Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch 2
Data de Lançamento: 14 de agosto de 2025
Um dos títulos que a Nintendo apresentou para mostrar as novas capacidades da Nintendo Switch 2, em conjunto com os novos Joy-Con 2, foi Drag X Drive, um jogo de basquetebol em cadeiras de rodas cheio de truques e acrobacias, em que tudo é feito tanto a partir do modo mouse dos novos comandos, como dos sensores de movimento.
Confesso que achei a ideia muito interessante mal vi a apresentação do jogo. Aquela sensação de querer experimentar e perceber como tudo funcionava surgiu imediatamente por tudo o que o jogo prometia: desde a cadeira a mexer-se conforme movimentamos os Joy-Con, o ganho de velocidade, a precisão necessária para lançar a bola, e as várias acrobacias. Tudo isso com aquela sensação de um jogo que é verdadeiramente arcade!
Foi com esse entusiasmo que comecei o jogo, que inicia com um tutorial onde somos obrigados a executar todas as funções básicas: movimentar e acelerar, mexendo os Joy-Con sobre uma superfície; virar, onde temos de mexer apenas o Joy-Con contrário ao lado para onde queremos virar — ou seja, para virar para a direita, mexemos o Joy-Con da esquerda, e vice-versa. Aprendemos ainda a travar, usando os gatilhos esquerdo e direito (ZR e ZL), cada um para uma roda, a passar a bola para um companheiro, com os botões L + R em conjunto, e, por fim, lançar ao cesto, levantando o Joy-Con e fazendo um movimento para a frente com o pulso, como se estivéssemos a lançar a bola.
Tudo isto funciona de forma exemplar. É incrível a sensação de movimentar a cadeira de rodas e sentir as rodas nos Joy-Con, graças ao HD Rumble, assim como a liberdade que temos para realizar várias ações. Algo que só percebi ao testar o jogo é que cada Joy-Con não está ligado diretamente às rodas da cadeira, mas sim aos braços da personagem. Ou seja, ao levantarmos os Joy-Con, deixando de estar em modo mouse, podemos movimentar os braços da personagem: bater palmas, fazer a bola girar numa mão enquanto damos balanço com a outra para aumentar a força da rotação, fazer gestos para dizer olá ou adeus. Chega ao ponto de ser mesmo possível ao rodar o Joy-Con, mostrar tanto a parte interior como a parte exterior da mão, permitindo movimentos muito engraçados.
Como devem perceber, é aqui que entra a parte defensiva: podemos levantar os braços para tentar interceptar um passe, bloquear ou mesmo colidir de frente com a cadeira de rodas dos adversários para que estes larguem a bola. Muitas vezes não é fácil enfrentar adversários que se movimentam bem, e é nessas alturas que podemos dar um toque ligeiro nas suas cadeiras, dificultando-lhes o lançamento ou o controlo da cadeira.
Por conseguirmos movimentar os braços, é fácil entender como levantar a cadeira, fazendo o movimento de travar e depois levantar uma das mãos, ficando apenas com uma roda no chão. Podemos até andar apenas com uma roda no chão, mas aí a cadeira fará círculos. Existem várias manobras que nos ajudam, como travar só uma roda para virar mais depressa, ou acrobacias como o Bunny Hop, em que saltamos com a cadeira e fazemos um 360 no ar, movendo os Joy-Con em direções opostas, ou até usar o Half-pipe nas rampas no final do campo, permitindo afundanços (dunks) e até um backflip a partir das rampas.
Qualquer uma destas manobras, se feita ao mesmo tempo que lançamos a bola e acertamos no cesto, dá pontos extra, o que por vezes faz a diferença entre ganhar ou perder um jogo. Os pontos funcionam tal como no basquetebol: dentro do garrafão valem 2 pontos, fora valem 3. Como referi, as acrobacias aumentam os pontos, mas apenas em décimas (0.1, 0.2, 0.3, por aí). Além disso, o jogo tem uma regra interessante: uma equipa só pode manter a posse da bola durante 14 segundos, tempo limite para tentar marcar pontos antes de a bola ser automaticamente perdida.
Embora tudo seja fácil de perceber, a verdade é que não se domina o jogo rapidamente. Os comandos básicos são simples, mas fazer certas acrobacias, acertar sempre no cesto ou bloquear e roubar a bola aos adversários exige prática. Além disso, por muito que pareça estranho, o jogo requer algum esforço físico, especialmente nos braços. Mesmo que inicialmente não se note, em sessões mais longas sente-se o cansaço muscular, pois os movimentos rápidos para virar, defender, atacar, fazer sprints e lançar são constantes. Exceto travar, que se faz carregando em botões, tudo o resto exige movimentar mãos e braços. E como os jogos são curtos, o ritmo é sempre rápido, com os jogadores a deslocarem-se rapidamente tanto a atacar como a defender.
