Developer: Blizzard Entertainment
Plataforma: Xbox Series, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 23 de Setembro de 2025
Passaram-se quase três meses desde a última temporada, e a Blizzard volta a lançar uma nova season de Diablo IV, mostrando a vitalidade e o sucesso contínuo do jogo entre os jogadores. A Season of Divine Intervention representa não apenas um aumento de conteúdo, mas sobretudo uma mudança clara de filosofia, colocando os jogadores diante de uma pergunta provocadora: o que acontece quando forças superiores deixam de agir discretamente nos bastidores e passam a intervir diretamente no destino dos mortais?
Desde os primeiros momentos da temporada, a narrativa deixa claro que não se trata de conteúdo sazonal descartável. Divine Intervention funciona como um ponto de transição, tanto mecânico quanto temático, preparando o terreno para a expansão Lord of Hatred. A presença de Hadriel, um agente celestial a atuar fora das regras rígidas dos High Heavens, estabelece um tom de ambiguidade moral que se afasta do tradicional eixo do bem versus mal. Aqui, a intervenção divina não é uma salvação garantida, mas sim uma força instável, poderosa e, muitas vezes, perigosa.
Essa instabilidade encontra expressão mais tangível nas Divine Gifts, o núcleo da experiência da season. Diferentes dos poderes sazonais clássicos, que ofereciam multiplicadores de dano ou bónus previsíveis, as Divine Gifts introduzem interações contextuais que moldam o fluxo do combate. Alguns entram em ação quando a morte é iminente, outros recompensam agressividade extrema, enquanto certas Gifts transformam decisões defensivas em oportunidades ofensivas. Cada Lesser Evil dropa Corrupted Essences na primeira derrota, que devem ser entregues a Hadriel para desbloquear os Divine Gifts ligados a esse inimigo. Cada Gift pode ser slotado em versão Corrompida ou Purificada, e pode ainda ser aumentado de rank derrotando novamente o Lesser Evil e os seus minions empoderados, melhorando os Rewards. Este sistema cria profundidade estratégica, incentivando o jogador a planear cuidadosamente a progressão dos seus poderes e a escolher quando e como enfrentará os bosses.
Narrativamente, os Lesser Evils ampliam este conceito. Duriel, Belial, Andariel e Azmodan não são meros desafios isolados, visto que cada um controla conteúdos centrais do mundo, transformando Helltides, The Pit e Kurast Undercity com a sua própria marca de corrupção. Azmodan, em particular, assume o papel de world boss permanente, podendo surgir de forma espontânea ou ser invocado em três Summoning Altars, cada um infundido com o poder de outro Lesser Evil.
Ao mesmo tempo, a Season of Divine Intervention marca também uma das maiores evoluções na progressão de itens desde o lançamento de Diablo IV. O sistema de itemização foi completamente repensado, começando pela eliminação da frustração do RNG (Random Number Generator) com o Tempering. Este sistema permite aos jogadores escolher afixos específicos para o equipamento, dando maior controle sobre a construção de suas builds. Ao lado dele, o Masterworking transforma o progresso em um processo mais gradual e deliberado, melhorando não só as estatísticas base, mas também os afixos que são atribuídos aos itens ao longo do tempo. Por fim, a Sanctification, que marca o ponto final na evolução de um item, exige o uso de Heavenly Sigils em dificuldades Torment, mostrando que a progressão de equipamentos vai além da estética. Para santificar um item, o jogador deve coletar esses sigils, criando mais uma camada de estratégia e exigindo uma abordagem mais consciente na forma como utiliza os recursos sazonais.
Além de uma progressão mais controlada e satisfatória, esta season apresenta uma mecânica de Capstone Dungeons com dificuldade fixa. Estas dungeons não escalam com o nível do jogador, permitindo uma decisão estratégica, isto é, enfrentá-los cedo, com maior risco e maior recompensa, ou esperar para enfrentar com uma build mais poderosa.
