Developer: Mimimi Games / THQ Nordic
Plataforma: PS4, Xbox One, PC e Nintendo Switch
Data de Lançamento: 16 de Junho de 2020

Apesar de ter o número III no título, este jogo é uma prequela, tal como aconteceu com Red Dead Redemption II, deve ser um fetiche dos cowboys, mas para aqueles que seguem a história de Desperados: Wanted Dead or Alive vão encontrar os traços das personagens bem retratados e uma explicação para muitos dos factos, mas ao mesmo tempo vão ver algumas personalidades um pouco mudadas como é o caso de Doc McCoy assim como vão sentir a falta de Sam ou Pablo Sanchez, mas nada que afecte em demasia o jogo.

Para quem tem seguido o trabalho da Mimimi Games, facilmente ficará empolgado com este jogo, porque depois do brilhante trabalho feito em Shadow Tactics: Blades of Shogun, que se tornou um jogo de culto, este Desperados III eleva a fasquia em termos de jogabilidade, grafismos e capacidade deste Real Time Tactics. Deixem-me apenas dizer que ainda é meu desejo que a Mimimi faça um novo Commandos, porque eram, sem sombra de dúvida, os mais capazes para reerguer essa franquia.

Voltando então à história, como prequela que é, vamos acompanhar John Cooper quando era um jovem imberbe a aprender com o seu pai os truques de como sobreviver no Velho Oeste, num pequeno tutorial básico de movimento e acção, mas logo aí, denotamos a primeira grande diferença para Shadow Tactics, o facto de o analógico esquerdo agora não marcar um ponto para onde queremos nos deslocar, mas sim, deslocar a nossa personagem em tempo real, o que torna, desde logo, o jogo muito mais fluído e interessante. A história desenrola-se depois em aprendermos as principais técnicas de cada uma das personagens, com John Cooper mais velho e sabichão, numa troca de galhardetes com Doc McCoy, depois com o seu amigo Hector e posteriormente ainda com Kate e Isabelle. As personagens e as suas histórias vão sendo introduzidas ao longo dos níveis para que aprendamos as suas virtudes e desafios, assim como as entrelaçando com a história em si. Como dissemos Doc McCoy aqui é um “hitman” contratado que Cooper encontra durante um assalto a um comboio, Hector é um amigo de longa data de Cooper e junta-se a ele numa pequena cidade no Faroeste, Kate junta-se ao gangue depois de Cooper lhe salvar a vida e ajudá-la na vingança e Isabelle, talvez a personagem mais enigmática e com uma jogabilidade diferente daquilo que já vimos, mas que se junta mais lá para à frente no jogo.

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O conceito do jogo é muito simples, mas não julguem que é fácil, pelo contrário até, cada personagem tem habilidades básicas que partilham entre si, e outro conjunto específico para cada um deles que os torna necessários ou únicos em determinadas situações e acções. Aquilo que temos que fazer em cada missão, é concluir os objectivos, seja matar algum inimigo em concreto, roubar algo, ou salvar um amigo, mas para isso acontecer é preciso táctica, é como um verdadeiro jogo de xadrez.

Por exemplo John Cooper é um mestre na arte de atirar a faca, ele pode atirá-la a uma distância razoável e matar o inimigo sem causar muito barulho, para além disso é também um pistoleiro exímio e com as suas duas pistolas pode “virar” dois inimigos em uma só jogada. Hector Mendoza é o peso pesado, usa uma armadilha de urso e o seu assobio para atrair os inimigos e matá-los assim como é o único que consegue eliminar alguns inimigos mais “pesados” apenas com um golpe do seu machado. Já Doc McCoy é um atirador furtivo exímio, para além de poder atrair os seus inimigos com a sua mala de médico que ao abrir-se dispara uma nuvem tóxica que deixa os inimigos tontos, para além disso ainda pode curar-se a si mesmo e os companheiros. Kate O’Hara é a rapariga que pode lançar o seu perfume para os inimigos perderem o seu campo de visão durante alguns segundos e é aquela que se pode disfarçar de outra pessoa para passar incolme perante os adversários. Por fim, Isabelle Moreau, a mestre do Voodoo que consegue controlar a mente dos seus inimigos e consegue fazer deles o que quiser, assim como pode dar o mesmo destino a dois inimigos distintos, portanto se um morrer, o outro morre também.

