Análise: Cuisineer

Developer: BattleBrew Production
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 09 de Novembro de 2023

Cuisineer descreve-se como um jogo focado em comida, o que, logo à partida, me fez querer experimentar este jogo. Simuladores de restaurantes, aliás, simuladores em geral sempre foi um género de jogo que para mim significa divertimento garantido. Agora se a esse simulador de restauração nós juntamos um bom explorador de masmorras/labirintos temos então uma receita explosiva para um novo e divertido jogo.

Cuisineer apresenta-se como um jogo ao estilo roguelite ao qual se junta então a exploração de labirintos/mapas com a gestão de um restaurante, o que provou ser uma combinação muito divertida.

Em Cuisineer, a nossa personagem, Pom, é uma aventureira que regressa à sua terra natal de Paell para tomar conta do restaurante da sua família. Assim que chega ao restaurante, apercebe-se de que este está envolto numa grande dívida, sendo que a única maneira de a abater é colocar o restaurante de novo no ativo e torná-lo bem-sucedido.

O gameplay deste jogo está dividido em duas partes distintas e superdivertidas. Para conseguir encher o frigorífico do restaurante com os ingredientes para as refeições, Pom precisa de se aventurar nas áreas à volta de Paell. Temos à nossa disposição um mapa bastante variado que se vai abrindo aos bocados para podermos encontrar ingredientes diferentes.

Depois de selecionada a zona do mapa somos colocados num sistema de masmorras onde temos uma área para explorar com inimigos para derrotar de onde vêm os ingredientes. Cada vez que saímos da vila, o mapa de labirinto gerado vai ser diferente, o que é muito interessante e ajuda a manter a sensação de exploração.

Na nossa vila temos à nossa disposição o ferreiro local a quem nos podemos dirigir para comprar novo armamento e equipamento de batalha, bem como para fazer upgrades aos itens que temos em mão.

O combate em si é muito básico, temos uma arma e vários tipos de ataque (2 ataques simples e 2 ataques especiais) e temos que controlar o seu uso de acordo com o número e tipo de inimigos que temos, visto que os ataques especiais demoram algum tempo a recuperar para poderem ser usados novamente. Apesar de simples nunca senti que o combate fosse aborrecido, até porque de repente ser atacado por um bando de galinhas em fúria não entra no meu vocabulário de aborrecido.

Caso Pom perca stamina enquanto está no mapa, quase todos os itens recolhidos vão ser perdidos e a nossa personagem volta automaticamente ao restaurante e o tempo avança para o dia seguinte; por isso, é sempre bom controlar o que está a acontecer nos labirintos para podermos voltar a Paell com o maior número de ingredientes possível para encher o stock do restaurante.

A segunda parte do gameplay prende-se, então, com a gestão do restaurante. Depois de adquiridos os ingredientes temos imensas receitas, que vamos desbloqueando, para cozinhar. Para além disso, temos também todo o restaurante para remodelar de acordo com as necessidades e podemos ainda fazer upgrade também dos equipamentos da cozinha.

Podemos comprar mobília extremamente variada para podermos decorar o nosso restaurante e aumentar a sua capacidade, e podemos também comprar novos utensílios de cozinha para desbloquear ainda mais receitas.

Para além disto, a partir do momento em que abrimos serviço para o dia, teremos que atender aos pedidos dos nossos clientes e tentar fazer a maior quantidade de dinheiro possível. O jogo apresenta horários de refeições que são alturas do dia onde vai haver uma maior afluência de clientes e onde poderemos obter um maior rendimento.

O grande objetivo é conseguir desbloquear receitas cada vez mais caras para criar maior lucro e conseguir gerir um restaurante com uma capacidade cada vez maior.

E como Pom vive numa comunidade, é nela que vai conseguir encontrar cada vez mais receitas. E como é que isto se desenrola? Muito simples, ao falar com os NPCs presentes na vila, Pom vai desbloquear “quests” que, quando concluídas, vão permitir adquirir novas receitas.

Apesar de duas vertentes tão distintas de gameplay, sinto que os criadores do jogo conseguiram um balanço perfeito entre elas. O loop de ir caçar ingredientes, voltar ao restaurante e gerir o restaurante durante o dia é muito viciante. Eu dei por mim a jogar “só mais um dia” de jogo até ter que me forçar a parar por ser demasiado tarde, o que é exatamente o que procuro num jogo, a vontade de querer jogar sempre mais um bocado.

Todos os elementos estão em equilíbrio e não há nada que me tire o interesse.

Falando agora de outras vertentes deste jogo, Cuisineer apresenta um estilo artístico muito fofo, bem ao estilo de anime que eu adoro. Pom, a nossa personagem principal é muito querida bem como todas as personagens que nos são apresentadas. Aliás, mesmo as fontes de ingredientes são fofas, as galinhas, as pimentas picantes e tudo o resto, dá quase pena ter que as derrotar para adquirir os ingredientes.

A história em si não é extremamente profunda, mas é envolvente o suficiente para nos manter a jogar e para nos dar um objetivo enquanto jogadores. E senti que os NPCs foram muito bem envolvidos nela, com a apresentação dos quests para desbloquear novas receitas, tornando o jogo muito mais dinâmico e a vila muito mais viva.

Se és alguém que gosta de dungeon crawlers acho que vais sem dúvida gostar deste jogo. As várias zonas do mapa são lindíssimas e os labirintos/masmorras são muito variados e desafiantes, por muito fofos que sejam os nossos ingredientes.

Por outro lado, se és a pessoa que dá tudo por um bom simulador, acho que também vais gostar imenso do lado de gestão do restaurante e tens aqui a oportunidade de experimentar um estilo de jogo novo continuando a jogar em casa.

Quanto a pontos negativos não tenho muito a apresentar, talvez só o facto de o jogo demorar um bocadinho a arrancar, ou melhor, sair de uma primeira fase em que tudo o que vendemos no restaurante são ovos cozidos demora um bocado, mas assim que passamos dessa fase é sempre a andar; e ainda o facto de não nos ser realmente apresentado o sistema de horas de funcionamento de restaurante, apesar de ter sido uma mecânica que eu apanhei rapidamente, logo talvez nem necessite dessa apresentação.

Outro ponto que pode demover alguém deste jogo é o facto de haver muitos menus de espera, e de estes ainda demorarem um bocado. Basicamente sempre que se entre ou saia de algum lado temos esse menu, e consegue ser especificamente chato quando estamos a entrar e sair do restaurante. Acredito que os criadores ainda vão tentar melhorar este ponto, mas de momento ainda há algo que pode afastar muitas pessoas do jogo.

Cuisineer é uma boa mistura entre exploração de dungeons e simulador de restaurante, e se alguma destas palavras chama-te a atenção, então acho que tens mesmo que experimentar este jogo.