Developer: Dlala Studios
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 28 de Julho de 2023
Foi com enorme surpresa que, na Nintendo Direct de 8 de fevereiro, foi anunciado o Disney Illusion Island, um exclusivo para a Nintendo Switch que rapidamente captou a atenção dos jogadores. Não só porque os protagonistas são quatro dos mais emblemáticos personagens da Disney — Mickey, Minnie, Donald e Pateta — mas também porque a jogabilidade e o grafismo apresentados foram notáveis.
Para quem pensava estar perante um jogo de plataformas, enganou-se redondamente. Este é, na verdade, um Metroidvania, com a diferença de que aqui não conseguimos eliminar inimigos. Continuamos a ter um jogo em 2D, em sidescrolling, com muita ação, plataformas e um mundo conectado e labiríntico. Além disso, os personagens adquirem diversas habilidades à medida que o jogo progride, como é habitual neste estilo.
Para melhorar ainda mais a experiência, o jogo oferece um modo cooperativo local para até 4 jogadores, o que torna tudo ainda mais divertido. Contudo, em alguns momentos, pode tornar-se frustrante para alguns jogadores, mas abordaremos esse ponto mais adiante.
A história do jogo é bastante simples, servindo como ponto de partida para esta aventura. Mickey, Minnie, Donald e Pateta receberam um mapa cada um, convidando-os para um piquenique num local específico. Porém, ao chegarem lá, percebem que nenhum deles enviou o convite, tornando a situação bastante estranha. Logo descobrem que os Hokuns, pequenos seres peludos que habitam na ilha de Monoth, foram os responsáveis por enviar os mapas aos quatro amigos, procurando a ajuda de Mickey e dos seus companheiros.
De acordo com os Hokuns, o mundo enfrenta um enorme perigo, e será necessário encontrar três livros mágicos para salvá-lo. Assim, Mickey e os seus companheiros embarcam numa grande aventura, percorrendo diversos locais em três biomas totalmente distintos, onde a agilidade e as habilidades serão essenciais para o sucesso.
Apesar da simplicidade da história, o ponto forte do jogo é a sua jogabilidade, que está extremamente bem desenvolvida. Ela é rápida, fluída e proporciona uma movimentação que é um prazer de controlar. Acima de tudo, a jogabilidade oferece ao jogador uma sensação de controle total sobre o personagem o tempo todo, especialmente durante o uso das várias habilidades que vão sendo aprendidas ao longo do jogo.
As habilidades são um elemento essencial no jogo, pois muitos locais são completamente inacessíveis sem que as tenhamos adquirido. É assim que a Dlala Studios incentiva os jogadores a explorar grande parte do mapa, pois, muitas vezes, para chegar a certos locais, é necessário fazer um longo trajeto, pois não temos como alcançá-los, mesmo que estejam bem próximos. Disney Illusion Island possui esse elemento interessante, pois mesmo após adquirir muitas habilidades, desperta o desejo de explorar cada canto do mapa.
Ao todo, existem 7 habilidades que vamos adquirir gradualmente – sem revelar todas para não estragar as surpresas. Temos, por exemplo, uma habilidade que nos permite nadar debaixo de água, outra que nos permite pendurar em algumas estruturas; o clássico salto duplo e até a capacidade de partir certos locais do chão. Estes são apenas alguns exemplos, mas fazem uma grande diferença na exploração dos diversos locais.
Falando em exploração, não é apenas pela história que vamos percorrer os diferentes biomas do jogo, mas também para encontrar outros itens relevantes, como colecionáveis. Além disso, existem objetos chamados Glimts espalhados por todo o mapa, que permitem ao jogador, à medida que avança no jogo, conseguir corações extras para as personagens. Esses pequenos detalhes levam o jogador a querer explorar tudo e não deixar nada para trás, embora muitas vezes seja inevitável isso acontecer. Desde o início do jogo, é possível passar por locais que não podem ser acedidos imediatamente devido à falta de algumas habilidades, o que levará o jogador a regressar a esses locais mais tarde, apenas para explorar e apanhar os colecionáveis que faltavam.
É importante que os jogadores tenham em mente que, apesar das personagens familiares do universo infantil, este jogo não é direcionado apenas para crianças; pelo contrário, ele é desafiante e oferece cada vez mais dificuldade à medida que avançamos. Primeiramente, porque não podemos eliminar os inimigos, sendo necessário saltar sobre eles, esperar o momento certo para avançar ou desviar de projéteis. Além disso, os bosses também apresentam desafios, envolvendo resolver quebra-cabeças simples, desviar de objetos e encontrar pontos-chave no cenário.
