Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 16 de janeiro de 2025

A franquia Donkey Kong Country foi uma das mais marcantes nos anos 90, com os seus jogos lançados para a Super Nintendo (SNES), cuja popularidade foi tal, que chegou a ter uma série animada de televisão. O jogo oferecia uma jogabilidade diferente do habitual, gráficos bonitos e modernos para a época e uma banda sonora marcante. No entanto, a franquia ficou um pouco esquecida durante alguns anos, embora a personagem Donkey Kong estivesse presente noutros jogos. Em 2010, com a chegada de Donkey Kong Country Returns para a Nintendo Wii a franquia voltou a ganhar nova vida.

Seguindo a estratégia habitual da Nintendo de trazer os grandes sucessos da Wii e Wii U para a Nintendo Switch, mais uma vez a companhia japonesa lançou uma versão remasterizada deste título: Donkey Kong Country Returns HD. Podemos dizer que é essencialmente o jogo da Wii com alguns elementos do jogo para a Nintendo 3DS, mas agora com um grafismo melhorado, algumas novidades, mas com a mesma diversão que o gorila mais conhecido dos jogos costuma proporcionar.

Escusado será dizer que a história não mudou e continua extremamente simples, mas funcional. O jogo inicia-se com os Tikis a hipnotizarem os animais da ilha de Donkey Kong, e, para piorar a situação, a roubarem a sua preciosa reserva de bananas. É a partir daqui que se inicia o jogo, com Donkey Kong determinado a recuperar o seu alimento preferido, mas também a decidir dar uma lição nos Tikis.

Como é fácil perceber pela abertura, o foco do jogo é a jogabilidade, com a história simples que nos leva rapidamente para a ação. Tal como os fãs da franquia estão habituados, teremos mais uma vez um jogo que nos obriga a superarmo-nos, já que os níveis têm diversos desafios, e resolução de quebra-cabeças – quer para avançar, como para encontrar todos os colecionáveis –, e com isso uma enorme quantidade de diversão. Esta remasterização tem como foco preservar as mecânicas do original, que fizeram dele um sucesso, desde os saltos precisos, as corridas a rebolar bastante frenéticas do gorila, os socos no chão, os famosos carrinhos nos carris e muita interação com o cenário.

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Uma das características mais emblemáticas é a habitual presença dos caminhos escondidos e das zonas de bónus, que apenas encontramos quer a bater em certas zonas do chão, como em locais bem escondidos no cenário. Além disso, o bater no chão também permite atordoar os inimigos que se aproximam de nós, existindo também a possibilidade de soprar quando Donkey Kong está abaixado. Essa mecânica serve para revelar itens escondidos, apagar fogo, e até ajudar a resolver quebra-cabeças, onde cada nível oferece imensos segredos escondidos, e quem gosta mesmo de desfrutar dos jogos a 100%, têm aqui muito para desvendar.

Ainda assim, tenho de confessar que é um daqueles jogos que me oferece sentimentos mistos. Se por um lado me divirto bastante a jogá-lo, por vezes também me cria alguma frustração em algumas zonas, já que apresenta uma dificuldade acima do que é normal, ou se preferirem, um desafio maior quando comparado por exemplo com outros jogos de plataformas. Os primeiros níveis até podem não revelar isso, já que são bastante acessíveis, mas depois é fácil perceber como a dificuldade se vai acentuando, de maneira a que apenas os mais habilidosos consigam completar os níveis na sua totalidade.

Durante a aventura controlamos Donkey Kong, mas na maioria dos níveis temos a companhia de Diddy Kong, passando este a ir nas nossas costas, mas sempre equipado do seu jetpack. É nestes momentos que ganhamos uma nova mecânica, a de planar durante um curto período de tempo, mas suficiente para conseguir superar alguns desafios e apanhar determinados colecionáveis que seriam impossíveis sem a sua ajuda.

O jogo apresenta ainda a possibilidade de ser jogado cooperativamente a 2 jogadores, onde o primeiro jogador controla Donkey Kong e o segundo Diddy Kong. Neste caso as personagens passam a andar separadas, embora seja possível Diddy Kong ir ainda para cima de Donkey Kong, já que existem momentos que esta é a melhor possibilidade para superar alguns desafios. Infelizmente, embora esta possibilidade seja sempre bem-vinda, neste jogo é claramente mais fácil jogá-lo em single player, já que a dois jogadores tudo fica demasiado caótico. A velocidade frenética e a precisão exigida pelo jogo dificultam a coordenação entre os dois jogadores, tornando o single-player a melhor opção para jogar.

Uma das boas novidades que Donkey Kong Country Returns HD trouxe foi o modo Modern, que traz algumas adições de maneira a tornar o jogo um pouco mais acessível. Neste modo começamos com três corações em vez de dois – como na versão original – e a loja oferece um maior número de itens para adquirir. Dentro das novas opções temos por exemplo a possibilidade de comprar um barril do Diddy Kong, uma poção para colocar os carrinhos e os barris-rocket temporariamente invencíveis, e até um balão verde que nos salva quando caímos do cenário (é importante ressalvar que existem níveis que este item não pode ser usado). Mas os fãs mais aguerridos podem estar descansados, já que também o podem jogar no modo Original, e nesse caso, tudo o que são itens e corações permanecem como na versão lançada para a Nintendo Wii.

