Developer: Moonlit, Ultimate Games
Plataforma: Xbox One
Data de Lançamento: 28 de Junho de 2023
Já lá vão uns aninhos desde que via o programa da Discovery Channel, “Deadliest Catch”, também conhecido em Portugal como “Pesca Radical”. Nem era bem pela pesca em si, mas sim pelas apostas que os barcos faziam entre eles para ver quem conseguia pescar mais caranguejo e fazer mais dinheiro. Também gostava das guerras entre tripulantes bem produzidas para um programa de televisão em que tudo parecia mais do que aquilo que realmente era. Mas é esse o propósito de um programa de entretenimento e lá nisso, não falhava.
Quem diria que um dia ia ser eu um dos protagonistas dessas histórias num jogo de simulação baseado nesse programa. Deadliest Catch: The Game chegou recentemente às minhas mãos, na versão para Xbox One, mas já estava disponível na Nintendo Switch e no PC. Conforme temos assistido aos últimos simuladores desenvolvidos pela Ultimate Games, o mais certo é a curto prazo, o jogo chegar também à PlayStation.
No primeiro impacto com o jogo recomendo passarem logo pelo tutorial, caso contrário não vão saber bem o que é para fazer e facilmente desligam o jogo. Os processos até são relativamente simples depois de os aprender e saber como funciona, mas acaba por se tornar repetitivo e secante a longo prazo. A nossa vista é em primeira pessoa e tal como ADN destes jogos de simulação, somos nós a fazer tudo, em grande parte sozinhos. Esqueçam a tripulação dos episódios que se via no Discovery, aqui é preciso pôr mãos à obra e trabalhar no duro. Mais tarde, já com outros recursos e mais dinheiro no bolso, podemos aspirar em ter uma mini-tripulação, mas até lá, o trabalho é penoso.
O jogo divide-se em dois espaços, o barco e o porto de abrigo, onde atracamos e podemos visitar alguns armazéns, cada um com a sua tarefa. Seja para vender caranguejo, contratar tripulação, evoluir uma árvore de habilidades, ou pagar multas, existem vários “espaços” que teremos de visitar no intervalo de cada jornada no mar. O processo de pesca passa por arranjar as gaiolas que vão ser lançadas, colocar lá a isca, anexar uma bóia e pronto, está preparado para ser lançado ao mar. No entanto, não se pode enviar assim em qualquer momento, porque as zonas com mais caranguejo são zonas específicas com características próprias para a espécie. A minha tática foi ir para perto dos outros barcos, depois de algumas tentativas falhadas em alto mar. Fazer avançar o relógio também é um dos trunfos que vão usar para conseguir pescar mais rapidamente.
Como já vos disse, estamos por nossa conta e sendo assim lá vamos ter de controlar o barco também, o que não é tarefa fácil. Felizmente dá para colocar uma espécie de piloto automático e enviar o barco para uma certa zona e embora não vá exatamente para o local que escolhemos, não fica muito longe da nossa marcação. Quando recolhemos o que pescamos é preciso dividir os caranguejos porque nem todos são para vender. Há que devolver ao mar o que não pode ser comercializado e evitar multas que temos de pagar, caso levemos algo que não se deve. Este também é um processo demorado.
O grande problema de Deadliest Catch: The Game é a sua verdadeira objetividade, ou melhor, é a falta dela. Não há grandes desafios impostos, estamos por nossa conta, apostamos que conseguimos atingir um valor monetário em cada jornada e lá vamos nós para o mar. Para o jogador comum acho muito pouco. Se me dessem uma espécie de enredo como os que via no programa de televisão, a experiência seria bem diferente. Assim, tudo acaba por se tornar repetitivo, mesmo com os nossos processos a tornarem-se mais automatizados com a evolução do personagem e com a contratação de um ou outro tripulante. A maneira de tornar isto mais interessante é inventar histórias, à boa maneira de jogadores mais virados para o streaming.
Sendo este jogo um simulador da Ultimate Games, podem esperar um nível gráfico em linha com outros jogos da empresa, o que não é propriamente bom, mas como se costuma dizer muitas vezes, para o que é, serve. De recordar que esta é uma versão para Xbox One, ou seja, para a antiga geração, o que nesta altura do campeonato, acho um bocado estranho. O jogo tem alguns bugs de performance com algumas falhas de imagem, problemas no menu de escolha do nome e alguns procedimentos que parecem simples, mas que o jogo não assume o que estamos a querer fazer. Por exemplo, preparar uma das gaiolas que vão ser enviadas ao mar pode ser pior que uma aula de matemática avançada para um aluno de humanidades. Apesar disto, estes são erros corrigíveis através de possíveis atualizações. Espero que aconteça isso, porque é o mínimo que podem fazer a quem decidir comprar jogo.
Deadliest Catch: The Game pode até ser na teoria uma boa ideia para um jogo de simulação, mas eu tenho as minhas dúvidas se é mesmo. Precisava de mais história, interação e mais diversidade de processos. A cada jornada no mar, pescar vai se tornando menos radical do que aquilo que devia ser suposto e não chega agarrar num programa de televisão e torná-lo num jogo de simulação. Acho pouco. Ainda assim, acredito que haja uns bons salva-vidas a inventar as suas próprias histórias e a aproveitar o jogo da maneira que conseguirem.