Developer: Radical Fish Games
Plataforma: Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One
Data de Lançamento: 9 de Julho de 2020
Depois do sucesso de Crosscode, quando foi lançado em Setembro de 2018 para PC, era de esperar que este RPG de acção também chegasse às consolas. Os jogadores tiveram de esperar quase 2 anos para receber finalmente um título que muitos dizem ser um dos melhores RPG de acção criados até à data, num estilo 16 bits.
A nossa personagem é Lea, uma avatar de um jogo chamado CrossWords, a proposta parece estranha, mas é de fácil compreensão, principalmente para jogadores que estão bem ambientados com Sword Art Online. Nós seremos uma personagem de um jogo MMO de realidade virtual, sendo que Crosscode é um jogo que tem dentro dele CrossWords e é nesse que Lea estará. É algo estranho de se explicar sinceramente, e jogando é de mais fácil entendimento esta interligação entre Crosscode e CrossWords.
O jogo começa com Lea a não se lembrar quem é, nem de nenhuma das suas memórias: perdendo até as suas habilidades e a linguagem. A parte interessante do jogo é que embora ela tenha perdido toda a sua memória, por outro lado, os outros jogadores lembram-se dela.
Logo no início o jogo apresenta-nos um tutorial bem extenso que se vai misturando com a história – durante cerca de 1 hora – até que somos transportados para a cidade inicial de CrossWords.
Além de um RPG de acção, Crosscode também conta com diversos puzzles e quebra-cabeças, muito ao estilo dos primeiros The Legend of Zelda. No entanto, ao contrário da grande maioria dos RPG’s que têm lugar nos tempos medievais, este é passado no futuro. Além da história principal, o jogo ainda tem diversas actividades, como as quests que adquirimos ao falar com os NPCs das várias cidades por onde passamos.
A jogabilidade é um dos pontos fortes do jogo, nomeadamente se olharmos para a mobilidade rápida da personagem, assim como para os seus ataques físicos e a longa distância. E no aspecto dos ataques a longa distância devo dizer que, de todos os jogos que já joguei, é provavelmente aquele que conseguiu trazer uma melhor maneira de arremessar objectos contra inimigos. Basicamente apontam com o analógico direito, e irá aparecer uma linha para mostrar a direcção para a qual estão a apontar e depois disparam com o botão de ataque. Outra das curiosidades é que podemos fazer tabelas com os arremessos, o que é incrível para acertar em inimigos e itens que estão atrás de outros objectos.
Será através dos ataques de longo alcance que muitas vezes conseguiremos ultrapassar diversos puzzles e quebra-cabeças; muitos deles obrigam-nos a usar ângulos para acertar em determinados dispositivos, ou mesmo a disparar no tempo certo para acertar em algo que esteja em movimento. É aqui que acredito que muitos jogadores possam sentir-se frustrados, ou até perder a vontade de continuar esta jornada, não porque os desafios sejam de uma dificuldade acima da média, mas por cortarem bastante o andamento do jogador, além de depois de algum tempo tornarem-se repetitivos e chatos. Como se costuma dizer, o que é demais também não presta.
Continuando a falar dos ataques, não podemos deixar de lado os combates, e esses além de intensos, têm uma dificuldade acima da média em comparação com outros jogos, seja pela quantidade de inimigos que por vezes temos de enfrentar, quer por termos um ou dois inimigos mesmo desafiantes, além da luta com Bosses que são na sua maioria das vezes extremamente desafiadoras. Não se preocupem, porque além dos ataques físicos normais e dos ataques de longa distância, vamos aprendendo habilidades (que aqui se designam por Combat Arts), que melhoram significativamente a nossa performance nos combates. Mas isto não é tudo, o jogo está extremamente bem desenvolvido, e os próprios status do personagem podem ser alterados, como aumentar o valor do seu ataque, da sua defesa e até a sua vida. Tudo isto acontece a partir do Circuit, que é o local que temos para evoluir Lea, seja a nível de status como a nível de Combat Arts.
Outro ponto que também é importante é o nosso equipamento. Lea pode equipar até 5 equipamentos, um para a cabeça, outro para o tronco, braço direito, braço esquerdo e pernas. Aqui também tudo está ao nível dos grandes RPG’s que conhecemos; os equipamentos oferecem defesa, ataque HP e Focus. Além disso, podem também ter diversos tipos de resistências, como a calor, frio, choque e ao vento. E as alterações não se ficam por aqui, já que ainda é possível fazer modificações aos equipamentos. Como é fácil perceber, não vão faltar objectivos para vocês melhorarem Lea nesta aventura.
Crosscode é sem dúvida um jogo excelente a nível de jogabilidade, os criadores acertaram em quase tudo o que colocaram no jogo, desde a velocidade do jogo, ao tamanho do mapa e das dungeons que estão muito boas, sem esquecer, claro, os inimigos que são bastante variados.
Se virarmos agulhas para o grafismo, estamos perante um 16 bits, mas que apresenta um pixel art muito bom. Diria que está provavelmente ao nível de Octopath Traveler, para terem uma boa comparação gráfica. Os cenários estão fenomenais para este tipo de grafismo, desde a ambientação de cidades supermodernas, a outras com um aspecto bastante rural. As dungeons e os territórios que temos de explorar também se apresentam muito bonitos, e até os cenários com água estão excelentes. Nota-se que tudo foi colocado ao pormenor, para trazer uma incrível experiência ao jogador.
No que toca à componente sonora, também está bastante competente, e se as músicas ambientam bem os locais onde estamos, os sons do jogo em geral também encaixam muito bem, tendo efeitos óptimos em alguns locais.
Deixar ainda uma palavra aos jogadores da Nintendo Switch, já que foi o local onde testamos o jogo, e podemos dizer que além das 60 (ou mais) horas de jogo que vão ter pela frente, corre incrivelmente bem, seja no modo portátil, como no modo dock.
Quando à linguagem, este não apresenta opção de Português, nem Português de Portugal, nem em Português do Brasil. Os jogadores apenas podem escolher entre Alemão, Inglês, Japonês, Coreano e Chinês. Provavelmente o Inglês será a melhor opção.
Crosscode é uma das melhores entradas desta semana no que toca às consolas, e é um jogo que os fãs de RPG de acção certamente vão querer experimentar. A mim convenceu-me e deixou mais uma vez bem claro que jogos independentes podem ser tão bons ou melhores que jogos de grandes editoras.
Como última nota, lembrar que o jogo também estará disponível em formato físico para Nintendo Switch e PlayStation 4, com três diferentes versões, a Standard, a SteelBook e a Collection Edition, os interessados já podem fazer a sua pré-reserva aqui: https://crosscode.inin.games/.