Outro grande destaque desta temporada é a introdução da Season Rank, que substitui o antigo sistema de Renown e traz consigo novos desafios, incluindo os Capstone Dungeons e objetivos sazonais que recompensam os jogadores com Skill Points, Paragon Points, Smoldering Ashes e cosméticos exclusivos. As Smoldering Ashes são usadas para desbloquear Season Blessings, que proporcionam melhorias permanentes para toda a temporada, como aumento do Divine Favor, melhores chances de drops de elites e world bosses, ou até mesmo uma maior probabilidade de encontrar itens ancestrais. A integração dos Season Blessings com a progressão de Season Rank fortalece a sensação de continuidade e de impacto real nas nossas ações ao longo da temporada.
Estas melhorias na progressão são complementadas pela implementação de Reliquaries, que funcionam como o equivalente ao Battle Pass, permitindo aos jogadores desbloquear itens cosméticos e melhorias específicas. Agora, cada Reliquary oferece liberdade de escolha, o que significa que os jogadores podem escolher desbloquear apenas os itens que realmente desejam, como armas, armaduras, montarias ou pets. A Blizzard introduziu ainda a opção de comprar pacotes em Platinum, o que permite aos jogadores acessar conteúdos premium, incluindo o conjunto de armadura Celestine Templar, as asas reativas Wings of the Celestine Templar Back Trophy e o pet Nimbus Winged Fox. Adicionalmente, a implementação de Favor Tokens permite aos jogadores desbloquear qualquer item de Reliquary que desejem sem desperdício, promovendo uma experiência mais personalizada e centrada nas escolhas dos jogadores.
Além disso, as mudanças na defesa e sobrevivência tornam o combate mais tático e profundo. Novas estatísticas como Toughness e Physical Damage Resistance, combinadas com o rework de Armor, Resistances, Fortify e Potions, exigem posicionamento, preparação e gestão cuidadosa de recursos.
Porém, uma das evoluções mais importantes nesta temporada é a IA melhorada e a diversificação do combate, que se tornam evidentes na maneira como os monstros se comportam. Os elites e champions agora são mais distintos e exigem maior atenção na leitura do campo de batalha. Essa mudança na IA torna o combate menos mecânico e mais reativo, alinhando-se perfeitamente com os Divine Gifts, que introduzem imprevisibilidade no fluxo das batalhas.
Embora não tenha testado, até porque só chega com o Patch 2.5.2, a Tower promete trazer um novo endgame competitivo. Trata-se de uma dungeon multi-andar, cronometrada, com duração de 10 minutos, onde os jogadores podem enfrentar inimigos, adquirir orbs e utilizar Pylons que concedem buffs temporários, como aumento de dano ou velocidade de movimento. As runs são classificadas por Tier e tempo de conclusão, e há rankings separados por classes e tamanho de grupo, tanto em modo Normal como Hardcore.
A introdução do Paladin, embora ligada à pré-compra da expansão Lord of Hatred, encaixa perfeitamente neste contexto. As suas mecânicas de proteção, milagres defensivos e intervenções reativas refletem diretamente os conceitos de Divine Gifts e os novos paradigmas de sobrevivência, reforçando a sensação de que esta season é um prólogo narrativo e mecânico para o futuro de Diablo IV.
A Season of Divine Intervention é uma preparação para o que está por vir. A Blizzard não só está a moldar as mecânicas e sistemas do jogo, mas também está a criar uma narrativa que prepara os jogadores para a chegada de Lord of Hatred. Esta temporada não resolve tudo, mas estabelece o terreno para um futuro mais sombrio e complicado, onde a intervenção divina se torna uma força difícil de distinguir da manipulação infernal. Diria que esta temporada não é uma mera atualização de conteúdo, mas uma declaração de intenções. Acima de tudo, parece que a Blizzard mostrou que está pronta para levar Diablo IV a um novo patamar, explorando não apenas os limites do jogo, mas também os do próprio universo de Sanctuary.
