Developer: CyberConnect2, SEGA
Plataforma: PS5, Xbox Series X|S, PC, Nintendo Switch
Data de Lançamento: 5 de agosto de 2025
Demon Slayer é um dos fenómenos de maior sucesso dos últimos anos, muito graças à sua série anime que é magnífica e conta com várias temporadas e também aos filmes, disponível em Portugal através das plataformas de streaming Netflix, Amazon Prime Video e Crunchyroll, cada um com uma quota parte da obra. Claro que a série anime surge de uma adaptação das suas mangá e em breve terá o início do seu aparente grande final com o filme que chega dia 11 de setembro, Demon Slayer: Kimetsu no Yaba “Castelo Infinito”, que já bateu recordes de bilheteira no Japão e prepara a sua chegada a outros países com grande apoteose.
Talvez para agarrar este hype e também para dar uma continuação ao primeiro jogo lançado em 2021, que deixou os fãs com fome de um segundo jogo, surge pela sombra Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 que melhora aquilo que já estava feito e inova com alguns elementos, mantendo-se fiel ao anime e a um tipo de jogo que já se tornou celebrizado pela CyberConnect2 noutros jogos baseados em anime, como Naruto ou mesmo Dragon Ball Z: Kakarot que mistura exploração com combates frenéticos.
O jogo começa exatamente depois dos eventos passados no primeiro jogo. Já se sabe que a premissa da história é acompanhar a jornada de Tanjiro Kamado que segue em busca de vingança pela morte da sua família e por uma cura para a sua irmã Nezuko que foi transformada em demónio. Se nunca jogaram o primeiro jogo, nem sequer ouviram falar de Demon Slayer, o melhor a fazer é ver, pelo menos, o primeiro episódio da série que dá logo umas luzes sobre aquilo que se passa naquele universo. Neste caso as coisas começam depois do arco do Comboio Infinito ou melhor dizendo, o “The Mugen Train”, e levam os jogadores para os arcos da “Swordsmith Village” e ainda para o “Hashira Training”, com a promessa de chegada de um futuro DLC que engloba os acontecimentos do filme no “Infinity Castle”.
Para quem não jogou ou já não se lembra do que se passou anteriormente, podem sempre passar pelo The Path of a Demon Slayer, disponível para recordar alguns acontecimentos passados, através de seis lutas que os criadores acharam essenciais para os jogadores. Embora este seja um modo com uma ideia boa, a verdade é que se não jogaram o primeiro jogo ou não viram as primeiras temporadas da série ou ainda o primeiro filme, não é assim que vão ficar elucidados sobre o que se passou. Acho sim, um bom modo para relembrar algumas lutas que marcaram o passado, mas nada mais que isso.
Esta “nova” jornada passa por um misto de jogabilidade entre caminhar por zonas conhecidas da série, explorando os seus ambientes, passar por mini-jogos, fazer missões secundárias, agarrar colecionáveis e claro, o maior destaque, os combates. Apesar de Demon Slayer 2 -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 ter todos os elementos base da estrutura de jogos da CyberConnect2, onde o texto impera juntamente com as cinemáticas, algumas longas, que faz parecer que estamos mesmo dentro do anime a seguir os passos de Tanjiro, a maior satisfação e o propósito do jogo são os combates alucinantemente bonitos que se têm.
Para quem vê de fora pode parecer uma coisa muito difícil de jogar, dada a quantidade de movimentos que se vê, de ataques que acontecem e de combos que teimam em findar, mas não é nada disso. O segredo de Demon Slayer é a aposta na simplicidade de processos e grande parte do tempo podemos só usar dois botões, embora pareça que usamos dezenas de combinações. Necessário é manter a cadência de ataques bem sucedida para que o nosso combo possa aumentar à medida que acertamos no inimigo. Podemos comparar este sistema com o que também é usado um pouco em Dragon Ball Kakarot e com maior evidência em Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm.
Além de ser preciso carregar em botões de forma rápida, os combates exigem a sua própria estratégia. Teremos de nos esquivar, defender e aprender alguns movimentos dos demónios para podermos contra-atacar com força e precisão. A velocidade alucinante faz parecer que estamos dentro de um episódio do anime e tornam cada luta um autêntico vício. Outro factor que faz com que as batalhas sejam mais dinâmicas é o facto de podermos chamar muitas vezes uma segunda personagem para um ou outro ataque combinado. Existem os chamados Dual Ultimates que resultam em ataques combinados que são mais fortes conforme os laços que temos estabelecidos com o outro personagem. Estes ataques não podem estar sempre a acontecer e devem ser usados em alturas chave da batalha, como por exemplo para terminar uma luta.
A força, a velocidade e a vitalidade são os três factores que influenciam os combates, mas ainda existe a possibilidade de customizarmos os personagens com certos itens, até três espaços, permitindo fazer várias builds e adaptar a nossa estratégia contra cada adversário e boss poderoso. Aliás, as lutas com esses bosses são muito desafiantes e difíceis de esquecer. É claro que o desfecho muitas vezes já se sabe para quem viu a série, mas é sempre uma surpresa a maneira como o combate acontece. O sistema de Gear premeia quem joga mais, dando acesso a mais itens, desde elementos que nos dão uma maior capacidade de resistência a certos tipos de ataque ou ainda outros que aumentam o nosso poder, velocidade ou ainda aumentam a nossa barra de energia. É um incentivo à exploração e à concretização de missões secundárias.
A nível de personagens, podem contar com um upgrade em relação ao jogo anterior. Demon Slayer 2 -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 vem com pelo menos 40 que podemos escolher para os combates de “Versus”, fora do modo história. Embora na realidade haja muitas repetições, como vários Tanjiros e Nezukos com diferentes formas. É igual nestes tipos de jogos de luta como Dragon Ball, onde existem inúmeras fases de Goku e assim. Mesmo tendo em conta esta limitação, é uma subida para o dobro dos personagens e isso é de valorizar.
Além do combate, como um bom jogo de anime, existem inúmeras cinemáticas, algumas delas bem longas. Nada contra isso, até gosto, mas enquanto em combate tudo é bonito, o grafismo usado para fazer estas longas cinemáticas deixa a desejar. São melhores que o seu antecessor, mas não chegam sequer a um Persona 5 de uma geração anterior, nem a um Kakarot, mesmo que este não seja um portento.
Nos modos de jogo, além do modo principal de história, há o “Versus”, onde só as lutas interessam, quase como se fosse um jogo de luta à boa maneira de Tekken ou Mortal Kombat. Há ainda o modo treino, que se por um lado é livre, existe outra opção que são os Training Paths, onde através de várias lutas chegaremos a um adversário mais poderoso que o teremos de bater respeitando vários objetivos e condicionantes que o próprio combate nos impõe. Esta é mais uma maneira diferente de jogar, embora não seja nada de extremamente inovador.
Demon Slayer 2 -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles 2 melhora a fórmula usada no primeiro jogo, mantendo a base e dando-lhe novos arcos da história, mais áreas de exploração, mais personagens e uma maior variedade de combate. É aí que o jogo brilha, seja com efeitos visuais, seja na velocidade das lutas, dando aos fãs a oportunidade de parecer que estão a jogar dentro do próprio anime.