Developer: White Rabbit
Plataformas: PlayStation 4, PC
Data de Lançamento: 27 de Junho de 2019 (versão física)
É incrível como estamos cada vez mais a voltar a década de 90, onde raros eram os jogos que apresentavam uma dificuldade menor. Lembro-me bem que por vezes passávamos dias a tentar ultrapassar o tal Boss que nos estava sempre a fazer a vida negra. Além do mais, não existia o belo do youtube para ir ver o truque, ou o que era necessário para ultrapassar aquele ser tenebroso que não nos deixava avançar no jogo; e a internet era tão lenta, tão lenta, que para ouvir uma música chegávamos a passar 50 minutos só para fazer o download de um pequeno mp3. Sim, é verdade, o mundo já foi bem diferente.
Death’s Gambit chega agora à PlayStation 4 depois de ter sido lançado o ano passado para PC e oferece uma experiência diferente dos demais jogos. Para os mais novos podem associá-lo a jogos como Dark Souls (DS) ou Sekiro devido à sua dificuldade (e não só), já os jogadores na faixa etária dos 30 anos facilmente vão lembrar-se de jogos de outras décadas, até pelo seu estilo 2D e o seu grafismo em pixel art.
Death’s Gambit conta-nos a história do guerreiro Suron, um líder que na sua jornada contra o reino de Siradon foi brutalmente massacrado por seres que viviam nesse local. É fácil perceber o motivo disso, uma vez que nesse local, rezava a lenda de que existia uma fonte da imortalidade.
O jogo começa quando a Morte vem até nós e ao contrário do que podem pensar, oferece-nos novamente a vida, isto é, ressuscita-nos e transforma-nos em algo similar a um imortal, já que sempre que morrermos, ela aparecerá para nos dar vida novamente. Como seria de esperar, essa dadiva não será de graça, e teremos de assinar um contrato que nos obrigará a fazer uma missão quando a Morte assim o desejar.
Como devem imaginar, Suron aceita o contrato e começa novamente a sua jornada, desta vez sozinho, sem o seu exército, em busca de vingança, e claro, de cumprir o objectivo que a Morte tem para nós.
Embora em termos de dificuldade se consigam ir buscar facilmente jogos de outros tempos, a verdade é que a inspiração está muito agarrada a DS, e a razão de isso acontecer prende-se com os cenários do jogo, que normalmente são escuros, mórbidos e até tenebrosos. A influência de Dark Souls não se fica por aqui, e mesmo nos vários bosses (muitas vezes gigantes e com armas enormes) podemos encontrar essa referência; inclusivamente até na maneira como procuramos as coisas – com a diferença de que Death’s Gambit, por ser 2D, oferece-nos uma espécie de labirinto plataformico.
Lembram-se das bonfires de DS? Aqui temos as estátuas da Morte, que também permitem descansar (voltando a nossa vida ao máximo), melhorar o nosso personagem, e, obviamente, trazer todos os inimigos mortos de volta.
Para melhorar o personagem será preciso adquirirem fragmentos, que obtêm ao matar inimigos (faz lembrar as almas de DS certo?). Outro item de extrema importância são as penas de Fénix, que servem para voltarmos à vida quando morremos. Começamos com 3 penas, mas sempre que morrermos uma ficará caída no local da nossa morte. Obviamente que podem ir recuperá-la a esse local, no entanto, caso não queiram voltar a arriscar aquele caminho, podem sempre recomprar uma pena na Estátua da Morte.
Algo que devem estar ansiosos para perceber como funciona é o combate, mas para isso não podemos deixar de falar das diversas classes que podemos escolher, e que essencialmente são definidas pelos atributos iniciais, ou seja, umas começam com mais vida e força, outras com mais inteligência e destreza, nada que não se tenha já visto em DS.
O combate em si é repleto de mortes. Sim, não tenham medo de morrer, sendo que o truque será sempre conhecer os vossos adversários, e essencialmente entender o padrão de ataque e posicionamento; e a partir do momento que percebem as mecânicas e os tempos de ataque tudo fica mais fácil. Mesmo assim, basta um passo em falso e muitas vezes é a morte do artista. Além disso, temos a barra de stamina, que se gasta quando nos movimentamos, atacamos e defendemos; logo, cuidado com isso. Acreditem, não esperem facilidades, porque se no início do jogo até podem pensar que não é assim tão difícil como estou a referir, porém, quando avançarem mais um pouco, vão percebendo como a linha de dificuldade vai subindo substancialmente em Death’s Gambit.
É possível ter duas armas, e estas podem variar entre espadas, facas, catanas, machados, martelos, lanças, arcos, foice e até uma arma mágica. Obviamente que devem ter os atributos necessários para usar determinada arma, e claro, as habilidades que vão aprendendo só podem ser usadas com uma determinada arma.
Além de armas também podem e devem apanhar e comprar equipamento. Podem alterar toda a vossa armadura, melhorando no processo toda a vossa defesa, mas também alguns atributos. Como podem ver, o jogo está bastante completo no que toca a ajustamentos, lutas e até na diversidade de opções.
Graficamente o jogo está incrível no que toca a pixel art. Apresenta bons pormenores, alguns efeitos interessantes e os cenários estão bem representados – tanto nos locais onde estamos em contacto directo, como com os cenários de fundo. Para não falar dos inimigos e principalmente os bosses, que por vezes nos deixam pasmados com alguns detalhes. Um jogo que demonstra bem que é possível fazer um trabalho graficamente brilhante, mesmo com pixel art.
As músicas do jogo também estão boas, tentando oferecer o ambiente ideal para as situações que estão a ocorrer. O ambiente varia conforme o cenário e os efeitos sonoros acompanham a qualidade da música, tornando o jogo bastante competente nesse aspecto.
Tirando a dificuldade que por vezes nos pode levar à loucura, o jogo apresenta diversas línguas, entre elas o português, e embora a tradução não esteja má, existem diversos locais em que a tradução não está acabada.
Death’s Gambit é no geral um jogo bastante competente, mas que dificilmente é para todos os jogadores, que tal como DS, são para públicos específicos, oferecendo desafio, frustração, superação e divertimento. A mim convenceu-me claramente, embora compreenda que muitos jogadores não gostem de jogos com este nível de dificuldade.