais poderosa que os inimigos ao redor, dando a ideia de que somos capaz de lutar contra o mundo e tem aquele “feeling” de “over the top” de jogos como o Saints Row, mas alguns inimigos vão exigir mais de nós, nomeadamente nas lutas contra os Bosses. Continua a ser super-divertido, disparar em todos os sentidos e dar socos ou super-socos, mas o sistema de mira é um pouco irritante. É que o auto-aim é demasiado forte e por vezes queremos desviar a mira e não conseguimos acertar no que queremos, e a mira fica colada num inimigo que está mais próximo.
Talvez, o grande problema da jogabilidade seja o formato, rapidamente nos parece repetitivo e vazio, as missões muitas vezes parecem “side quests”, onde encontramos um base inimiga, seja de Indústria, Logística ou Segurança, cumprimos o objectivo dessa base, que geralmente é derrotar inimigos específicos ou atacar alguma construção, e já está, já dominamos o local. Conforme vamos dominando bases, vamos ficando a saber mais sobre as autoridades de Terra Nova, e ao conquistarmos um certo número de bases de uma facção, fazemos com que o Boss fique exposto para o derrotarmos.

O que equilibra esta rotina é o facto de termos um sistema de evolução do nosso Agente. As habilidades são distribuídas em cinco categorias: agilidade, perícia com armas de fogo, granadas, combate corpo a corpo e condução de veículos. Para melhorar estes atributos, basta eliminar inimigos usando as táticas correspondentes – matar um soldado com granada, sobe o nosso atributo em relação às granadas, atropelar vilões aumenta a nossa skill de condução e por aí adiante, a excepção são as de agilidade que estão espalhadas por New Providence e vamos andar aos saltos a tentar apanhar essas orbes para saltar ainda mais alto e aumentar a capacidade física do nosso Agente.

Temos que ser honestos, a questão de Crackdown 3 não ser aquilo que muitos esperavam prende-se apenas com o facto de existirem muitos jogos com as mesmas mecânicas, os mesmos moldes, ideias, conceitos e jogabilidade, e apesar de Crackdown 3 fazer tudo isso de forma consistente, até mesmo a condução árcade à GTA, a verdade é que também não se supera ou se destaca, os atrasos no seu lançamento acabaram por causar um dano bastante grande nas ambições da Sumo Digital e da Microsoft nesse sentido.

Nesta altura e até por se notarem bastantes diferenças no desempenho e gráficos na Xbox One X, que foi a versão que experimentámos, ficamos sempre com a sensação que podia ser tudo X 10, isto é, só quando estamos numa verdadeira embrulhada de inimigos no meio da cidade, é que percebemos que as explosões, as cores, a velocidade e fluidez do jogo, que corre sempre preso a 30FPS, mas sempre fluído, podia efectivamente ser. E não se enganem, o divertimento está lá, e provavelmente pelo que experimentei do Wrecking Zone, isto é, do ambiente online do jogo, do qual apenas poderei falar como uma experiência separada, pode ser, na verdade, o local onde Crackdown 3 poderá brilhar de uma forma bastante diferente, mas falaremos disso em local próprio e na altura certa.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-crackdown-3<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A nostalgia da série está toda lá!</li> <li style="text-align: justify;">Continua a ter uma estilização muito própria</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Fica aquém para o seu tempo</li> <li style="text-align: justify;">Poderia e deveria ser muito mais</li> </ul>