Developer: ECC Games 
Plataforma: Xbox Series X|S, Xbox One, PS4 e PS5
Data de Lançamento: 11 de Maio de 2023

Para os mais distraídos, DriftCE é basicamente o Drift21 que sai para o PC há uns tempos, em Junho de 2021, para ser mais exacto, mas que a equipa da ECC Games queria trazer para as consolas da nova geração e da anterior. E isso, nota-se, especialmente na componente gráfica pouco polida, com a equipa polaca a não fazer um upgrade daquilo que apresentaram há dois anos.

Como já perceberam e como o próprio nome indica, vamos passar a vida a cortar curvas a patinar e a queimar borracha, com o conta rotações sempre no red line e com o travão de mão quase que como uma extensão do nosso braço. E a cultura drift tem aumentado exponencialmente ao longo dos últimos, já não é algo exclusivo da cultura nipónica, das corridas vertiginosas de subir e descer a montanha a alta velocidade, mas tornou-se mundial, desde as chamadas gincanas, passando por outras corridas de obstáculos. É claro que filmes como a Velocidade Furiosa, especialmente o Tokyo Drift, mas também o Baby Driver ou os vídeos alucinantes dos maiores peritos do volante em Forza Horizon, tem ajudado a cimentar este fenómeno cultural. Por isso, DriftCE tentou tomar para si um nicho de mercado com bastante potencial e que só o Initial D tinha conseguido ter sucesso.

Curiosamente DriftCE não tenta seguir essa componente mais arcade e directa de um Initial D, mas muito mais a componente técnica de costumização e construção do bólide perfeito para os desafios de drift. É um pau de dois bicos, pois se para uns é a junção de Car Mechanic Simulator com um jogo de corridas de drift, para outros é só uma tentativa frustrante de fazer um curso intensivo de mecânico online e cujo divertimento será muito escasso.

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O jogo tem um modo de carreira, onde não somos apenas o piloto de um carro a entrar nas competições e desafios de drift, mas também um mecânico que cuida do seu espólio de carros e que o “tunna” ao milímetro para dominar as pistas. Começamos com o um modesto Mazda MX5, já clássico carro inicial de outros jogos de corrida como o Gran Turismo, e vamos expandindo a nossa garagem conforme os créditos que vamos ganhando, quer pela concretização de desafios de montagem, como das pistas em si.

Devo dizer que a parte mecânica do jogo está super pormenorizada, e bastante acessível, mesmo a jogar com um comando. É fácil levar horas a montar um motor com as melhores partes possíveis, verificando pormenor e, ao mesmo tempo, dar um estilo próprio. E estilo é algo que nunca faltará, tamanho é o leque de opções de costumização. Desde os tubos de escape e a sua ligação ao motor, passando pelos ailerons, saias, pára-choques, luzes, acabamentos do interior, a manter das mudanças, a manete do travão de mão, os assentos, a Roll Cage, bem, é de perder de vista. E para mim, que sou menos exigente e menos conhecedor da parte técnica, foi fácil perder-me com a quantidade de opções e o que cada uma fazia. Cheguei a um ponto em que parecia que estava a ler um manual e percebi que já estava a ficar um pouco entediado. O que vale é que existe sempre um auxiliar que nos vai indicando as peças que faltam, assim como um menu que nos obriga a comprar peças e as colocar no nosso bólide para entrar em prova.

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Se o jogo já era para um nicho de mercado, com este tipo de jogabilidade e mecânicas, tornou-se ainda mais específico e, por isso, não haverá um meio-termo, ou vão adorar, ou vão achar uma seca.

Depois de construir um carro com créditos que obtemos ao completar desafios na pista ou na garagem, passamos aos objectivos em pista. Pistas essas em localizações polacas, a ECC Games é um estúdio polaco, deve ser essa a ligação, e outras tantas japonesas, a terra onde nasceu o drift.

Os desafios nas pistas resumem-se principalmente a ficar dentro das linhas e “conduzir de lado”. Parece simples, mas o DriftCE tem um nível de dificuldade bastante alto na entrada, e mesmo o Mazda mencionado acima, ao adicionar aceleração total, perde imediatamente a tração. Assim, perdemos o controlo do veículo com muita facilidade, mas depois tentamos contra-atacar, brincando com o acelerador e o travão de mão até o dominarmos, mas até lá chegar ainda vão suar bastante. Quando conseguimos, aí sim vamos começar a ganhar troféus e desbloquear novos equipamentos e os tais créditos para comprar uns carritos novos, não que hajam muitos, mas os mais icónicos andam por lá.

Os carros, embora sejam relativamente poucos, soam bem ao ouvido – o som reflete bem o trabalho da turbina, que é utilizada ao máximo em carros de drift. No entanto, a questão gráfica e a sua configuração fez-me alguma espécie. Em pistas que não têm público ou detalhes exigentes, asfalto, vegetação e até mesmo elementos em forma de cones ou zonas de drift estão bastante fraquinhas. Os gráficos, além do design dos carros e das suas peças disponíveis na garagem, estão num nível muito baixo nesta produção.

O que gostei mais acabou por ser a opção de Time Attack, onde tentamos, naquelas descidas vertiginosas cheias de curvas, fazer o melhor tempo, sempre com o carro em drift o caminho todo. Era algo que gostaria de ter visto mais bem aproveitado no jogo, especialmente numa componente multiplayer online, ficando-se o jogo pelos tradicionais leaderboards pouco apelativos.

DriftCE é feito para os fãs de costumização de veículos, de mecânica e de alguma aventura. Não é coincidência que o mesmo estúdio de Car Mechanic Simulator tenha trazido essa componente para o jogo. Existe um prazer inerente ao ver o nosso carro responder às alterações mecânicas que fazermos no jogo, mas por vezes é demasiado complicado para tirar proveito disso mesmo. Quando chegamos à pista o divertimento também vai ser variável. Se no Modo Carreira poderão ter uma maior dificuldade em construir o carro à medida do desafio, no Modo Single Player, vão poder levar um dos 12 carros disponíveis, já totalmente costumizado para o drift e, assim, divertirem-se muito mais na pista. Havia mais potencial aqui para ser explorado, é essa a sensação com que fiquei.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-driftce<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A componente mecânica de construção do nosso bólide</li> <li style="text-align: justify;">O grau de pormenor da componente mecânica</li> <li style="text-align: justify;">Uma proposta diferente do habitual</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">O Modo Carreira pode ser demasiado exigente</li> <li style="text-align: justify;">A componente de mecânica pode ser demasiado complexa</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente está pouco produzido</li> <li style="text-align: justify;">A componente online é muito escassa de propostas</li> </ul>