Um detalhe extremamente importante para a exploração do jogo é o seu mapa, que é criado à medida que vamos explorando. Felizmente, existe uma forma de descobrir várias zonas do mapa sem explorá-las completamente, encontrando determinados personagens escondidos nessas áreas, que nos oferecem o mapa daquela zona. Isso não apenas ajuda os jogadores a perceberem o que ainda falta explorar, mas também a perceber o caminho correto para o objetivo.
Falando em caminho correto, o jogo foi bem planeado nesse aspeto. Embora o mapa seja labiríntico, com caminhos entrelaçados, o estúdio de desenvolvimento optou por criar objetivos claros para o jogador, indicando sempre para onde devem ir. Sempre que chegamos a um local, o objetivo é marcado como alcançado e outro objetivo é apresentado e destacado no mapa. Caso a zona ainda não tenha sido explorada, o objetivo aparece com uma bandeira numa área escura do mapa, auxiliando o jogador a saber em que direção deve prosseguir.
É importante saber que o mapa é bastante extenso e pode ser difícil adquirir todos os colecionáveis. Por esse motivo, a certo ponto do jogo, mais na parte final, terão acesso a viagens rápidas, o que facilitará a exploração de locais ainda não visitados, assim como a apanharem os restantes colecionáveis.
Outro ponto relevante é a opção de jogar em co-op local com até 4 jogadores, o que proporciona uma excelente forma de diversão. No entanto, existe um pequeno problema relacionado com a câmera. Quando se joga com apenas 1 jogador ou com 4 jogadores, a câmera permanecerá sempre fixada no primeiro jogador, o que pode afetar negativamente os outros jogadores. Se o primeiro jogador avançar, os outros podem ficar para trás, e se os outros jogadores avançarem e o primeiro não, a câmera não os acompanhará, fazendo com que os outros jogadores fiquem fora do ecrã. Isso pode ser frustrante, pois o progresso dos outros jogadores parece ter pouca importância, uma vez que o primeiro jogador é sempre o foco principal.
Apesar desse problema com a câmera, existem também aspetos bastante interessantes no modo co-op. Jogar em conjunto torna a experiência muito mais divertida, e ainda há quatro habilidades adicionais que podem ser usadas entre os personagens: o hug, que oferece um coração extra; o leapfrog, que aumenta a distância do salto dos personagens; o rope drop, que cria uma corda para auxiliar os outros personagens a alcançarem certas alturas; e, por fim, o water teleport, que possibilita teleportar os companheiros quando estão debaixo de água. Essas habilidades adicionam uma dimensão extra de cooperação e diversão ao jogo.
Graficamente, o jogo é muito bonito, e tanto as personagens como os diversos biomas apresentam um estilo clássico. Mickey e os companheiros foram inspirados nas suas versões mais antigas, com pernas e braços representados apenas por traços simples. Essa escolha remete-nos à versão original de Mickey, a dos anos 20 e 30. Todo o grafismo do jogo, assim como as animações foram criados à mão, o que se reflete no brilhantismo apresentado. Tanto na parte de gameplay, como nas diversas animações, o jogo nunca dececiona, e é evidente o toque distinto da Disney.
No que diz respeito ao aspeto sonoro, o jogo também se destaca. A banda sonora é totalmente original e orquestral – tal como estamos habituados nas produções da Disney. Além disso, todas as animações têm as vozes originais dos personagens, como Mickey, Minnie, Donald e Pateta, assim como outras personagens que participam. É uma pena que as vozes só estejam presentes nas animações, pois durante o jogo os diálogos são apresentados apenas em texto, embora o jogo não tenha muitos diálogos, ter todas as falas com voz seria uma adição interessante.
Um ponto que não posso deixar de mencionar é a falta da língua portuguesa no jogo. Sendo um jogo da Disney com estas personagens emblemáticas, é lamentável que não ofereça o idioma nativo do público-alvo, e nem falo da voz, falo apenas do texto, é certamente uma deceção para as crianças.
Disney Illusion Island é, sem dúvida, uma enorme surpresa e um jogo bastante divertido e desafiante. Para os fãs desse estilo de jogo, é definitivamente uma experiência a não perder. Não é um jogo excessivamente longo, mas possui um tempo de duração considerado ideal para esse tipo de jogo. Completei-o em cerca de 8 horas, e apanhando a maioria dos colecionáveis. Se quiserem completá-lo a 100%, com a aquisição de todos os colecionáveis, provavelmente levará cerca de 10 horas de jogo.