O mapa do jogo é construído a partir da ilha onde Donkey Kong vive, mas dividida em várias áreas (que são designadas por mundos no jogo), cada uma apresentando um cenário totalmente diferente. Ao todo teremos nove áreas – Selva, Praia, Ruínas, Gruta, Floresta, Falésia, Fábrica, Vulcão e Nuvem. Cada área apresenta um boss no final, assim como um determinado número de níveis que variam consoante o local. Além disso, existem também os níveis secretos, sendo que ao todo são 80 níveis, cheios de colecionáveis para adquirir, mecânicas variadas e muitos desafios.

Algo que agradará certamente a quem nunca teve oportunidade de jogar este jogo é a diversidade de cenários. Conforme progredimos e mudamos de áreas sentimos a diferença, quer nos cenários como nos ambientes. Tudo o que envolve cada nível está ligado à área que estamos. E para terem uma ideia, na Praia, por exemplo, temos como desafio superar enormes ondas ou obstáculos aquáticos. Já nas minas sentimos em certos momentos cenários bem mais pequenos em que muitas vezes temos de nos baixar para conseguir passar. Na área do Vulcão é possível sentir o perigo eminente devido á lava.

Falar ainda de alguns níveis onde o estilo gráfico muda, onde todos os elementos – personagens, itens, obstáculos e inimigos – aparecem como silhuetas negras, e o cenário brilha verdadeiramente com fundos coloridos e iluminados. Estes níveis, além de diferenciados, criam uma sensação de variedade, já que o contraste entre a luz e a sombra é visualmente diferenciador. É verdade que pode não agradar a todos os jogadores, mas é impossível não ficarmos agradados visualmente com a experiencia que nos oferecem.

Como é habitual neste tipo de jogos, em que os níveis são mostrado num mapa, aqui a progressão é linear, isto é, superamos um nível, e isso faz com que o nível seguinte seja desbloqueado. Embora seja sempre possível revisitar níveis anteriores, seja para conseguir todos os colecionáveis, ou, por vezes, até apenas para usar aquele truque dos níveis mais fáceis que nos permitem ir buscar balões e muitas bananas, e ganhar assim mais umas tentativas para os níveis seguintes, guardando desse modo as moedas para outros itens úteis da loja.

https://youtu.be/y3zspSt1Lyk

Algo que também merece destaque é a qualidade gráfica. O jogo levou uma excelente remodelação, tornando-se mais moderno e bonito do que o original, mas não tendo perdido a sensação nostálgica de quem já o jogou anteriormente. Os cenários estão detalhados em todas as áreas, com vários elementos únicos que se distinguem de área para área. Como é habitual, a paleta de cores é bastante variada, mas mantendo o habitual traço dos jogos da Nintendo com tons vivos e atraentes para os nossos olhos.

As animações, embora sejam as originais, com os novos retoques gráficos continuam bastante atuais, com Donkey Kong e Diddy Kong a mostrarem movimentos fluidos e únicos destas duas icónicas personagens. Os inimigos e os bosses também têm animações diversificadas, cada um com os seus gestos e movimentos, mas que ainda hoje são perfeitos para os jogos de plataformas.

No que toca à parte sonora, esta também é muito competente, quer na parte musical, com uma banda sonora que facilmente reconhecemos como fazendo parte de um jogo de Donkey Kong. Assim como os efeitos sonoros, que estão muito bem criados, desde o som de Donkey Kong a bater no chão, ao som do carrinho a andar nos carris, e todos os sons ligados aos inimigos e cenários onde estamos. Tudo isso desempenha um papel importantíssimo no jogo.

No aspecto dos controlos, o jogo oferece a possibilidade de jogar com os controlos de movimento para Donkey Kong bater no chão, rebolar ou soprar. Mas para quem prefere jogar apenas com os botões, isso também é possível, bastando desligar esta opção. Pessoalmente, acho bastante mais cómodo ter esta opção desligada em grande parte dos níveis.

Donkey Kong Country Returns HD é mais uma excelente adição ao já enorme catálogo da Nintendo Switch. Aos poucos, os jogadores vão vendo todos os grandes títulos da companhia a chegar à Nintendo Switch, sabendo que estes continuarão a funcionar na nova consola da Nintendo (ainda sem data anunciada), mas que será retrocompatível com os jogos da Nintendo Switch. É um jogo que agrada facilmente a qualquer fã de jogos de plataformas, embora seja mais desafiante que a maioria dos jogos de plataformas

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-donkey-kong-country-returns-hd<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Gráficos remasterizados</li> <li style="text-align: justify;">Adição do Modo Modern</li> <li style="text-align: justify;">Boa quantidade de mecânicas</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Dificuldade acima da média pode frustrar alguns jogadores</li> </ul>