Para além disso há diferenças físicas entre eles, onde por exemplo John Cooper ou b conseguem carregar os corpos com alguma facilidade e agilidade, Kate ou McCoy já não o conseguem fazer e demoram muito mais tempo. Outro exemplo é o escalar, Hector e McCoy não o conseguem fazer a não ser que tenham mesmo escadas, e portanto Cooper será sempre o chamado para fazer esse serviço, assim como Hector é capaz de derrotar os inimigos mais corpolentos com um ataque, enquanto que as outras personagens só o vão conseguir fazer se forem dois ao mesmo tempo a desferir o ataque. Estes “traços de personalidade” são impostos para que tenhamos que pensar ainda mais e nos adaptarmos sempre às circunstâncias, porque nunca, mas nunca, nada é tão fácil quanto parece.

O jogo decorre em visão isométrica, com a possibilidade de com um conjunto de teclas, facilmente movermos a câmera 360º, assim como fazer Zoom In e Zoom Out conforme as nossas necessidades. Se em Shadow Tactics ao fazermos Zoom percebíamos alguma deficiência nas texturas, aqui isso não acontece de todo, tudo está perfeitinho, bem renderizado e sem nunca perder a fluidez, mesmo quando se instala a confusão. A nível gráfico o jogo continua a funcionar com os Cones de Visão que nos mostram o raio de visão de cada um dos nossos inimigos, dividido em dois, onde o a tracejado demonstra que se tivermos agachados o inimigo não nos vai ver. Depois muda de cor para amarelo se nos tiverem visto e para vermelho quando nos viram e nos atingem. Claro que mais uma vez se nos virem podem fazer soar o alarme e virem mais inimigos, como dar cabo de todo o nosso plano em segundos. Por isso, planear e planear, observar os movimentos e rotinas de cada um dos inimigos e até engendrar como o ambiente em si pode fazer o trabalho por nós será fulcral, e o jogo oferece inúmeras maneiras de abordar o jogo, e sentimos que estamos constantemente a aprender e a jogar melhor, dando uma enorme satisfação em cada momento, cada momento que precisa de ser salvo.

Falando nisso, mais uma vez, aqui temos um Save manual, que eu sei que muitos vão odiar, porque o jogo não cria checkpoints, e porque quando mudamos de nível ele não assume o início do nível como save. Sim esta última parte pode ser chata, mas logo no tutorial somos fortemente avisados que temos de estar a salvar manualmente quase de minuto a minuto, tanto que passando um minuto aparece logo na tela o tempo que já passou sem salvarmos, para não nos esquecermos de o fazer. Tanto o fazer save como fazer load são super rápidos nunca prejudicando o andamento da acção.

Se eu até percebia a razão de Shadow Tactics: Blades of Shogun não ter multiplayer, por causa de ser jogado em turnos, aqui já tenho mais dificuldade em aceitar. Parece-me óbvio que com a movimentação a ser feita de forma livre com o analógico, seria genial jogar com um amigo online. Seria uma experiência incrível, desafiante e enriquecedora, e que me faria dar a nota máxima ao jogo, e como tal perdeu aqui meio ponto por isso.

Desperados III é aquilo que toda a gente que jogou Shadow Tactics: Blades of Shogun podia esperar, um RTT de enorme qualidade que ganhou muito com a questão do movimento livre e que a nível de jogabilidade e personalidade foi crescendo e crescendo. Continua a dar a mesma vontade de repetir e repetir até porque acabadas as 15 missões, cada uma com cerca de uma hora, podemos tentar fazê-las com todos os objectivos propostos, entre os quais speedruns. Será um jogo de culto tal como foi Shadow Tactics e é dos mais recompensadores deste ano.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-desperados-iii<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um dos melhores Real Time Tactics</li> <li style="text-align: justify;">Introdução do movimento livre</li> <li style="text-align: justify;">Grafismos e diversidade</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Já merecia um multiplayer online</li> </ul>