Developer: Codemasters
Plataforma: Xbox One, PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 3 de Novembro de 2020
A Codemasters é bem conhecida pelas fantásticas experiências que empresta do mundo racing e reproduz nos videojogos. Já com um vasto savoir-fare no género, regressa com aquela que é a sua principal franquia, e entrega um quinto título da série Dirt, com uma proposta muito diferente dos anteriores.
Dirt 5 é uma transição corajosamente assumida de uma abordagem de simulação, para um claro e mais descontraído estilo arcade.
É uma franquia que passou por várias mudanças desde que começou com Colin McRae em 2000 e, entretanto, se viu forçada a trocar de nome devido ao trágico falecimento do piloto de rally, em 2007. Com os primeiros Dirt vieram também os sinais iniciais de que pretendia tentar outros caminhos, sendo que Dirt 5 é o derivar completo dessa mesma herança, resultando, num excitante jogo de corridas.
A jogabilidade é mesmo das mais fáceis e divertidas para quem gosta de jogar casualmente jogos desta natureza, e similar ao que temos nas corridas offroad de Forza Horizon 4. A grande diferença é que Dirt 5 foca-se especialmente nesse particular, oferecendo o cenário ideal para quem não resiste rasgar a lama e a poeira sem tirar o pé do acelerador.
Todavia, continua a ser uma óptima opção para os mais veteranos, uma vez que a dificuldade é bastante flexível. Acaba por ser desafiante para qualquer tipo de jogador, e apesar de até um novato conseguir desfrutar da adrenalina que o jogo proporciona, será com a prática regular que vamos poder atingir o nível adequado para competirmos um pouco mais a sério.
A condução é absolutamente espantosa e recheada de pormenores deliciosos. É, provavelmente, onde vamos encontrar a melhor sensação de relação entre a vibração do comando e a estrada num jogo de corridas; como se sentíssemos as irregularidades do terreno nas mãos. A resposta aos controlos é tão precisa e suave, que apenas são necessários alguns minutos para ganharmos alguma memória muscular e começarmos a dominar a coordenação entre a velocidade e o tempo de entrada nas curvas. E melhor ainda: os drifts.
A oferta em termos de modos é razoável, mas a que mais se destaca é sem dúvida o modo carreira, que embora não seja inovador, funciona como uma forma de apresentar a dinâmica de progressão e os tipos de corridas existentes no jogo.
Aproveita o padrão de história partilhado pela grande maioria de títulos deste género, onde nos iniciamos como autênticos desconhecidos, e rapidamente nos tornamos os pilotos a seguir. O formato de festival é perfeito neste contexto, e quem trata da narrativa são dois locutores de um podcast que irão acompanhar-nos ao longo da nossa carreira, relatando todas as nossas vitórias e falhanços.
Tudo está feito de maneira a que possamos saltar de prova em prova sem grandes distracções. Aliás, seja durante uma corrida, ou na navegação pelos menus, Dirt 5 pretende que a rotação seja sempre alta e virada para o próximo objectivo. Dificilmente ficamos perdidos e órfãos de explicações, e no geral, as instruções são dadas de forma bastante intuitiva.
A campanha é longa e está dividida em cinco capítulos, e inclui vários tipos de competições que, ao serem completadas e conforme o lugar conquistado, vão desbloqueando outros eventos, para no final podermos chegar ao Main Event de cada capítulo. E talvez a melhor novidade da carreira é que toda ela pode ser jogada em local-op, através de um split-screen até quatro jogadores.
Adicionalmente, temos o Arcade Mode, com mais de 13 classes de carros, acima de 70 percursos, um Time Trial, e opções suficientes para criarmos os nossos próprios eventos; e sim, é igualmente possível jogar em multiplayer local até 4 jogadores. Quanto ao online multiplayer, temos o regresso dos divertidos Party Modes, mas também das corridas mais convencionais, e que leva grande parte do conteúdo single-player para um plano mais competitivo. Iremos poder rivalizar com jogadores espalhados pelo mundo, passando praticamente por todos os continentes.
O modo Playgrounds é outra das enormes surpresas desta edição, e irá permitir aos jogadores criar as próprias pistas, para depois poderem correr nelas, ou partilhá-las com a comunidade. É uma maneira inteligente de dar longevidade ao jogo e impedir que este se torne repetitivo, proporcionando ao mesmo tempo a liberdade de criar para os mais imaginativos.
Chegando ao aspecto gráfico, é notório que é um título desenhado essencialmente para tirar partido das consolas da nova geração. E ainda que se porte aceitavelmente nas consolas que temos actualmente, é notória a perda da qualidade visual se escolhermos o modo de performance. Por outro lado, é difícil querermos trocar quando optamos por dar prioridade às frame rates, tal é a vantagem que ganhamos nas corridas.
Mas se olharmos para as demonstrações que já vimos na Xbox Series X e na PlayStation 5, será um dos jogos que nos vai fazer crescer a água na boca após o lançamento das novas consolas. Dirt 5 está verdadeiramente espantoso graficamente, não só ao nível das texturas, mas principalmente nos diversos efeitos que enriquecem o mundo louco e dinâmico que vai acontecendo à nossa volta em tempo real.
Musicalmente temos as playlists habituais dos jogos racing. A cadência é alta e normalmente frenética, misturando-se no tom certo com o som dos motores e dos pneus que derrapam pela terra. A combinação entre as parcelas gráfica e sonora é um dos trunfos de Dirt 5 e eleva o prazer que obtemos da jogabilidade para um patamar que roça o extraordinário.
Quem gosta de títulos de corridas mais inclinados para o arcade, não vai querer deixar passar a oportunidade de colocar as mãos naquele que é, possivelmente, o melhor título da série. E se a isso juntarmos todos os modos disponíveis, um editor, e um multiplayer local para 4 jogadores, o que mais podíamos querer?