Quanto aos modos de jogo, Drag X Drive funciona a partir de Parques, que se dividem em três tipos: offline, online e privado. No modo offline, podemos treinar sozinhos todos os movimentos, praticar lançamentos, completar desafios ou minijogos, e jogar partidas 3 vs 3 contra bots. Os bots têm vários níveis de dificuldade para ajustar à nossa evolução e domínio do jogo.
Nos parques online, podemos juntar-nos a jogadores aleatórios, sendo que cada parque suporta até 12 jogadores em simultâneo, para partidas 3 vs 3 ou 2 vs 2. Alguns minijogos permitem jogar com outros jogadores em tempo real, enquanto outros servem para tentarmos bater recordes dos outros jogadores no parque.
No modo privado, podemos criar ou entrar num parque de amigos. Cada parque tem sempre dois campos, permitindo dois jogos 3 vs 3 simultaneamente, trocar jogadores entre equipas para equilibrar o nível e garantir partidas mais divertidas. Cada jogo dura três minutos, por isso não esperem resultados muito elevados.
Falando dos desafios ou minijogos, há variedade para todos os gostos: desde o “Arranque”, uma corrida de velocidade até à meta, à “Disputa de Cestas”, onde temos várias bolas espalhadas e devemos encestar o máximo possível num tempo limitado; “Vira e Mexe”, onde temos o chão com superfícies que nos fazem andar de maneira bastante mais lenta, e temos de tentar andar apenas numa roda para avançar mais depressa; o “Slalom” com vários checkpoints e obstáculos para completar no menor tempo; e o “Busca a Bola”, onde temos de apanhar uma bola saltitona antes que o tempo acabe. Entre muitos outros jogos,
Em relação ao perfil dos jogadores das cadeiras de rodas, existem três tipos, cada um com especificações diferentes: Armador, Ala e Pivô. Cada um tem três atributos — Ressalto, Força e Rapidez — que variam entre 1 e 5. O Armador é um velocista, com Ressalto e Força no mínimo, mas Rapidez máxima. O Ala é equilibrado, com médias de 3 em todos os atributos. O Pivô é o oposto do Armador: Ressalto e Força no máximo, e Rapidez no mínimo.
Na personalização, podemos alterar a cor do equipamento e da cadeira de rodas, dividida em capacete, traje, chassis e pneus. No capacete, além da cor e textura (mais brilhante ou mate), podemos escolher diferentes modelos e desbloquear novos nos minijogos. O traje permite mudar cor, textura e escolher o número nas costas. No chassis, mudamos cor e textura, e nos pneus apenas a cor.
Embora Drag X Drive seja divertido e mostre bem as funcionalidades dos Joy-Con 2, é impossível não notar que, ao jogar com jogadores aleatórios, é preciso sorte na equipa que nos calha: desde jogadores demasiado individualistas, a outros que largam o jogo a meio, ou simplesmente não defendem — apanha-se de tudo, e isso pode ser frustrante. Jogar com amigos ou com jogadores comprometidos para competir e divertir dá outra vida ao jogo.
Ainda assim, é importante ter em conta que este é um jogo mais casual, não daqueles para ficar horas agarrado. Primeiro porque o conteúdo não é extenso ao ponto de prender o jogador por longos períodos, e depois porque tudo é feito com movimentos dos braços. Embora seja possível jogar com os joy-com nas pernas, é mais fiável numa superfície lisa e com espaço, pois mesmo que não seja preciso girar os Joy-Con, é inevitável fazer esse movimento ao tentar virar a cadeira; é um gesto involuntário que não afecta o jogo, mas que acontece com facilidade.
Graficamente, o jogo tira partido do hardware da Nintendo Switch 2, não apresentado qualquer quebra ou falha durante o jogo, as ligações online foram sempre bastante estáveis e a qualidade dos efeitos dão um toque bem moderno ao jogo. Apesar de não ser tão colorido como outros jogos da Nintendo – já que tem um visual mais escuro – a personalização das personagens ajuda a dar um toque diferente aos jogadores e alguma cor. O parque está muito bem desenhado, com bastante espaço para acrobacias, minijogos e partidas online.
Os efeitos sonoros estão muito bem conseguidos: o som das rodas a travar, da bola a bater, os saltos e impactos dão um ambiente único e envolvente a cada jogada.
Drag X Drive mostra acima de tudo o potencial dos Joy-Con 2 e oferece diversão quase instantânea. Por ser um jogo essencialmente online, é sempre mais divertido com amigos do que com jogadores aleatórios, que muitas vezes não sabem jogar em equipa e podem estragar a experiência por falta de compromisso ou egoísmo. O jogo ainda tem potencial para crescer, caso a Nintendo queira investir, com partidas ranqueadas, níveis dos jogadores para equilibrar os jogos ou mesmo a possibilidade de criar equipas. Ainda assim, pelo preço acessível que apresenta, é um jogo que vale a pena investir.